Com seu recém-lançado EP “Parte I”, os paulistas do Ultimato deram início ao seu projeto que será dividido entre três EPs, que devem ser lançados até o primeiro semestre de 2026. Neste novo trabalho, a banda aposta em sonoridades mais modernas, mas sem descaracterizar o seu hardcore/trash old school já apresentado em seus lançamentos anteriores.
O vocalista Kaique Brasil conversou com o Headbangers News e contou com detalhes sobre o novo EP, a evolução na sonoridade da banda e seus próximos lançamentos. Confiram abaixo:
-Vocês acabaram de lançar o EP “Parte 1”, que é, obviamente, a primeira parte de um projeto de 12 músicas no total. Como surgiu a ideia de dividir essas músicas em 3 EPs?
Mari, você está correta, nós temos 12 músicas inéditas em produção. Quando finalizamos o processo de composição nós decidimos dividir essas músicas em etapas por 2 motivos principais. Primeiro para ter uma dinâmica de lançamento. Enxergamos que a demanda atual das plataformas de distribuição das músicas, os streams e redes sociais, funcionam melhor com uma dinâmica de novidades, onde distribuir os lançamentos em tempos estratégicos movimenta melhor a distribuição e o alcance ao público. Em segundo ponto, conseguimos nos administrar melhor conseguindo trabalhar ao mesmo tempo em estúdio, fazendo shows e produzindo materiais novos, como clipes e gravações ao vivo.
-Vocês também lançaram o clipe para “Lei Não Existe” e eu imagino que o making off das gravações devem ter sido tão divertidas quanto o que vemos no clipe. Como surgiu a ideia pro clipe e como foi a experiência pra vocês?
Lei Não Existe foi um trabalho magnífico. Na verdade quando pensamos em produzir um clipe para o Parte 1 a ideia era utilizar a música de abertura Vontade de Vencer, e tivemos diversas ideias de clipe. Nosso principal objetivo sempre foi produzir algo diferente, que chame a atenção e fuja do que todos estão fazendo. A ideia final surgiu em conversas entre nós, ideias de como produzir algo dentro dos parâmetros que buscamos, e aí começamos a escrever alguns esboços. Foi então que definimos a Lei Não Existe como música ideal. E esse foi um dia extremamente divertido, tudo graças ao grande Mazzei, que fez mágica no dia pra transformar nossas ideias em realidade.
-As letras da banda sempre foram muito claras quando se trata de posicionamento político. Em algum momento, vocês sofreram algum tipo de enfrentamento da oposição?
Mari, nós somos todos grandes amigos, tanto nós quatro atuais quanto o ex-baixista Rone Bento, e nosso posicionamento político é o que somos. Todas as escolhas que fazemos na vida refletem politicamente na sociedade em que estamos inseridos, e isso fica ainda mais nítido quando se produz arte. Através de nossa arte temos a oportunidade de transmitir nossos sentimentos, e as letras relatam exatamente como nos sentimos dentro da sociedade. Felizmente nós nos rodiamos de pessoas boas e nunca sofremos represálias dignas de serem mencionadas, no máximo aparece uns dodóis da internet, mas aí simplesmente ignoramos.
-E de onde vem as inspirações para as letras, tipo…como funciona o processo criativo da banda?
Nós temos a sorte de ter um maluco que não para de compor nunca. O Tchel tem sempre um monte de novos riffs e ideias geniais para novos sons. Durante os ensaios vamos montando o esqueleto das músicas, juntando os riffs, adicionando o ritmo com a bateria e o baixo. Todos têm uma participação muito importante. Sobre a letra, o Tchel, ao compor os riffs, já tem uma ideia clara de melodia. Tudo começa com cantarolar de palavras que nem existem. Então definimos os temas das letras, em geral isso vêm de sentimentos e inspirações tirados de notícias, problemas que enxergamos ou vivemos na sociedade. Buscamos sempre fazer letras que possam ter alguma forma de identificação com o público e o meio políticosocial que vivemos. O Kaique e o Tchel são responsáveis pela maioria das bases dessas letras e voltamos mais uma vez ao ensaio, onde juntos batemos o martelo. Mas a letra são sempre a última coisa. Muitas vezes durante o processo de gravação do vocal nós alteramos a ideia original, as vezes graças ao nosso amigo e produtor, Diego Rocha, do Bay Area Estúdios.
-Neste novo lançamento, a banda apostou em uma nova sonoridade pra suas músicas, esta mudança ocorreu naturalmente conforme a composição foi avançando, ou já era algo que vocês tinham em mente?
Nos nossos primeiros trabalhos nossas referências pessoais são nítidas. Thrash Metal, Hardcore e Crossover são coisas que não saem de nossos ouvidos. Contudo, sempre buscamos uma identidade. A ideia era tentar ser diferente do que já existe. Então nos trabalhos mais recentes buscamos trazer essa sonoridade mais groovada, com alguns vocais melódicos mas sem deixar pra trás o que sempre curtimos. Acho que é o ideal de todo artista, encontrar sua própria identidade, e estamos nesse caminho aí.
-Como vocês vêem a evolução da banda desde o lançamento do primeiro EP “Cidadão de Bem” de 2023? O que mudou desde então?
Essa é uma ótima pergunta Mari. Evolução é sempre o foco né. Acho que todas as bandas sentem isso. No início a banda ainda não tem entrosamento. A pressa de mostrar nosso trabalho ao público o quanto antes também faz com que o tempo de ensaio seja pouco. Em apenas 4 meses após o primeiro ensaio já estávamos no estúdio gravando as primeiras músicas. Contudo a evolução vêm naturalmente, mais ensaios trás mais qualidade, e dar as caras nos shows trás uma maturidade muito importante.
-A capa foi feita pelo ilustrador Felipe Ponchio, como foi a concepção desta arte e o que se deseja transmitir com ela?
Felipe é um artista fenomenal. Ele aceitou o desafio de tentar criar algo que só existia em nossas cabeças, e fez isso de forma maravilhosa. No nosso álbum Sem Apoio, nós demos umas ideias de artes meio anos 80/90 pro Felipe, na ideia dele criar personagens pra compor a capa do disco. Nós gostamos tanto do trabalho dele que resolvemos manter os personagens nas nossas próximas capas. Sabe, aquele lance de criar uma identidade.
-Descreva este novo EP em uma frase!
São as dificuldades do dia a dia que nos motivam a seguir em frente. Independente das dificuldades, não podemos desistir.
-Quais os planos da banda para os próximos meses?
Como mencionei anteriormente, nós estamos sempre trabalhando. Neste momento estamos finalizando os próximos sons no estúdio. A idéia é sair o EP Parte 2 no primeiro semestre de 2026, porém ainda esse ano vamos soltar algumas novidades. Além dos lançamentos buscamos sempre tocar em cidades diferentes. Rodar sempre o máximo que podemos.
-Pra finalizar, mande um recado para os leitores do Headbangers News!
Queremos agradecer muito a Mari e a todos da Headbangers News. Esse espaço que abrem para as bandas é fundamental para manter a cena viva. O Underground só existe com união!
Ouça “Parte I” aqui:
Crédito da foto da banda: Mazzei