No episódio 150 do podcast Benja Me Mucho, apresentado por Benjamin Back, o músico Lobão fez declarações polêmicas sobre o Heavy Metal, criticou festivais, revelou detalhes pessoais e anunciou um novo álbum para 2026.
Logo no início da conversa, ao ser questionado sobre o gênero, o cantor afirmou: “Heavy Metal é como se fosse sertanejo pra mim”. Ele continuou: “O Heavy Metal é uma degenerescência porque ele perde toda a essência negra. Ele vira uma coisa nórdica. […] O metal, ele se torna um som branco, nórdico, absolutamente desprovido de swing, de negritude e uma fixação olímpica em si, rápido”
Questionado sobre bandas clássicas como Iron Maiden e Mötley Crüe, respondeu: “Mas nem pensar. Imagina. Eu sou homem fino, cara. Eu gosto de Cactos, Humble Pie. Eu sou dos anos 70, cara. Isso é um cocô do cavalo do bandido”.
Lobão também criticou os grandes festivais e voltou a atacar o Rock in Rio, onde já se apresentou. “Lá é uma bosta. Rock in Rio é o túmulo do rock”, afirmou. Ele relembrou que, ao tocar o mesmo repertório que havia sido premiado em um festival internacional, foi recebido com hostilidade pelo público brasileiro, que chegou a jogar objetos no palco. Para o artista, os eventos e empresários nacionais não valorizam músicos locais diante das atrações estrangeiras.
Durante o programa, o cantor contou ter recusado uma oferta de 1 milhão de dólares para licenciar a música Me Chama em uma campanha de telefonia. “Eu não vendo sabão em pó, não é? Eu não sou prateleira de supermercado. Eu quero me excluir desses tipos de assuntos de marketing”, afirmou. Ele completou: ” 1 milhão de dólares. Eu sou um cara muito chique. Eu acho feio, eu acho vulgar. A minha música não é feita para ser fruída como fundo de musical. Eu não sou fundo de elevador. Eu não sou outdoor de companhia. Eu não quero: ‘Ah, aquela música da telefônica’. Não, que isso! Minha música vale ouro. Eu, ávido por dinheiro, quero ganhar milhões de dólares dentro daquilo que a minha mira propicia”
Lobão também revelou ter sido diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA). “Eu sou autista, eu tenho o diagnóstico, então eu sou um cara muito tímido, parece que não, mas eu sou um cara, não só tímido, muito reservado, eu vivo no universo paralelo”, disse.
O músico ainda comentou a relação conturbada com o pai, que o expulsou de casa no início da carreira e depois tentou se aproximar. “Foi constrangedor. Meu pai foi me pedir autógrafo e ainda comeu a minha fã. Comeu algumas. Eu fiquei puto. O mesmo que me expulsou de casa”, contou.
Ao final da entrevista, Lobão anunciou o novo álbum Vale da Estranheza, previsto para março de 2026. O disco, descrito por ele como uma ópera rock, terá dez faixas e o primeiro single deve sair ainda em 2025. O projeto é inspirado no conceito do “Vale da Estranheza” (Uncanny Valley), termo usado na robótica para descrever a estranheza causada por algo que parece humano, mas não é.
A entrevista completa está disponível no canal do Benja Me Mucho no YouTube e nas principais plataformas de áudio.