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Inocentes comemoram 35 anos do álbum “Pânico em SP” com edição comemorativa

Inocentes comemoram 35 anos do álbum “Pânico em SP” com edição comemorativa

18 de agosto de 2021


O ano era 1986 e o álbum era um desses que viraria clássico de uma era: “Pânico em SP”. E é por essa importância que a banda Inocentes, comemorando os 35 anos desse marco tão especial, lança a edição comemorativa nesta sexta, 13 de agosto, data que também celebra os 40 anos de carreira da banda.

Presentes no álbum, sucessos com “Rotina”, “Não Acordem a Cidade” e “Ele Disse Não” chegaram a tocar bem nas rádios especializadas e o disco foi ganhando status de cult, até ser eleito pela revista Rolling Stone brasileira em 2016 como o 6º maior disco da história do punk nacional. Aos 35 anos, o álbum é considerado um clássico do rock brasileiro dos anos 1980. Na edição especial, junto às faixas originais estão duas faixas bônus, a versão ao vivo de “Rotina” e de “Expresso Oriente”.

Com uma formação que conta desde 1995 com Anselmo Monstro no baixo, Nonô (Luis Singnoreti) na bateria, Ronaldo Passos na guitarra e Clemente na voz e guitarra – a mais longeva e clássica desde então – a banda inaugurou sua história com o marcante disco “Ruas”. Clemente (líder da banda e uma das principais caras do rock nacional), na época baixista, iniciou a carreira em 1978 na lendária banda “Restos de Nada”. Depois, passou pelos “Condutores de Cadáver”, da qual também saíram os outros membros fundadores do Inocentes, e que logo se tornou um dos pilares do punk por seus shows incendiários e pela postura cheia de atitude. Ao lado de “Cólera” e “Olho Seco”, participaram da coletânea “Grito Suburbano”, em 1982, primeiro registro sonoro do punk brasileiro, e, no mesmo ano, do festival “O Começo do Fim do Mundo”, no Sesc Pompéia, resultando em uma coletânea gravada ao vivo. Em 1983, lançaram o compacto “Miséria e Fome”, que deveria ter sido o primeiro disco do grupo, não tivessem todas as 13 faixas sido censuradas pela ditadura militar.

Mesmo assim, o reconhecimento internacional veio rápido: Jello Biafra (líder do Dead Kennedys) incluiu “Miséria e Fome” em sua lista dos 10 melhores lançamentos do ano no fanzine Maximum Rock’n’Roll, de San Francisco e “Grito Suburbano” foi lançado na Alemanha pelo selo Vinil Boogie com o nome de “Volks Grito”. A banda foi incluída ainda em outra compilação alemã – “Life is a Joke”, do selo Weird System. Apesar do sucesso, com o acirramento das brigas de gangues entre 1983 e 1984, o Inocentes afastou-se do movimento e se aproximou da cena do rock paulista.

O nascimento do disco

Nessa época, o titã Branco Mello defendeu a contratação de uma das bandas originais do punk da periferia paulistana, então já passado pelo hardcores e num cenário beco-sem-saída de desinformação e violência do circuito de shows punk, que levou inclusive Clemente Tadeu a encerrar e recriar o grupo em 1984, mais alinhado ao pós-punk, ao pub rock e ao punk 77, junto aos irmãos Tonhão (bateria) e André Parlato (baixo) e a Ronaldo Passos (guitarra). O time juntou suas poucas economias e gravou uma demo-tape ouvida pelo então presidente da Warner, André Midani, que resultou na assinatura de um contrato para três obras. Clemente, conforme conta o jornalista Ricardo Alexandre no encarte do disco, “fez uma única exigência: que a Warner pagasse as horas de estúdio que a banda havia usado na gravação da demo-tape. A gravadora topou, agendou o estúdio para março de 1986 e propôs experimentar com o grupo um novo formato de disco: um EP de seis músicas, chamado na época de ‘Mini-LP’.”

O repertório era dividido entre material recente, pós-punk, do grupo, como “Rotina”, “Ele Disse Não” e “Expresso Oriente”, e canções mais antigas, dos tempos dos shows de hardcore do início da década como “Salvem El Salvador”, parte do repertório da banda no lendário festival O Começo do Fim do Mundo, e “Pânico em S.P.”, que já haviam gravado na coletânea Grito Suburbano, ambos de 1982. Havia ainda “Não acordem a cidade” uma das primeiras composições de Clemente, de 1979.

Pânico em S.P. foi gravado durante 70 horas de março de 1986 nos lendários estúdios Mosh, em São Paulo, tendo o jovem de 24 anos Branco Mello como produtor estreante, Pena Schmidt como co-produtor e “tutor” e o não-creditado Liminha que, então diretor artístico da gravadora, de passagem por São Paulo aproveitou para timbrar, microfonar e registrar a bateria e o baixo, sobre os quais todo o resto foi construído. Com essa sonoridade mais próxima ao pós-punk, a banda se consolidou como o primeiro conjunto do punk paulista contratado por uma grande gravadora.

Com a saída da Warner no início dos anos 90, a banda passou por um período conturbado, com várias mudanças de formação e sonoridade, mas sempre produzindo e lançando discos, até retomar a trilha do sucesso com seus integrantes atuais. O Inocentes já lançou 14 álbuns, um DVD e participou de quatro coletâneas, no Brasil e na Alemanha. Tocou em festivais importantes como “Abril Pro Rock’, “Porão do Rock”, “Close-Up Planet” e “Rebellion”, o maior festival punk do mundo, que ocorre em Blackpool, na Inglaterra, além de ter aberto shows de nomes como Ramones, Sex Pistols, Bad Religion e Pennywise, entre outros.