O power trio Khorium, de Volta Redonda (RJ), lançou o álbum Pária, seu quinto registro de estúdio. O disco une rap, metal e hardcore crossover a letras de forte crítica social e coincide com acontecimentos recentes no Rio de Janeiro.
“‘Pária’ reflete justamente sobre as estruturas que possibilitam episódios como os que ocorreram no Rio, considerado o mais letal da história da segurança pública, que deixou ao menos 130 mortos entre policiais, criminosos e pessoas ainda não identificadas”, afirma a banda.
O disco aborda racismo, eugenia, política e desigualdade, e se apresenta como um convite à reflexão sobre ciclos de violência e exclusão que persistem desde a fundação do Brasil.
A faixa de abertura, A Redenção de Cam, ganhou clipe e trata de feridas históricas como racismo estrutural e eugenia. A música se inspira no documentário Menino 23 – Infâncias Perdidas no Brasil e no quadro homônimo de Modesto Brocos (1895). “‘A Redenção de Cam’ retrata três gerações de uma família: uma avó negra, sua filha mestiça e o bebê branco, simbolizando a progressão racial esperada por meio da miscigenação pregada pelo movimento eugenista do Brasil”, explica a banda.
Em Pária, a Khorium mistura trechos de bossa nova e samba à sonoridade pesada do metal, como nas colagens de Isto Aqui, O Que É? (Ary Barroso) e O Teu Cabelo Não Nega. “A alegria ali não orna, e é justamente esse o ponto”, comenta o vocalista G. Moreira. “A cultura popular foi usada para maquiar tragédias, enquanto o chão rachava.”
O álbum tem oito faixas inéditas e participações de Henrique Azul no berimbau (Carrancas) e Letícia Mendes (Desconforto). A capa é assinada por Alcides Burn. “Música pesada também pode fazer pensar. Nosso som é pra quem aguenta olhar pro espelho e ver o que está errado”, afirma Moreira.
O grupo já havia lançado quatro álbuns: Idiocracia Tropical Contemporânea (2019), Forças Opostas (2021), A Plenos Pulmões (2023) e o álbum ao vivo Khorium no Estúdio Showlivre (2022), além do EP Manual Prático do Brasil (2018). A banda mantém uma tradição de colaborações com artistas de diferentes origens, incluindo Fernanda Lira, Jimmy London e Clemente Nascimento.
O trio é formado por G. Moreira (guitarras e vocais), A.D. Oliveira (baixo) e Robson Guimarães (bateria).
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