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Memory Remains: AC/DC – 7 anos de “Rock or Bust” e as dificuldades em gravar sem Malcolm Young

2 de dezembro de 2021


Há 7 anos, o AC/DC lançava Rock or Bust, o décimo sexto álbum da longeva carreira dos australianos mais amados do mundo e que é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

O álbum foi lançado na Austrália no dia 28 de novembro e no restante do mundo na presente data, por isso estamos considerando o lançamento mundial para celebrar o aniversário. “Rock or Bust” é o primeiro disco a não contar com a presença do guitarrista e fundador da banda, Malcolm Young, que deixou a banda por motivos de saúde. Ele viria a falecer em 2017 e no aniversariante do dia ele foi substituído por seu sobrinho Stevie Young.

Trata-se do disco mais curto de toda a carreira do AC/DC, com apenas 34 minutos. Tal marca superou o álbum “Flick of the Switch“, que detinha esse recorde. É o primeiro álbum do AC/DC em seis anos, desde “Black Ice“. Brian Johnson admitiu que foi muito difícil gravar esse play sem a presença de Malcolm. Ele inclusive, sugeriu que o título do álbum fosse “Man Down“, mas desistiu da ideia por entender que seria um título um tanto quanto negativo.

A banda se juntou mais uma vez ao produtor Brendan O’ Brien, famoso pelos trabalhos com o Pearl Jam e todos foram ao “Warehouse Studios“, em Vancouver, Canadá. E se o leitor acha que a dificuldade era apenas em não ter Malcolm Young no estúdio, o baterista Phill Rudd colaborou para deixar as sessões de gravação ainda mais tensas. O cara simplesmente faltou a várias sessões, fazendo com que Brendan pensasse em um substituto para poder gravar as baterias, até que Phill resolvesse comparecer e fazer seu registro. Angus Young disse que o período de gravação durou quatro semanas aproximadamente e Brendan O’Brien deu uma declaração acerca desse período:

“Não me recordo quanto tempo levamos pra gravar o ‘Black Ice’, mas acho que o tempo de gravação de ambos é muito semelhante. Me contaram que dessa vez foi mais rápido… finalizamos a gravação um pouco mais rápido, na verdade eu acho que gravamos menos músicas. Acho que durante o ‘Black Ice’ nós gravamos cerca de 15 ou 16 músicas… posso estar errado sobre isso. Mas eu acho que a gravação de ambos os álbuns correram muito bem. Esses caras trabalham duro; não há preguiça. Eles são pessoas muito dedicadas. Até mesmo quanto ao horário de estar no estúdio, eles chegavam em ponto todos os dias. Então acho que por isso a gravação foi rápida.”

Vamos então sem mais delongas, passear pelas onze faixas que compõem o aniversariante do dia. Então som na caixa que o Rock do AC/DC tá pedindo passagem e chega como um rolo compressor.

A faixa título abre a bolacha e traz um clima Hard Rock oitentista, mas ao mesmo tempo, com a cara do AC/DC. “Play Ball” parece até que foi retirada do álbum “Back in Black“, já que tem a mesma pegada. Alguns criticam o AC/DC sob a alegação de repetir incessantemente a mesma fórmula, mas é aí que está a graça da banda. É assim que eles sempre funcionaram.

Rock in the Blues Away” é a faixa número três e como o título sugere, ela tem influências bluesy, mas também lembra a fase da própria banda quando o vocalista era Bon Scott. “Miss Adventure” tem alguns dos melhores riffs de toda a carreira da banda e é certamente o grande destaque do disco. “Dogs of War” dá sequência trazendo uma mistura de blues com “Southern Rock” bem interessante.

A segunda metade do CD abre com “Got Some Rock & Roll Thunder“, que é certinha e tem um refrão que gruda. Temos mais influências blues com Hard Times, onde os destaques são os belos solos de guitarra capitaneado por Angus Young. “Baptism of Fire” é a faixa número oito e nos faz achar que estamos escutando “Powerage” ou “Highway to Hell“. A música tem um bom clima e novamente o solo é digno de aplausos.

Rock the House” abre a trinca final do álbum e tem bons riffs de guitarra e uma performance arrebatadora do vocalista Brian Johnson. “Sweet Candy” é o velho Rock ‘n’ Roll do AC/DC, sem tirar nem pôr, o que por si só já garante o selo de qualidade. “Emission Control” traz em seus riffs muita influência de um certo Jimmy Page e é com essa excelente referência que o álbum chega ao seu final.

Em 34 minutos temos um álbum igual, mas diferente. Aí o caro leitor vai perguntar se eu estou louco. Explico: igual por ser um álbum típico do AC/DC, onde o ouvinte consegue identificar o timbre das guitarras, pelas composições e pela semelhança com o que a própria banda fez no passado, mas diferente porque apesar de todas as características principais da banda estarem presentes, é muito fácil notar a falta que Malcolm Young fez aqui, já que ele era o cara das composições. Não há aquele clima festivo que a banda sempre colocou em seus álbuns, ele é carregado de um clima pesado, sombrio, o que o deixa especial.

Rock or Bust” recebeu diversas críticas positivas e foi um sucesso de vendas pelo globo: o álbum arrematou o Disco de Ouro na Bélgica, Dinamarca, Nova Zelândia, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos; abocanhou o Disco de Platina n Austrália, Canadá, Hungria, Itália, Polônia e Espanha; na Áustria, foi duplo Platina; na França e na Alemanha,, foi triplo Platina e na Suiça conseguiu quatro vezes Platina. O álbum alcançou o topo nas paradas da Áustria, Austrália, Canadá, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Suiça, Escócia, Finlândia, França, Alemanha e Noruega, 2° na Polônia, na Nova Zelândia e na Espanha, 3° na Itália, República Tcheca, no Reino Unido e na Billboard 200, 4° na Holanda, 5° na Hungria, 6° na Irlanda e um 8° em Portugal. São números absurdos ainda mais se considerarmos que se trata de uma época que os CDs já não são vendidos como outrora.

Hoje é dia de celebrarmos esse disco, que embora não tenha um de seus fundadores participando, é um bom disco do AC/DC e merece todos os louros por mais um ano. “Rock or Bust” é um belo álbum e mostra que a banda superou suas adversidades para nos brindar com mais um play com o selo de qualidade. Para a nossa sorte, a banda segue na ativa e o que é melhor, com Brian Johnson de volta para onde ele nunca deveria ter saído. Longa vida a essa que é uma das maiores bandas de Rock da história.

Rock or Bust – AC/DC
Data de lançamento – 02/12/2014
Gravadora – Columbia

Faixas:
01 – Rock or Bust
02 – Play Ball
03 – Rock in the Blues Away
04 – Miss Adventure
05 – Dogs of War
06 – Got Some Rock & Roll Thunder
07 – Hard Times
08 – Baptism of Fire
09 – Rock the House
10 – Sweet Candy
11 – Emission Control

Formação:
Angus Young – guitarra/ backing vocal
Brian Johnson – vocal
Stevie Young – guitarra/ backing vocal
Cliff Williams – baixo
Phill Rudd – bateria