Memory Remains

Memory Remains: Aerosmith – 30 anos de “Get a Grip”, o álbum mais vendido da história da banda

20 de abril de 2023


Em 1993, o mundo era bem diferente deste que vivemos nos dias atuais. Na geopolítica, a queda da União Soviética provocava um colapso nos países da chamada cortina de ferro, no leste europeu. No esporte, o Brasil vivia um período de vacas magras, sem títulos no futebol e na F1. Na economia, vivíamos a transição da moeda, o cruzeiro virava URV, que depois se tornaria o Real que perdura até hoje, e na música, era o Grunge quem dava as cartas, tendo Pearl Jam e Nirvana as bandas que encabeçavam. Mas o Aerosmith queria a sua fatia do bolo e com isso, soltaram “Get a Grip“, o álbum de número 17 da carreira da veterana banda. Lançado em 20 de abril de 1993, esta pérola do Hard Rock é tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

O aniversariante do dia encerrou um jejum de 4 anos entre o anterior, o também aclamado “Pump“, e marca a despedida da banda pela Geffen, selo com o qual a banda ficou nos últimos 8 anos. A partir do próximo álbum, “Nine Lives” (1997). O álbum conta com participações especiais, como por exemplo Dan Henley (Eagles), que cantou em “Amazing” e Lenny Kravitz, que cantou e ajudou a escrever a música “Line up“. E tal como nos álbuns anteriores, “Permanent Vacation” e “Pump“, “Get a Grip” teve colaboração nas letras de pessoas que não são do Aerosmith, como including: Desmond Child, Jim Vallance, Mark Hudson, Richard Supa, Taylor Rhodes, Jack Blades, e Tommy Shaw.

A banda se trancou em dois estúdios: o A&M, em Los Angeles e no Little Mountain Sound, em Vancouver, Canadá. Ficaram por lá entre os meses de janeiro e fevereiro de 1992, mais uma vez na companhia do produtor Bruce Fairbairn e a ideia da banda era lançar o disco no primeiro trimestre daquele ano. Porém, John Kaloudher, executivo da Geffen, ao escutar o material, não gostou muito e exigiu que a banda compusesse ao menos uma canção que fosse radiofônica. Então a banda se juntou a Desmond Child para escrever novas canções. Em um primeiro momento, doze canções entrariam no álbum, que acabou ficando com 14. E quem diria, se o executivo achava que as músicas não caberiam no rádio, o que podemos dizer de alguns dos maiores hits da banda dos anos 1990 saíram daqui? “Eat the Rich“, “Cryin“, “Amazing“, “Crazy” e “Living on the Edge” falam por si só.

Em relação ao conteúdo lírico, a banda traz em algumas músicas a história da própria banda e a relação com o abuso de drogas. “Get a Grip“, a faixa título, e “Amazing” são os exemplos que mais deixam estes detalhes explícitos. E certa vez, Steven Tyler deu uma declaração sobre essas letras. Aspas para o frontman:

“Estávamos dizendo que você pode apontar de volta para algumas daquelas velhas crenças sobre a encruzilhada e assinar com o diabo, que você pode olhar para as drogas assim: pode ser divertido no começo, mas então chega a hora de pagar sua dívida, e se você não for esperto o suficiente para ver que está te derrubando, então realmente vai ficar você.”

Muitas canções que foram gravadas inicialmente para saírem no nosso homenageado de hoje, acabaram ficando de fora. Algumas lançadas como lado B, outras saíram em trilhas sonoras ou sequer foram lançadas posteriormente. São os casos de músicas como “Don’t Stop“, “Head Fist“, “Can’t Stop Messin” (essa foi lançada como bônus de uma edição especial), “Deuces are Wild“, “Lizard Love“, “Devils got a New Desguise“, “Legendary Child“, entre outras.

A capa também merece um parágrafo a parte. Ela retrata a imagem de uma vaca com um piercing em uma de suas mamas, além do logotipo da banda, simulando a marca de ferro quente e foi assinada pelo renomado artista Hugh Syme. A imagem recebeu críticas e também foi alvo de protestos por parte de sociedades de proteção dos animais, o que fez com que a banda viesse a público acalmar os ânimos, afirmando que a imagem era apenas uma montagem e que em nenhum momento eles sequer cogitaram submeter o animal a qualquer tipo de sofrimento.

Musicalmente, temos um baita álbum, nos seus 62 minutos de extensão é um desfile de hits. Ao menos seis das canções aqui estouraram nas rádios e na MTV, fazendo com que o álbum se tornasse como o álbum mais vendido da banda em todo o mundo, com mais de 20 milhões de cópias comercializadas. Também foi o primeiro disco da banda a alcançar o topo da “Billboard“. Nos Estados Unidos, o álbum é o segundo mais vendido da banda, empatado com “Pump“, com 7 milhões de vendas cada um, o campeão de vendas é o álbum “Toys in the Attic“, que vendeu 9 milhões somente na terra do Tio Sam.

Além do topo na “Billboard“, o álbum alcançou também o primeiro lugar nos charts da Suíça e da Finlândia, 2° na Holanda, Canadá e Reino Unido; 3° na Austrália, Áustria, Alemanha, Noruega e Suécia; 7° na Hungria e no Japão, 9° na Nova Zelândia, 10° na Espanha, 17° na Itália e 24° na França. “Get a Grip” foi premiado em diversos lugares do planeta, inclusive, pasme, caro leitor, no Brasil. A lista é grande e vamos pontuar cada lugar que certificou o disco de acordo com suas vendas: ouro na Austrália, Brasil, Finlândia, França, Hong Kong, Indonésia, Israel, México, Nova Zelândia, Polônia, Suíça, Taiwan e Tailândia. Platina na Áustria, Bélgica, Chile, Alemanha, Holanda, Noruega, Filipinas, Portugal, Espanha, Suécia e Estados Unidos. Duplo platina no Japão, triplo platina na Argentina e Dinamarca, 7 vezes platina no Reino Unido e disco de diamante no Canadá.

O álbum emplacou um bicampeonato no Grammy Awards. Em 1993 foi com “Livin’ on the Edge” e em 1994 com “Crazy“, ambos na categoria “Melhor Performance de Rock por um duo ou banda com vocalista“. Os leitores da revista Metal Edge também elegeram “Get a Grip” como o álbum do ano e o vídeo de “Livin’ on the Edge” ficou na primeira posição, em eleição realizada no final de 1993.

Pode até ser mais comercial, se comparado a outros álbuns anteriores, mas é impossível não reconhecer a grandeza deste play e deixou a banda ainda mais gigante. E nem parece que já se passaram trinta anos, este redator que vos escreve era um adolescente e cantarolava os versos de “Cryin” e quando percebeu, três décadas ficaram para trás. Hoje é dia de celebrar esse lindo disco, escutando-o no volume máximo, enquanto aguardamos um novo play, o que não acontece há mais de dez anos. O Aerosmith é mais do que uma banda, é uma instituição do Rock e merece ser preservada e idolatrada.

Get a Grip – Aerosmith

Data de lançamento – 20/04/1993

Gravadora – Geffen 

 

Faixas:

01 – Intro

02 – Eat the Rich 

03 – Get a Grip

04 – Fever

05 – Livin’ on the Edge 

06 – Flesh

07 – Walk on Down

08 – Shut up and Dance

09 – Cryin

10 – Gotta Love in

11 – Crazy

12 – Line up

13 – Amazing

14 – Boogie Man

 

Formação:

Steven Tyler – vocal/ teclado/ gaita/ bandolim/ percussão adicional

Joe Perry – guitarra/ backing vocal/ vocal em “Walk on Down

Brad Whitford – guitarra base/ guitarra solo em “Fever“, “Gotta Love in” e “Flesh

Tom Hamilton – baixo

Joey Kramer – bateria

 

Participações especiais:

David Campbell – arranjos orquestrais em “Amazing” e “Crazy

John Webster – teclados

Desmond Child – teclados em “Crazy

Richard Supa – teclados em “Amazing

Don Henley – backing vocal em “Amazing

Lenny Kravitz – backing vocal em “Line up

Paul Baron – trompete

Tom Keenlyside – saxofone

Bruce Fairbairn – trompete

Ian Putz – saxofone

Bob Rogers – trombone

Liainaiala Tagaloa – percussão em “Eat the Rich”

Mapuhi T. Tekurio – Percussão em “Eat the Rich

Aladd Alationa Teofilo – percussão em “Eat the Rich

Melvin Liufau – percussão em “Eat the Rich”

Sandy Kanaeholo – percussão em “Eat the Rich

Wesey Mamea – percussão em “Eat the Rich”