Memory Remains

Memory Remains: Black Sabbath – 30 anos de “Forbidden” e o equívoco de contar com a produção de Ernie C

Memory Remains: Black Sabbath – 30 anos de “Forbidden” e o equívoco de contar com a produção de Ernie C

20 de junho de 2025


Há 30 anos, em 20 de junho de 1995, o Black Sabbath, a essa altura com apenas Tony Iommi de membro original, lançava “Forbidden“, o 18° e o último disco de estúdio a não contar com Ozzy Osbourne no vocal. Esse é o tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira, a primeira do inverno que acaba de chegar.

A banda havia lançado “Cross Purposes” um ano antes, cuja turnê fez com que eles passassem pela segunda vez no Brasil, quando tocaram na primeira edição brasileira do Mosters of Rock, ao lado de Slayer, Kiss, Suicidal Tendencies, Viper, Angra, Dr. Sin e Raimundos. Para o vindouro álbum, lommi resolveu remontar a mesma formação do álbum “Tyr“, com Neil Murray ocupando a vaga de Geezer Butler e com o baterista Bobby Rondinelli saindo para o retorno de Cozy Powell. Mas antes das mudanças, Bill Ward retornou e tocou durante a turnê, inclusive no referido Monsters of Rock, sendo assim, os brasileiros tiveram a oportunidade de ver 3/4 da formação original dos pais do Heavy Metal.

O aniversariante do dia traz uma, ou melhor, duas combinações improváveis: Ernie C, o guitarrista do Body Count foi o escolhido para a produção; a segunda, foi a participação de Ice-T, colega de Ernie C no próprio Body Count, que participou escrevendo e cantando na faixa de abertura, “The Illusion of Power“. Sobre a escolha do produtor, lommi admitiu em seu livro “Iron Man: My Journey Through Heaven and Hell with Black Sabbath” (2011), que a gravadora da banda na época sugeriu um produtor mais moderno, argumentando que eles teriam mais “credibilidade nas ruas”. Com esse argumento, lommi foi convencido a trazer o produtor Ernie C, e este por sua vez trouxe Ice-T para colaborar no álbum. A escolha do produtor não foi das melhores, visto que este é um dos discos mais discretos de toda a carreira do Black Sabbath.

Em 2011, Tony Martin deu uma entrevista falando sobre a equivocada escolha de Ernie C para a produção. Os executivos da I.R.S. queriam que o Black Sabbath soasse mais moderno, com pitadas de rap, o que seria no mínimo muito esquisito para uma banda que se notabilizou por tocar blues de uma forma mais pesada e que acabou criando o que hoje conhecemos por Heavy Metal. Foi um tiro no pé. Martin ainda disse na mesma entrevista que Cozy Powell foi forçado a mudar seu jeito de tocar, colocando elementos de hip-hop, o que o deixou furioso.

O guitarrista Tony Iommi concordou com a declaração de Martin e ele deu mais detalhes sobre a escolha forçada de Ernie C e tratou com bom humor sobre a indicação de Ice-T. Vamos dar aspas ao criador do Metal:

“Fomos encurralados. Alguém na gravadora sugeriu que trabalhássemos com Ice-T. Minha reação foi: ‘Quem diabos é ele?’ Mas nos encontramos e ele era um cara legal, e também um grande fã do Sabbath. Ernie C acabou produzindo Forbidden, o que foi um erro terrível. Ernie tentou fazer Cozy Powell tocar essas partes de bateria no estilo hip-hop, que o ofendeu com razão. Você não diz a Cozy Powell como tocar bateria.”

E musicalmente, o álbum é muito ruim. Tão ruim quanto o Sabbath foi na segunda metade da década de 1980, principalmente depois do álbum “Born Again“, quando, sabe-se lá por alguma razão, a banda sobreviveu. Aqui temos 10 músicas em 42 minutos e o que conseguimos destacar é a faixa “Shaking off the Chains“, que é rápida, pesada e bem Heavy Metal. Muito pouco para um disco do Black Sabbath. Nem os riffs de Tony Iommi, nem a boa voz de Tony Martin foi capaz de impedir que esse álbum seja genérico, chato e repetitivo.

Apesar do fracasso, o álbum frequentou alguns charts mundo afora: 12° na Finlândia, 19° na Suécia, 35° na Alemanha, 40° na Áustria, 45° no Japão, 48° na Suíça, 71° no Reino Unido, 86° na Holanda. Na “Billboard“, o álbum bem chegou perto de figurar, e olha que na época, essas misturas esquisitas estavam em alta no mercado fonográfico estadunidense, que tentava, sem sucesso, assassinar o Heavy Metal.

Uma coisa de muito positiva aconteceu com “Forbidden” foi que após a turnê de divulgação do álbum, na qual, Cozy Powell saiu para o retorno de Bobby Rondinelli, lommi colocou a banda em hiato, e em 1997 os rumores se confirmaram e Ozzy, Iommi, Butler e Ward, se juntaram novamente. A turnê posterior virou um álbum ao vivo, “Reunion” (1998) e depois, 3 dos 4 membros originais se juntaram para gravar “13“, que foi o último álbum de estúdio do Black Sabbath. “Forbidden” não envelhece bem, mas tem essa importância por ter sido a ponte para reunir os quatro cavaleiros de Birmingham.

E os quatro estarão reunidos novamente, muito provavelmente pela última vez sob o nome Black Sabbath. Será daqui a 15 dias, em Birmingham, no show chamado “Back to Beginning“. Ozzy, apesar de estar com a saúde bastante debilitada, não estará no palco durante toda a apresentação, irá cantar algumas canções. Bandas como Metallica, Slayer, Pantera, Alice in Chains, Gojira, entre outras, estarão presentes e serão testemunhas oculares desta apresentação que promete ser histórica. Nada do que ouvimos hoje existiria se não fosse por Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward tivessem inventado esse tal de Heavy Metal.

Forbidden – Black Sabbath

Data de lançamento – 20/06/1995

Gravadora – I.R.S. Records

Faixas:
01- The Illusion of Power
02 – Get a Grip
03 – Can’t Get Close Enough
04 – Shaking off the Chains
05 – I Won’t Cry for You
06 – Guilty as Hell
07 – Sick and Tired
08 – Rusty Angel
09 – Forbidden
10- Kiss of Death

Formação:
Tony Iommi – guitarra
Tony Martin – vocal
Neil Murray – baixo
Cozzy Powell – bateria
Geoff Nicholls – teclado