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Memory Remains: Black Sabbath – 52 anos do disco de estreia, a pedra fundamental do Heavy Metal

Memory Remains: Black Sabbath – 52 anos do disco de estreia, a pedra fundamental do Heavy Metal

13 de fevereiro de 2022


Em 1970, o mundo era bem diferente do que vivemos hoje: a mídia usada para escutar músicas era o vinil, a TV em cores era uma novidade em nosso país, tínhamos o Brasil como a primeira seleção tricampeã do mundo e conquistando a Taça Jules Rimet; vivíamos o período mais sangrento de nossa ditadura, com o presidente Emílio Garrastazu Médici comandando perseguição e mortes aos seus opositores. Mas em 13 de fevereiro daquele ano, quatro jovens de Birmingham estabeleceram a pedra fundamental do Heavy Metal. Estamos falando do disco de estreia do Black Sabbath, que é assunto do nosso Memory Remains deste domingo.

Essa é a data em que oficialmente o Heavy Metal passou a existir. O dia em que estes quatro jovens de origem humilde oriundos de Birmingham, Inglaterra, lançaram seu primeiro disco. Um disco despretensioso; eles apenas queriam fazer um blues mais pesado. Eram 4 admiradores dos Beatles que de repente, se tornaram a mãe das mães de todas as bandas de Metal.

Vamos voltar alguns anos no tempo e a banda iniciou sua carreira no ano de 1968, sob o nome de Polka Tulk. Ainda no mesmo ano, mudaram para Earth, porém, foram forçados a mudar para o nome pelo qual ganharam notoriedade, por já existir uma banda homônima na época. Após alguns shows, a banda adentrou no “Regent Sound Studios“, em Londres e o debut album do Sabbath for gravado em um dia.

Eles gravaram ao vivo, como Toni Iommi disse em uma entrevista

“Tínhamos apenas dois dias, um para gravar e outro para mixar. Então tocamos tudo ao vivo, enquanto Ozzy cantava ao mesmo tempo. O colocamos em um canto separado e assim o fizemos. Não fizemos uma segunda versão da maior parte do material.”

 

Incrível, então a obra-prima que criaria esse novo estilo foi concebida desta maneira: rápida, porém, certeira. Mas eles não tinham a menor ideia do que estavam criando. A bolacha fora produzida por Rodger Bain e no Reino Unido fora lançada pela “Vertigo“. Nos Estados Unidos, o disco só sairia em 1 de julho, via “Warner“. A banda estreava por uma major no lado de cá do Atlântico. Destrincharemos então as sete faixas que percorrem os curtos 38 minutos do disco de estreia do Heavy Metal.

Warner Bros. Records

A faixa que abre o disco é a mesma que dá o nome da obra e da banda e se confunde com a própria história do Heavy Metal. A música é sombria, e nos remete muito mais a sub-gêneros conhecidos hoje como o Doom Metal. Mas ali era a pedra fundamental do estilo que hoje abraçamos e tornamos nos adeptos. Os riffs do pai Tony Iommi ao final desta nos mostra que nascia ali um tipo de música que se perpetuaria.

“The Wizard” já mostra que mais elementos poderiam ser acrescentados a este novo estilo, como a gaita que acompanha a guitarra na sua intro. Mas a medida que a música se desenvolve, as guitarras ganham peso e riffs que marcariam época em uma das músicas clássicas da carreira da banda. “Behind the Walls of Sleep” traz outro estilo criado por estes quatro cavaleiros: o Stoner Metal. Uma música bem legal.

A seguir, uma música que já nasceu clássica: “N.I.B.”, com sua pegada Bluesy, porém com bastante peso e sua letra onde Ozzy Osbourne canta “my name is Lucifer, please take my hands” (meu nome é Lúcifer, por favor, pegue em minhas mãos) soava no mínimo, assustadora naquele longínquo ano de 1970. Bem, a música se tornou obrigatória nas apresentações do Sabbath e é uma das músicas que representam o Heavy Metal. Sem falar nas fantásticas linhas de baixo que Geezer Butler eternizou na intro e são elas quem ditam o ritmo da música.

“Evil Woman” é um cover de uma banda chamada Crow e aqui Iommi imprimiu seus riffs poderosos e solo bem tocado. “Sleeping Village” é um misto de blues por parte de Tony Iommi e a pegada jazzística da bateria de Bill Ward. Muito boa por sinal. O final se dá com outro cover, desta vez para “Warning“, do Aynsley Dunbar Retaliation, que tem uma pegada mista de blues e jazz, com seus mais de dez minutos, a maior parte, dedicada apenas ao instrumental.

Embora na época, o álbum “Black Sabbath” não tenha recebido a devida atenção por parte da mídia, conforme as bandas futuras foram se inspirando no som deste quarteto, o reconhecimento veio, ainda que tardiamente: em 1989, a revista “Kerrang!” colocou o aniversariante de hoje na posição número 31 de sua lista “100 Greatest Heavy Metal Albuns of All Time“; em 1994, ficou na 12ª posição do “Top 50 Heavy Metal Albums“, de Colin Larkin; em 2005, a “Rolling Stone” classificou o disco em 243º na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos“. A mesma “Rolling Stone” classificou o álbum na posição número 44 entre os maiores álbuns de estreia de todos os tempos e em uma nova lista da mesma revista, o nosso homenageado ficou em 5º lugar entre os maiores álbuns de Metal de todos os tempos.

A foto da capa foi tirada em frente ao Mapledurhan Watermill, em Oxfordshire, Inglaterra. E na versão original, dentro da capa havia um crucifixo invertido, o que gerou a atenção de grupos ocultos, que passaram a utilizar crucifixos invertidos afim de evitar com que fossem chamados de satanistas. A banda disse que esta imagem foi colocada pela gravadora de forma arbitrária, pois eles não tinham conhecimento prévio do fato.

Enfim, era só o começo. Depois disso, os caras seguiram com sua invenção e hoje se escutamos as bandas atuais, devemos agradecer a estes caras e sua iniciativa de gravar esta pérola. Por isso que o Black Sabbath é a referência maior, a mãe de todas as bandas de Heavy Metal. O Alfa e o Ômega. Uma pena que a banda tenha encerrado suas atividades, mas a idade chega para todos nós e ficamos com o legado desta banda que chegou com o pé na porta, criando esse estilo, que todos nós abraçamos e levamos não somente com música, mas como estilo de vida. E graças a esses quatro cavaleiros que queriam simplesmente tocar blues com mais peso. Vamos curtir o som dos pais do Heavy Metal, celebrando a criação dessa vertente, não se esquecendo de se cuidar, tomando a vacina e as doses de reforço. A Pandemia ainda não acabou e nós precisamos voltar a ver nossos ídolos nos palcos. Nenhum desses ídolos existiria se não fosse o Black Sabbath.

Black Sabbath – Black Sabbath

Data de lançamento: 13/02/1970

Gravadora: Vertigo

Faixas:

01 – Black Sabbath

02 – The Wizard

03 – Behind the Wall of Sleep

04 – N.I.B.

05 – Evil Woman

06 – Sleeping Village

07 – Warning

Formação:

Ozzy Osbourne – Vocal

Toni Iommi – Guitarra

Geezer Buttler – Baixo

Bill Ward – Bateria