Há 50 anos, em 28 de julho de 1975, o Black Sabbath lançava “Sabotage“, o sexto álbum da banda que criou o Heavy Metal e que acabou de sofrer um duro golpe, com o falecimento de Ozzy Osbourne na última terça-feira. O mais novo cinquentão do Heavy Metal é assunto do nosso Memory Remains desta segunda-feira, a última do mês.
Após a ótima repercussão do álbum anterior, o clássico “Sabbath Bloody Sabbath”, que rendeu a banda discos de Ouro no Reino Unido e Canadá e Platina nos Estados Unidos, também colocou o quarteto de Birmingham entre os primeiros nos charts em sua terra natal e na “Billboard 200”, além de exaustiva turnê, o que só dava maior alcance para os criadores.
O quarteto se trancou em Bruxelas, no “Morgan Studios”, com a própria banda produzindo e Mike Butcher atuando na co-produção. O título é uma alusão ao processo judicial que a banda estava sofrendo pela antiga administração e segundo Iommi afirmou em entrevista, era como eles se sentissem “sabotados o tempo todo”.
Geezer Butler foi mais além e deu a seguinte declaração:
“Na época do “Sabbath Bloody Sabbath”, descobrimos que estávamos sendo roubados pela nossa administração e gravadora e então por muitas oportunidades, ao invés de estarmos nos palcos ou em estúdios, estávamos nos escritórios de advocacia, tentando cancelar os contratos. Sentíamos que estávamos sendo sabotados e por isso a escolha do nome como título”.
Então a banda usou tudo isso a seu favor e trabalhou para que o aniversariante de hoje fosse diferente do antecessor, que Iommi já declarou “não o considerar como um álbum de Rock”. O álbum contou com participações do tecladista Gerald “Jezz” Woodruffe e do coral English Chamber Choir, que gravou as partes em “Supertzar“.
Uma curiosidade sobre a música “Supertzar“. Quando Ozzy Osbourne chegou ao estúdio e viu o English Chamber Choir gravando os vocais para esta canção, ele simplesmente achou que estava no lugar errado e acabou saindo do local, tendo que se trazido de volta pelos companheiros.
Em “Sabotage“, o Black Sabbath nos brinda com um excelente álbum, onde a banda explora o lado mais Progressivo do Metal. Temos oito músicas em breves 42 minutos de duração. Um grande clássico da banda foi forjado aqui, que é a pesadíssima “Symptom of the Universe“. Outras músicas como “Hole in the Sky” e “Megalomania“, com seus mais de 9 minutos, são também outras faixas que podemos destacar. Há uma versão em CD que tem uma versão ao vivo para “Sweet Leaf”.
“Sabotage” foi bem recebido pela crítica e público, inclusive, muitos consideram este o melhor álbum do Black Sabbath. Foi certificado com Disco de Ouro nos Estados Unidos e Prata no Reino Unido, ambos no ano de 1977. Nos charts, figurou também no 6º lugar na Noruega, 7º no Reino Unido, 9º na Áustria, 17° na Alemanha, 28º na “Billboard 200”, e 33° no Canadá e na Nova Zelândia. Neste ano, o álbum figurou nas paradas da Croácia, quando chegou ao 30° lugar.
Para sair em turnê, o tecladista Gerald “Jezz” Woodroffe se juntou a banda, devido a necessidade de reproduzir as partes orquestrais do álbum pudessem ser reproduzidas nos palcos. Os shows da turnê tiveram o Kiss como banda de abertura. Quando Ozzy sofreu um acidente de motocicleta, a turnê precisou ser pausada.
O polêmico guitarrista sueco Yngwie Malmsteen deu uma entrevista para a Guitar Player em 2008, quando disse que os riffs de “Symptom of the Universe” foram os primeiros de Tony Iommi que ele escutou na vida. E que ficou estupefato com o que ouviu do pai do Heavy Metal. Aspas para ele:
“Duzentos anos atrás, a técnica de Tony teria feito com que ele fosse queimado vivo”.
Duas músicas do nosso homenageado ganharam versões de outras bandas. A canção “Symptom of the Universe” foi gravada pelo Sepultura para o álbum de Covers “Nativity in Black“, de 1994, e depois entrou como faixa bônus da versão brasileira do álbum “Roots“, de 1996. E “Hole in the Sky” foi gravada pelo Machine Head na segunda edição do álbum “Nativity in Black“, de 2000.
Como sabemos, o Black Sabbath se aposentou dos palcos no Back to the Beginning, realizado em Birmingham, no último dia 5, naquela que acabou sendo a última apresentação de Ozzy Osbourne em vida. A banda só teve tempo de tocar 4 músicas, mas “Sabotage” foi homenageado pelos bateristas Chad Smith, Danny Carey e Travis Barker, que foram acompanhados por Tom Morello, Nuno Bettencourt e Rudy Sarzo, onde tocaram “Symptom of the Universe“, repleto de improvisações por parte dos bateristas.
Enfim, se temos a tristeza absoluta pela partida de Ozzy Osbourne e a aposentadoria da banda dos palcos, temos esse riquíssimo legado para celebrarmos. “Sabotage” é o mais novo cinquentão da música pesada. Lembremos que nada do que escutamos atualmente existiria se não fosse por estes caras: muito obrigado, Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward.
Sabotage – Black Sabbath
Data de lançamento – 28/07/1975
Gravadora – Virgo/ Castle/ Sanctuary
Faixas:
01 – Holy in the Sky
02 – Don’t Start (Too Late)
03 – Symptom of the Universe
04 – Megalomania
05 – The Thrill of it All
06 – Supertzar
07 – Am I Going Insane (Radio)
08 – The Writ
Formação:
Ozzy Osbourne – vocal
Tony Iommi – guitarra
Geezer Butler – baixo
Bill Ward – bateria
Participações especiais:
Gerald “Jezz” Woodroffe – teclados
English Chamber Choir – vocais em “Supertzar“