Há 33 anos, em 29 de junho de 1992, o Blind Guardian lançava “Somewhere Far Beyond“, o quarto disco da rica discografia deste quarteto alemão, e claro, este clássico é tema do nosso Memory Remains deste domingo.
Como era o mundo há mais de 3 décadas atrás? No Brasil, tínhamos o impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito democraticamente depois de mais de trinta anos. A antiga União Soviética sofria com o processo de independências dos países que a compunham; o mundo começava a testemunhar o conflito entre os Estados Unidos com os países mais fundamentalistas do Oriente Médio, na Guerra do Golfo Pérsico. No esporte, o Brasil ganharia apenas uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona, com a seleção de vôlei e na música, o Grunge emergia de maneira gigantesca. O Blind Guardian, que estreava pela sua nova gravadora, a Virgin, lançou seu álbum mais relevante neste ano também.
Este play era o último ato da fase mais Speed Metal praticado pelo quarteto alemão, já que a partir do álbum posterior, o não menos sensacional “Imaginations From the Other Side”, marcaria o início da transição sonora para um Power/Prog Metal com músicas não tão rápidas mas extremamente bem trabalhadas.
O título do aniversariante de hoje é inspirado no livro homônimo de Stephen King e a arte da capa é assinada por Andreas Marschall, responsável também por outras capas. Sobre a arte da banda, juntamente com as duas faixas “The Bard Song”, renderiam à banda e aos fãs o apelido de “Bards”. Hansi Kursch frequentemente se refere aos fãs por tal alcunha.
Os integrantes do Blind Guardian não consideram “Somewhere Far Beyond” como sendo um disco conceitual e sim um álbum com conceito. A ideia que eles quiseram passar era de que os bardos viajaram no tempo e se reuniram na floresta e compartilhem suas histórias, que no caso são as músicas, O próprio desenho da capa ilustra essa reunião, que em tempos de pandemia do Coronavírus seria criticada. A ideia surgiu através de um jogo de videogame que a dupla de guitarristas André Olbrich e Marcus Siepen jogavam na época ”The Bard’s Tale”.
Assim sendo, a banda recrutou mais uma vez o produtor Kalle Trapp e todos foram para o “Karo Studios”, em Hamburgo, entre os meses de março, abril e maio de 1992 para gravar a bolacha, que contou com vários convidados especiais, os mais famosos são Piet Selck e Kai Hansen.
O play tem 10 canções, uma delas é um interlúdio. É notavelmente o álbum mais bem sucedido da banda, até pela quantidade de clássicos forjados pela banda aqui: “Time What is Time“, “Journey Through the Dark“, “Black Chamber“, “Theatre of Pain“, “The Quest for Tanelorn“, “Ashes to Ashes“, a faixa-título e, claro, a clássica “The Bard Song – in the Forest“, que ao vivo é cantada em uníssono por todos os fãs, e Hansi Kirsch, claro, deixa seus súditos cantarem sozinhos essa canção. A duração total do álbum é de 43 minutos.
A versão japonesa apresenta três faixas bônus, sendo que duas delas são covers, que o Blind Guardian lançou em uma de suas demos, intitulada “Blind Guardian IV“, de 1991. As músicas em questão são “Spread Your Wings” e “Trial by Fire“, do Queen e Satan, respectivamente. A terceira faixa bônus é uma versão clássica para a música “Theatre of Pain“.
Uma curiosidade sobre a música “The Pipper’s Calling” é que ela é na verdade, um trecho de uma canção chamada “The 79th’s Farewell to Gibraltar”, composta pelo major pipe John MacDonald, do 79º regimento de infantaria de linha do exército britânico, que era conhecido pelo nome de “79th Regiment of Foot”. São apenas 50 segundos onde podemos escutá-la sendo tocada com uma gaita de fole.
Outra curiosidade é que a banda queria colocar as faixas “The Bard Song – in the Forest” e “Theatre of Pain” como singles, mas a gravadora não considerou. E ambas as músicas se tornaram populares. Sobre a primeira, ela é inspirada em um jogo para PC, chamado “The Bard’s Tale“.
“Somewhere Far Beyond”, nos dá uma verdadeira satisfação após o término da audição e uma sensação do final de um ciclo da banda. O disco foi aclamado por fãs da Europa e do Japão, fazendo com que este aclançasse a 15ª posição nas paradas da terra do sol nascente. Com isso, a banda realizou a sua primeira turnê fora da Europa e as apresentações no Japão em 1993 renderam o primeiro disco ao vivo dos caras, o maravilhoso “Tokyo Tales”.
Em 2023, durante a primeira das duas passagens da banda pelo Brasil, no festival Summer Breeze, a banda tocou o aniversariante do dia na íntegra, para alegria de todos os presentes. Este ano, durante a apresentação no Bangers Open Air, o Blind Guardian incluiu em seu repertório somente a música “The Bard Song – in the Forest“.
Em 2007, o nosso aniversariante foi relançado, ganhando duas faixas bônus: versões demo para as faixas “Ashes to Ashes” e “Time What is Time”. Mas o mais importante é o legado que este álbum deixou e também o fato de que ele envelhece bem. Então é dia de celebrar e exaltar este play, que em agosto de 2024, ganhou uma regravação, batizada de “Somewhere Far Beyond Revisited“, lançada pela Nuclear Blast. Vamos pôr esse disco para tocar no volume máximo enquanto aguardamos o novo disco de inéditas da banda, que vai suceder o ótimo “The God Machine” (2022).
Somewhere Far Beyond – Blind Guardian
Data de lançamento – 29/06/1992
Gravadora – Virgin
Faixas:
01 – Time What is Time
02 – Journey Through the Dark
03 – Black Chamber
04 – Theatre of Pain
05 – The Quest for Tanelorn
06 – Ashes to Ashes
07 – The Bard’s Song – in the Forest
08 – The Bard’s Song – The Hobbit
09 – The Pipper’s Calling
10 – Somewhere Far Beyond
Bônus tracks da edição japonesa:
11 – Spread Your Wings
12 – Trial by Fire
13 – Theatre of Pain (Classic Version)
Formação:
Hansi Kursch – baixo/vocal
André Olbrich – guitarra/violão
Marcus Siepen – guitarra/violão
Thomen Stauch – bateria
Participações especiais:
Kai Hansen – guitarra solo (em “The Quest for Tanelorn”)
Piet Sielck – efeitos/guitarra
Mathias Wiesner – efeitos/ baixo (em “Spread Your Wings”)
Rolf Köhler – backing vocal
Billy King – backing vocal
Kalle Trapp – backing vocal
Stefan Will – piano
Peter Rübsam – gaita de fole