Memory Remains

Memory Remains: Bruce Dickinson – 25 anos de “The Chemical Wedding” e o até logo em grande estilo na carreira solo

15 de setembro de 2023


Há exatamente 25 anos, em 15 de setembro de 1998, Bruce Dickinson lançava “The Chemical Wedding”, seu quinto álbum solo e o último antes de seu retorno ao Iron Maiden. Este é o destaque do nosso “Memory Remains” desta sexta-feira.

A carreira solo de Bruce ia muito bem, obrigado. Após a repercussão morna do álbum “Skunkworks” (1996), ele refez a parceria com Adrian Smith e chamou de volta Roy Z e o restante de sua banda, o Tribe of Gypsies. Gravaram “Accident of Birth“, considerado por muitos como o melhor álbum da sua carreira solo. Mas ele queria mais e a superação veio com o aniversariante do dia.

Então eles retornaram aos mesmos estúdios que gravaram o álbum antecessor: o Silver Cloud e o Sound City, ambos na Califórnia, em um período bastante longo, entre janeiro e junho de 1998. A produção ficou a cargo de Roy Z. A bolacha foi lançada pela Air Red, selo formado pelo próprio Bruce Dickinson e que em sua curta duração, lançou somente 7 títulos: 3 álbuns de Bruce e mais 4 do Samsom, banda que o frontman cantava antes de ir para o Iron Maiden.

O lançamento original conta com dez músicas em 55 minutos. A versão que este redator que vos escreve conta com uma faixa bônus, a ótima “Real World“. Existe ainda uma versão que conta com mais duas faixas bônus, além da já citada “Real World“. São elas: “Return of the King” e “Confeos“. Musicalmente, o álbum é o mais consistente e o mais pesado de toda a carreira de Bruce como um todo. Difícil escolher uma só música, pois todas são ótimas. A começar pela pesada e caótica “King in Crimson“, que abre o play, passando pela densa “The Chemical Wedding“, a grooveada “The Tower“, as baladas “Gates of Urizen” e “Jerusalem“, que quebram o ritmo que vinha dando peso nas cinco primeiras faixas. “Trumpets of Jericho“, que tem belos riffs de guitarra e fez parte da trilha sonora do filme “A Noiva de Chucky” e também “Machine Men“, cuja introdução lembra muito uma parte de “Sympton of the Universe“. É um disco que dá prazer em se ouvir de ponta a ponta.

Na parte lírica, Bruce escreveu um álbum semi-conceitual, onde ele se inspirou nada mais nada menos no escritor britânico William Blake, que viveu entre os séculos XVIII e XIX. No decorrer do álbum, Bruce faz citações às obras de William Blake, como em “Jerusalem“, onde um trecho da obra “And Did They Foot in Ancient Time“, além da arte da capa ter sido retirada da pintura “The Ghost of a Flea“. A exceção é a faixa-titulo, inspirada no livro homônimo, de origem alemã, datada do século XV. O próprio Bruce certa vez explicou sobre as letras do aniversariante do dia. Vamos conferir abaixo:

Cada música tem uma espécie de quadro em que opera. A primeira música é sobre medo, a segunda música é sobre tragédia, a terceira música é sobre união. Você pode escolher um tema ou tópico para cada música, de modo que seja sobre isso que a música trata e então colocá-la em um quadro. Por exemplo, uma das músicas é sobre o fracasso e a música se chama “The Trumpets of Jericho”. Na história das trombetas de Jericó na Bíblia, os muros caem quando as tribos de Israel andam pela cidade e tocam suas trombetas. Exceto que nesta música eles não fazem isso, não funciona. Você fez tudo certo, está tudo bem, mas a parede ainda está de pé. E o que você faz? Como você encara esse fato? E tudo isso faz parte de toda a alquimia. O que os alquimistas estavam tentando fazer? Eles estavam tentando alcançar algo que era virtualmente impossível, passaram a vida inteira tentando fazer isso e todos falharam, ou quase todos falharam. Então, como é isso, como funciona e por que continuar. Então é assim que as músicas funcionam. E você não precisa entrar em todos esses detalhes, você pode simplesmente sentar aí e deixar isso bater na sua cabeça como uma marreta, porque o álbum funciona, é apenas um álbum muito pesado. Mas está tudo aí se você quiser vasculhar as palavras.”

O álbum foi muito bem recebido pela crítica especializada e pelo público, o que ajudou a consolidar ainda mais a carreira solo de Bruce Dickinson. “The Chemical Wedding” figurou em poucos charts pelo mundo: ficou em 22° na Finlândia, 31° na Suécia, 41° na Alemanha, 55° no Reino Unido e 64° no Japão. A turnê foi um sucesso e os shows de São Paulo, na saudosa casa Via Funchal, foram gravados e viraram o álbum ao vivo “Scream for me Brazil“. Das doze músicas contidas neste álbum ao vivo, nada menos que sete são do nosso homenageado. Ficaram de fora apenas “Jerusalem“, “Machine Men” e “The Alchemist“.

Foi uma bela interrupção na carreira solo, uma vez que tanto Bruce quanto Adrian Smith anunciaram o retorno ao Iron Maiden, por onde continuam até hoje. Bruce ainda lançaria mais um álbum solo, “A Tyranny of Souls“, lançado em 2005 e que também já falamos dele, se você tiver perdido, poderá ler clicando AQUI. Mas hoje é dia de celebrar esse álbum maravilhoso. Bruce está nos devendo um álbum solo, algo que já havia sido prometido por ele. Este ano ele esteve no Brasil realizando um show com orquestra e também fazendo palestras. Enquanto não vem um novo disco, vamos escutar essa bolacha no volume máximo.

The Chemical Wedding – Bruce Dickinson

Data de lançamento – 15/09/1998

Gravadora – Air Red

 

Faixas:

01 – King in Crimson

02 – The Chemical Wedding

03 – The Tower

04 – Killing Floor

05 – Book of Thel

06 – Gates of Urizen

07 – Jerusalem

08 – Trumpets of Jericho

09 – Machine Men

10 – The Alchemist

 

Formação:

Bruce Dickinson – vocal

Roy Z – guitarra/ teclados/ backing vocal

Adrian Smith – guitarra/ teclados/ backing vocal

Eddie Casillas – baixo

Dave Inghram – bateria

 

Participações especiais:

Arthur Brown – narração

Greg Schultz – teclado

The Guru – backing vocal em “Killing Floor

Frazeeke MC – backing vocal em “Killing Floor

Willy 666 – backing vocal em “Killing Floor

Craig Lichtenstein – backing vocal em “Killing Floor