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Memory Remains: Cannibal Corpse – 31 anos de “Eaten Back to Life” e a estreia sob influência do Sepultura

Memory Remains: Cannibal Corpse – 31 anos de “Eaten Back to Life” e a estreia sob influência do Sepultura

16 de agosto de 2021


Em 16 de agosto de 1990, o Cannibal Corpse lançava o seu disco de estréia: E “Eaten Back to Life” é um disco que em termos de sonoridade, nem de perto lembra o que se tornaria a banda nos dias de hoje. Mas as letras já eram doentias, assim como sua capa. Da formação atual, apenas Alex Webster e Paul Mazurkiewicz estavam presentes no disco de estreia, que se destaca pela veia mais Thrash Metal. O marco zero dos reis do Death Metal é assunto do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

A banda levava a sério essa sonoridade Thrash, tanto que no encarte do disco, eles citaram como influência nada mais nada menos do que o clássico “Beneath the Remains” do Sepultura, lançado um ano antes, o primeiro registro internacional dos mineiros. Um orgulho para nós brasileiros, não é mesmo?

Até o produtor escolhido fora o mesmo Scott Burns, que um ano antes havia vindo ao Brasil gravar o próprio “Beneath the Remains“. A banda, originária da cidade de Buffalo, se deslocou para Tampa, na Flórida, cidade que é tão importante para o Death Metal quanto a Bay Area se tornou importante para o Thrash Metal oitentista. E no “Morrisound Studios“, onde o mesmo Sepultura gravaria o “Arise” um ano depois, também sob a batuta de Scott Burns, nascia o homenageado de hoje. Vamos então sem mais delongas, dissertar sobre esse petardo.

A bolacha abre com a rápida “Shredded Humans“, essa sim, mais puxada para o Death Metal. O timbre das guitarras em muito lembra o do Sepultura. É bom lembrarmos que o produtor era o mesmo, o que explica muita coisa. Essa música é muito boa, embora seja primitiva, se compararmos com a técnica dos caras hoje em dia e a complexidade que eles usam e abusam nas músicas atuais. Mas o começo é excelente.

Edible Autopsy” é outro petardo, em que a banda já mostrava ser capaz de mudanças de andamento em suas composições: já na introdução em que a banda executa sutis mudanças, até o desenvolvimento da música, que se dá através das palhetadas precisas da dupla Jack Owen e Bob Rusay. Muito boa!

Put Them to Death” é curta e grossa. Mostrando que os caras não chegaram para brincar. Aqui a influência do Sepultura é ainda mais explícita e nos remete a fase “Schizophrenia” se mostram mais latentes, só que o Cannibal Corpse ainda era mais violento, agressivo e letal, sem desmerecer o trabalho dos brasileiros que fora brilhante.

Mangled” é um Thrash/Death bem estruturado, com boas e diversas mudanças de andamento em sua extensão. Aqui já temos uma pequena demonstração da técnica de Alex Webster no baixo. Eu sempre faço questão de salientar isso em qualquer texto, resenha ou conversa com amigos, pois além de o cara ter uma técnica absurda, ele se propõe a tocar Death Metal sem o uso de palheta.

Chegou a hora de uma das músicas mais famosas deste disco: “Scattered Remains, Splattered Brains”. Curta, agressiva e até hoje ainda tocada pelos caras ao vivo. E não pode deixar um petardo desses de fora. Era o começo de tudo. “Born in a Casket” é outra pérola para ninguém colocar defeito: os riffs da introdução são alguns dos melhores já compostos pela banda em toda a carreira. A música tem suas quebras no andamento como se tornaria o padrão do Cannibal Corpse. Eu ainda penso que as partes mais arrastadas melhores do que as partes rápidas, mas elas se completam. De vez em quando a música entra no setlist, e ela fica ainda melhor com George Corpsegrinder no vocal e o caro leitor pode constatar isso no vídeo logo no início deste texto.

Rotting Head” é outra que nos leva a comparação com o Sepultura do “Beneath the Remains“, em que alguns riffs nos fazem lembrar da excelente “Primitive Future“. Aqui a pancadaria rola ao longo quase toda a música. Só o solo ainda não era uma coisa bem trabalhada, mas já era veloz.

The Undead Will Feast” mais parece a continuação da música anterior, só que essa ainda mais agressiva e veloz em praticamente toda sua extensão. Aqui novamente Alex Webster aparece com sua técnica. “Bloody Chunks” é outra bem curtinha, mas nem por isso foge à regra das anteriores: rápida, extrema, agressiva. Muito boa. Vale lembrara que essa música foi relançada como bônus da edição japonesa do álbum “VILE” (1996), que marcou a estreia do vocalista GeorgeCorpsegrinder“, e em 2003 entrou no tracklisting do EP “Worm Infested“, recentemente lançado aqui no Brasil.

A primeira música deste disco que o redator que vos escreve conheceu chega com tudo: a rápida e violenta “A Skull Full of Maggots“. Essa música está presente no disco ao vivo dos caras, “Live Cannibalism“, que foi a minha porta de entrada para me tornar um fã incondicional da banda. E para a minha alegria e a de muitos fãs também, os caras tocam esse som até hoje em suas apresentações. Ela também é curta, mas maravilhosa e eleita por mim como a melhor deste disco.

A obra se encerra com “Buried in the Backyard” com sua introdução bem longa, de quase dois minutos e meio de rispidez e velocidade, para na primeira estrofe haver uma breve mudança de andamento, mas logo tudo volta como começou: riffs desesperadores, bateria rápida e Chris Barnes urrando com toda sua força. O trampo das guitarras aqui é excelente. Quem tem a versão remasterizada do disco como o redator aqui, ainda ganhou um vídeo bônus para a música “Born in a Casket“, que pode ser assistida no PC. Esta já traz GeorgeCorpsegrinder” no vocal e a formação que ficou por mais tempo estabilizada

E em quase 36 minutos o Cannibal Corpse abriu com maestria a sua carreira. Um excelente disco, onde a banda mostrava potencial para se consolidar como um dos nomes da música extrema. Um disco honesto, pesado, com temas horrendos, que conquistaria fãs ao redor do globo terrestre. A banda iria moldando seu som, no segundo disco já incluiria com mais intensidade as influências do Death Metal, que a partir de “Tomb of Mutilated” seria o estilo definitivo dos caras. A importância deste play é por ter sido o marco zero, o pontapé inicial destes que seriam mais tarde reconhecidos como os reis do Death Metal.

À época do seu lançamento, o aniversariante do dia foi banido da Alemanha, mas essa proibição foi revogada no ano de 2006. Fica aqui a nossa expectativa para que as coisas se normalizem, que essa pandemia se encerre, e que em breve possamos testemunhar o Cannibal Corpse em cena, porque quem já os viu, certamente irão concordar com este redator que vos escreve: os caras são matadores em cima dos palcos. E esse tipo de morte, a musical, é, definitivamente, aquela que nós queremos ver e não essa patrocinada por um certo presidente genocida, que demorou para se coçar e comprar vacinas, ceifando quase 600 mil vidas.

 

Eaten Back to Life – Cannibal Corpse
Data de lançamento – 16/09/1990
Gravadora – Metal Blade

Faixas:
01 – Shredding Humans
02 – Edible Autopsy
03 – Put Them to Death
04 – Mangled
05 – Scattered Remains, Splattered Brains
06 – Born in a Casket
07 – Rotting Head
08 – The Unholy Will Feast
09 – Bloody Chunks
10 – A Skull Full of Maggots
11 – Buried in the Backyard

Formação:
Chris Barnes – Vocal
Jack Owen – Guitarra
Bob Russey – Guitarra
Alex Webster – Baixo
Paul Mazurkiewicz – Bateria