Há 35 anos, em 16 de agosto de 1990, o Cannibal Corpse lançava o seu disco de estréia: E “Eaten Back to Life”, e o debut dos reis do Death Metal é tema do nosso Memory Remains deste sábado.
é um disco que em termos de sonoridade, nem de perto lembra o que se tornaria a banda nos dias de hoje. Mas as letras já eram doentias, assim como sua capa. Da formação atual, apenas Alex Webster e Paul Mazurkiewicz estavam presentes no disco de estreia, que se destaca pela veia mais Thrash Metal. A banda levava a sério essa sonoridade Thrash, tanto que no encarte do disco, eles citaram como influência nada mais nada menos do que o clássico “Beneath the Remains” do Sepultura. Um orgulho para nós brasileiros, não é mesmo?
Até o produtor escolhido fora o mesmo Scott Burns, que um ano antes havia vindo ao Brasil gravar o próprio “Beneath the Remains“. E a banda, originária da cidade de Buffalo, se deslocou para Tampa, na Flórida, cidade que é tão importante para o Death Metal quanto a Bay Area se tornou importante para o Thrash Metal oitentista. E no “Morrisound Studios“, de propriedade de Scott, onde o Sepultura gravaria o “Arise” um ano depois sob a batuta do mesmo Scott Burns, nascia o homenageado de hoje.
“Eaten Back to Life” conta com participações do líder do Deicide, Glen Benton e do vocalista Francis Howard, ex-Incubus. Ambos gravaram Backing vocais nas músicas “Mangled” e em “A Skull Full of Maggots“. Aliás, este é um dos raros álbuns da banda que contam com participações de membros de outras bandas.
Com relação às letras e aos títulos, que causam horror a qualquer pessoa que não esteja minimamente envolvida com o Death Metal, o guitarrista Jack Owen disse que os nomes das músicas eram concebidos antes mesmo de as letras serem escritas. E Alex Webster disse que queria fazer algo de diferente nas letras que as bandas de Death Metal surgidas no mesmo período faziam. Aspas para o baixista do Cannibal Corpse:
“Vimos que muitas bandas na Flórida pareciam ter uma coisa mais sombria e anti-religião acontecendo [como Morbid Angel e Deicide], então decidimos fazer algo sangrento com a arte e as letras.”
O baterista Paul Mazurkiewicz certa vez lembrou como eram os primórdios do Cannibal Corpse e aqui iremos reproduzir uma de suas entrevistas sobre o período:
“Eram apenas amigos se reunindo para tocar músicas que amávamos. […] É tão simples quanto era e é assim que começa: você não está pensando em nada no futuro, você está apenas pensando: ‘Vamos nos reunir, fazer alguma música legal que gostamos’. Quando o Cannibal foi formado, definitivamente queríamos levar isso para o próximo nível, mas ainda estávamos apenas tocando músicas que gostávamos.”
Em sua estreia, o Cannibal Corpse traz um ótimo álbum. São onze canções e duração de 35 minutos. Alguns clássicos da banda nasceram aqui, como “A Skull Full of Maggots“, “Born in a Casket” e “Scattered Remains, Splattered Brains”, que ainda hoje são lembradas nos shows da banda, e outras boas músicas como “Edible Autopsy” e “Put Them to Death“, esta última, lembra muito o Sepultura da fase “Schizophrenia“. O álbum tem muita influência do Thrash Metal, mas depois a banda iria se consolidar como uma das referências do Death Metal.
Há também no encarte, uma dedicatória à Alfred Packer, um garimpeiro estadunidense que viveu entre o final do século XIX e o início do século XIX e conhecido como o “Canibal do Colorado”, o primeiro homem conhecido por praticar o canibalismo, ainda que não existam até os dias de hoje, nenhuma evidência tenha sido esclarecida. Seus supostos crimes teriam acontecido durante o inverno do hemisfério norte do ano de 1874.
A versão remasterizada do disco traz um vídeo bônus para a música “Born in a Casket“, tocada em uma apresentação e que pode ser assistida no PC. Esta já traz George “Corpsegrinder” no vocal e a formação que ficou por muito tempo junta, até o momento em que Pat O’Brien foi lá e se meteu a sair atirando em seus vizinhos e tocando fogo nas casas próximas a sua, culminando em sua prisão.
O álbum foi muito bem recebido, tanto pela crítica especializada, quanto pela legião de fãs que o Cannibal Corpse tem pelo mundo. Claro que o álbum não figurou nas paradas de sucesso, mas envelhece muito bem, obrigado e segue sendo uma das grandes referências não só da própria banda, mas do Death Metal de maneira geral.
“Eaten Back to Life” é um disco honesto, pesado, com temas horrendos, que conquistaria fãs ao redor do globo terrestre. A banda iria moldando seu som, no segundo disco já incluiria com mais intensidade as influências do Death Metal, que a partir de “Tomb of Mutilated” seria o estilo definitivo dos caras. A importância deste play é por ter sido o marco zero, o pontapé inicial destes que seriam mais tarde reconhecidos como os reis do Death Metal.
À época do seu lançamento, o aniversariante do dia foi banido da Alemanha, mas essa proibição foi revogada no ano de 2006. Felizmente o Cannibal Corpse segue firme e forte na ativa, fazendo shows e lançando álbuns. Aliás, já está na hora deles nos brindar com o sucessor do ótimo “Chaos Horrific“, lançado em 2023. Longa vida ao Cannibal Corpse.
Eaten Back to Life – Cannibal Corpse
Data de lançamento – 16/09/1990
Gravadora – Metal Blade
Faixas:
01 – Shredding Humans
02 – Edible Autopsy
03 – Put Them to Death
04 – Mangled
05 – Scattered Remains, Splattered Brains
06 – Born in a Casket
07 – Rotting Head
08 – The Unholy Will Feast
09 – Bloody Chunks
10 – A Skull Full of Maggots
11 – Buried in the Backyard
Formação:
Chris Barnes – vocal
Jack Owen – guitarra
Bob Russey – guitarra
Alex Webster – baixo
Paul Mazurkiewicz – bateria
Participações especiais:
Glen Benton – backing vocal
Francis Howard – backing vocal