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Memory Remains: DEATH – 22 anos de ‘The Sound Of Perseverance’, a última honrosa aparição dos pais do Death Metal

Memory Remains: DEATH – 22 anos de ‘The Sound Of Perseverance’, a última honrosa aparição dos pais do Death Metal

31 de agosto de 2020


https://www.youtube.com/watch?v=ZnJVcuUDnW4

Em 31 de agosto de 1998, o DEATH lançava o oitavo e último disco de sua carreira: “The Sound of Perseverance” tem histórias curiosas. Embora tivesse a difícil missão de manter o mesmo nível ou até mesmo superar seu antecessor, o maravilhoso “Symbolic”, considerado por muitos como sendo o melhor disco da banda, a empreitada de Chuck Schuldiner foi muito bem sucedida.

As músicas presentes aqui seriam parte de um projeto que Chuck Schuldiner estava preparando e que até saiu do papel: o CONTROL DENIED Porém, o frontman assinou com a Nuclear Blast e ele acabou usando o material em um novo play do DEATH, tanto que é nítida a diferença na sonoridade neste play, porém, neste caso aqui, a surpresa era mais do que agradável. A intenção de Chuck seria de concentrar os esforços em seu novo projeto a partir daquele momento.

Então a banda se reuniu no “Morrisound Studios”, em Tampa, Florida, com Chuck e Jim Morris na produção. Com mais mudanças na fomração, Shannon Hamm assumiu as guitarras em lugar de Bobby Koelble; Scott Clendenin entrou no baixo no lugar de Steve DiGiorgio (N.do R: este ainda gravou as demos) e Richard Christy substituiu o excepcional Gene Hoglan na bateria. Vamos então destrinchar essa coisa linda que iremos destrinchar abaixo.

Temos a abertura com a sensacional “Scavenger of Human Sorrow”, que começa com a bateria violentamente agressiva e cheia de quebradeira de Richard Christy. E que sonzeira, cheia de partes diferentes, de mudanças de andamento durante toda a sua extensão, com aquela violência e velocidade no refrão. É a minha música favorita da carreira do DEATH. E foi também a primeira que eu escutei dos caras. Ela é pesada, linda, perfeita!

“Bite the Pain” tem o começo bem melódico, tranquilo para os padrões do DEATH, mas isso é pura “enganação”. Logo os riffs agressivos de Chuck Schuldiner entram em ação em conjunto com os bumbos duplos de Richard . E aqui temos várias partes diferentes, diversas variações, uma outra música que mostra que a capacidade criativa de Chuck era impressionante.

Outra das minhas favoritas do Death chega, com o baixo de Scott Clendenin anunciando: “Spirit Crusher”. Que som lindo, bem progressivo nas estrofes e com a quebradeira e o selo de qualidade do DEATH em seu refrão. Já “Story to Tell” é mais arrastadona, porém, densa e muito pesada em que o baixo de Scott Clendenin dá mais peso, ajudando os riffs da dupla Chuck e Shannon Hamm. Um sonzão.

“Flesh and the Power It Holds” é fantástica, um clima atmosférico toma conta deste som na sua intro e logo temos de volta partes rápidas com riffs hipnóticos e com Richard Christy destruindo tudo com seu bumbo duplo. As mudanças de andamento são absurdas e tudo volta a ser rápido do meio para o final. Que som é esse, senhores.

“Voice of the Soul” é instrumental e começa com um violão bem agradável em sua intro, que logo se junta a um solo de guitarra e ambos vão trabalhando juntos até o final, sem a participação do baixo e da bateria. E com melodias bem interessantes, sendo uma faixa que acalma os ânimos de um disco caótico de pesado. Detalhe que, de acordo com entrevista concedida por Chuck, em 1999, esta é uma composição dos tempos de “Symbolic”.

“To Forgive is to Suffer” traz novamente as viradas sensacionais de Richard Christy, e aqui temos uma faixa bem Heavy Metal em suas partes mais rápidas, chegando a lembrar o JUDAS PRIEST, mas, claro, com aquelas mudanças de andamento que parecem não fazer sentido algum, porém, isso é a essência do DEATH. Uma banda  que sob a batuta do seu mentor Chuck Schuldiner era assim. Fazia músicas complexas, em que você viaja do Death Metal ao Progressivo em segundos. E aqui até os blast-beat’s dão as caras em algum momento.

“A Moment of Clarity” começa com riffs mais cadenciadas e logo a música descamba para um Death Metal rápido, mudando bruscamente seu andamento no refrão e tendo a inclusão de solos pra lá de melódicos. Temos ainda o cover do JUDAS PRIEST. “Painkilker” de bônus track. Se a versão original é matadora, a do ANGRA é a mais técnica, a do DEATH é mais letal e agressiva. E com os vocais rasgados de Chuck a música ganhou ainda mais potência. Conseguiram melhorar o que já era perfeito.

E em pouco mais de 56 minutos temos aqui o canto do cisne do DEATH. Um disco poderoso e que, como dito no início deste texto, quase não saiu sob o nome da banda principal de Chuck Schuldiner. Ele viria a falecer três anos mais tarde, mas antes lançou o seu projeto CONTROL DENIED. O vocalista do projeto seria o seu amigo de longa data, Warrel Dane, que declinou por conta de compromissos com o NEVERMORE. E o curioso é que ambos morreram no mesmo dia 13 de dezembro.

O aniversariante de hoje além de se revelar uma obra prima e um final bastante honesto e honroso para o DEATH, O play figurou em alguns charts pelo mundo, como por exemplo na Áustria, onde alcançou a 35ª posição, na Alemanha chegou ao 60º lugar e na Holanda ficou em 93º. É um grande feito, principalmente por se tratar de uma banda extrema.

Foi o primeiro disco da banda que eu escutei, e aguçou a minha curiosidade em desbravar a discografia desta lenda chamada Chuck Schuldiner, porém, este acabou sendo eleito por mim como o melhor disco do DEATH. Não o temos entre nós para nos brindar com seus riffs intrincados e músicas pra lá de técnicas e complexas, então encerro este texto com uma frase que eu tenho repetido de forma muito recorrente: eu escuto gente morta.

The Sound of Perseverance – Death
Data de lançamento – 31/08/1998
Gravadora – Nuclear Blast

Faixas:
01 – Scavenger of Human Sorrow
02 – Bite the Pain
03 – Spirit Crusher
04 – Story to Tell
05 – Flesh and the Power it Holds
06 – Voice of the Soul
07 – To Forgive is a Suffer
08 – A Moment of Clarity
09 – Painkiller

Formação:
Chuck Schuldiner – Vocal/ Guitarra
Shannon Hamm – Guitarra
Scott Clendenin – Baixo
Richard Christy – Bateria