Há 28 anos, em 23 de setembro de 1997, o Dream Theater lançava “Falling Into Infinity“, quarto álbum de uma das mais influentes bandas de Progressive Metal, que é tema do nosso Memory Remains desta terça-feira.
A banda colhia os frutos do álbum antecessor, “Awake” e mesmo que não tenha sido um sucesso de vendas, pôs a banda em um patamar respeitável. Ainda assim, havia uma pressão muito grande por parte da gravadora para que eles fizessem um álbum mais comercial e acessível nas rádios, o que acabou gerando um grande atrito entre as partes.
E o atrito só aumentou ainda mais quando a banda apresentou o projeto do álbum, que era de fazer um álbum duplo, com duração total de 140 minutos, o que foi categoricamente recusado pela gravadora, que chegou a contratar o produtor Desmond Child. Ele ajudou reescrevendo a música “You or Me“, que teve o título trocado para “You Not Me” e teve o solo de guitarra encurtado.
Uma música que deveria entrar no álbum duplo proposto pela banda seria “Raise the Knife“, que acabou ficando de fora, mas ainda assim, a banda incluiu uma referência para a música excluída, incluída na já citada “You Not Me” e ela pode ser ouvida na melodia do teclado na segunda metade desta canção.
Kevin Shirley, que havia feito o álbum “Counterparts“, do Rush, foi chamado para a produção, mas a relação entre banda e gravadora era tão péssima que, este foi o último álbum do Dream Theater a ser produzido por alguém que não fosse integrante do próprio grupo. A partir do álbum subsequente, John Petrucci e Mike Portnoy, o que não significa que a relação com Kevin Shirley tenha ficado ruim, pois ele mixou alguns outros álbuns até o ano de 2011.
Esse é o único álbum de estúdio a contar com o tecladista Derek Sherinian, que havia entrado em 1994, no lugar de Kevin Moore. Ele ainda tocou no álbum ao vivo “Once a Livetime“, de 1998, e acabou saindo um ano depois, antes de o Dream Theater entrar em estúdio para gravar o álbum “Metrópolis pt. II – Scenes From a Memory“. Em seu lugar, entrou Jordan Rudess, que segue na banda até os dias atuais.
Apesar do clima tenso, o processo de gravação foi rápido de certa forma. Eles foram para o estúdio Avatar, em Nova Iorque, e ficaram lá entre os dias 2 de junho e 30 de agosto de 1997. John Petrucci e Mike Portnoy queriam dar o título de “Stream of Consciousness” ao nosso aniversariante, mas foram convencidos pelos demais músicos a trocar o título por este que conhecemos.
Dando play no álbum, o Dream Theater nos trouxe o Progressive Metal que eles fazem tão bem, com pequenas mudanças em relação ao seu antecessor e nada comercial como queria a gravadora. Temos onze canções em 78 minutos de duração, com destaques para “Peruvian Skies“, “Burnung my Soul“, “Hell’s Kitchen“, além das baladas “Hollow Years“, “Take Away my Pain” e “Anna Lee“. Apenas a primeira música citada ainda é lembrada nos shows atuais da banda.
Diferentemente dos álbuns anteriores, “Falling Into Infinity” recebeu críticas mistas de fãs e da imprensa especializada, onde todos concordaram que se tratava do álbum menos brilhante da banda na década de 1990. Ainda assim, o álbum esteve em algumas paradas de sucesso pelo mundo, como o 5° lugar na Finlândia, 9° na Alemanha, 10° na Hungria, 14° na Suécia, 16° no Japão e nos Países Baixos, 20° na Noruega, 42° na França, 43° na Suiça, 52° na “Billboard 200” e 53° no Canadá.
O baterista Mike Portnoy certa vez falou que se a EastWest, Kevin Shirley e Desmond Child não estivessem envolvidos, que o resultado teria sido bem diferente do que temos aqui. John Petrucci, deu uma entrevista em 2014 e carrega um carinho enorme pelo álbum. Aspas para ele:
“Talvez eu pudesse esclarecer as coisas: acho que isso é um grande mal-entendido. A gravadora não teve influência no álbum. Nós escrevemos o tipo de álbum que queríamos escrever.”
Em 2007, o Dream Theater lançou uma versão demo do álbum, com o projeto original do que deveria ser o disco duplo. O registro traz também um registro do ensaio da música “Metropolis pt. II“, tocada ao vivo. O play está disponível nas plataformas de streaming sob o título “Falling Into Infinity Demos“. Depois de tantos problemas, a banda não teve outra alternativa a não ser sair da gravadora.
Hoje é dia de celebrar esse álbum, que se aproxima de completar 30 anos. O Dream Theater segue em plena atividade, tendo inclusive, lançado o álbum “Parasomnia“, no início deste ano e marcou o retorno de Mike Portnoy depois de alguns anos ausente.
Falling Into Infinity – Dream Theater
Data de lançamento – 23/09/1997
Gravadora – EastWest
Faixas:
01 – New Millennium
02 – You Not Me
03 – Peruvian Skies
04 – Hollow Years
05 – Burning My Soul
06 – Hell’s Kitchen
07 – Lines in the Sand
08 – Take Away My Pain
09 – Just Let Me Breathe
10 – Anna Lee
11 – Trial of Tears (I. It’s Raining / II. Deep in Heaven / III. The Wasteland)
Formação:
James LaBrie – vocal
John Petrucci – guitarra
John Myung – baixo
Mike Portnoy – bateria
Derek Sherinian – teclado
Participação especial:
Dough Pinnick – vocal adicional