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Memory Remains: Green Day – 26 anos de “Insomniac” e a consolidação do Poppy Punk como tendência musical naquele momento

Memory Remains: Green Day – 26 anos de “Insomniac” e a consolidação do Poppy Punk como tendência musical naquele momento

10 de outubro de 2021


Em 10 de outubro de 1995 o Green Day lançava “Insomniac“, seu quarto disco de estúdio, que vinha cheio de expectativas após o boom que havia sido o multiplatinado “Dookie“. O Memory Remains vai de hoje vai te contar um pouco da história deste álbum.

A banda que era apenas mais uma entre tantas bandas californianas, viu do nada seu nome estourar no mundo com “Dookie“. Milhões de discos vendidos, execução nas rádios e na MTV e com o início do declínio das bandas de Seattle, era a vez do Poppy Punk dar as cartas. E o Green Day estava na crista da onda. O trio adentrou ao estúdio “Hyde Street“, em San Francisco, novamente acompanhados por Rob Cavallo, entre os meses de dezembro de 1994 e maio de 1995. O vocalista e guitarrista Billie Joe Armstrong certa vez deu uma declaração sobre este álbum:

“O fato de aquele álbum ter saído, tipo, um ano e meio depois de Dookie, foi a gente tentando cortar a merda das faixas e apenas continuar fazendo música. Isso é tudo que queríamos fazer, continuar fazendo música. Às vezes, sinto que Insomniac é o disco mais honesto que já fiz no momento específico em que foi escrito e gravado.”

Do dia para a noite o Green Day havia se tornado uma banda gigante. Milhões de cópias vendidas, shows em grandes arenas para uma quantidade cada vez maior de pessoas. E no lado pessoal, as coisas andavam bem: Billie Joe havia se casado e o baterista Tré Cool e sua esposa tinham se tornado pais de uma garota. Ainda assim, Billie Joe queria seguir em frente, como ele afirmaria em outra entrevista:

“O que eu realmente queria fazer era continuar trabalhando e escrevendo músicas … Eu realmente não parei para sentir o cheiro da rosa.”

Billie Joe considerou chamar o álbum de “Jesus Christ Supermarket” e “Tight Wad Hill“. “Insomniac” era como se chamava a faixa “Brain Stew” na demo. Um fato curioso é que o frontman esteve com o Winston Smith, que desenhou a capa, Billie Joe ficou impressionado e perguntou como o artista conseguiu desenhar a arte do álbum em tão pouco tempo, e escutou como resposta a frase “simples, eu tenho insônia.” Porém, o próprio vocalista admitiu que o título veio da sua própria insônia, pois acordava muito a noite com os gritos de seu filho. E na música “Brain Stew“, ele fala sobre o uso de metanfetamina para lhe ajudar na insônia. Bom, vamos colocar a bolacha para rolar e conferir o que temos nas 14 músicas que fazem parte deste play.

Armatage Shanks” abre o play e de cara você sente a mesma energia que o disco anterior também emanava. E é aquele negócio, o som do Green Day era simples, direto e reto. E para um Power-Trio, o resultado era bem satisfatório. “Brat” é uma das mais divertidas de todo o play, essa um pouco mais veloz que a anterior. Nós tentamos colocar o clip aqui na matéria, mas infelizmente, as restrições do YouTube quanto a classificação etária não nos permitiram.

A seguir, dois dos singles que tocaram à exaustão tanto nas rádios quanto na MTV: “Stuck With me“, essa com contornos bem pop, embora pesada até certo ponto, com bos linhas de baixo, e “Geek Stink Breath“, essa mais arrastada e bem pesada para os padrões do trio. E com um clip bem medonho, mostrando um Billie Joe tendo um dente arrancado. Bons tempos. “No Pride” é a música típica do Green Day dos anos 1990: curta, direta e divertida.

Bab’s Uvula Who?” tem a pegada Punk noventista e aqui destaco o timbre da guitarra de Billie Joe, que nunca chegou nem perto se ser um virtuoso do instrumento, mas é bom na simplicidade que sempre se propôs. “86” é o que alguns chamam de Hardcore melódico, seja lá o que quer que essa expressão signifique, até porque, Hardcore é algo que o Green Day nunca foi, mas a música em si aqui é legal e sua melodia é encantadora. As linhas de baixo de Mike Dirnt são bem legais.

Metade do disco já passou sem que a gente tivesse percebido e Mike Dirnt chega com linhas de baixo, que viram uma intro bem longa, que por sua vez deságua em uma bela canção, assim podemos definir “Panic Song“, uma música cujos riffs dão essa sensação de pânico. Excelente. “Stuart and the Ave” tem o mesmo clima das músicas de “Dookie“, o álbum anterior e é bem agradável. Aqui, o destaque é o baterista Tré Cool, com batidas firmes e boas viradas. De longe, ele é o melhor músico da banda.

Brain Stew” e seus riffs que se repetem durante toda a canção e que soam até que pesados, é outro belo momento do play. “Jadded” é a canção que a sucede e mais parece uma continuação da anterior, uma vez que emenda ao final, é a música mais rápida do play e ela é certeira. A parte curiosa é que no álbum, as duas faixas são separadas, porém, quando foram lançadas como singles, a banda optou por lançar as duas faixas juntas. “Westbound Sign” é simples e dá seu recado, ajudando a manter o nível do álbum lá no alto.

As duas faixas finais, “Tight Wad Hill” e “Walking Contradiction” são outras que podemos colocar entre os destaques do álbum; a primeira se destaca por ser uma música tipicamente Punk Rock californiano e a segunda, já mais arrumadinha, tocou bastante nas rádios e na MTV, inclusive com um videoclipe bem divertido, que o leitor pode conferir mais abaixo.

São 33 minutos que passam como um foguete por nossos ouvidos e se o resultado não beira a excelência como foi com “Dookie“, não se pode desprezar a continuidade que a banda deu nesse trabalho, cujas músicas são bem feitas e a produção acertou mais uma vez, transformando o Green Day como uma das maiores bandas daquela segunda metade dos anos 1990.

Muitos compararam o aniversariante do dia ao álbum “In Utero“, do Nirvana, pelo fato de a banda de Kurt Cobain ter apresentado um som mais sombrio em relação ao multiplatinado “Nevermind“. Honestamente eu penso que essa comparação não faz o menor sentido, uma vez que “Insomniac” nem é tão obscuro assim em comparação ao antecessor. É menos comercial, mas ainda assim tocou muito e ajudou a consolidar ainda mais o nome Green Day na cena.

Insomniac” estreou de cara na 2ª posição na “Billboard 200” e vendeu 171 mil cópias na primeira semana. Ao redor do mundo, o play também foi um sucesso: 1° lugar na Finlândia, 2° lugar na Áustria e no Canadá, 5° na Austrália, Nova Zelândia e Suécia, 6° na Hungria e 8° na Suiça e no Reino Unido. Foi premiado com duplo platina nos Estados Unidos e no Canadá; platina no Reino Unido, Japão e Austrália; ouro na Argentina, Nova Zelândia, Finlândia, Espanha, Áustria e até o Brasil entrou na vibe. O Green Day foi muito bem recebido por essas terras tupiniquins.

Hoje a banda mudou muito sua sonoridade, está ainda mais Mainstream, mas essa época aqui é com certeza a melhor e a mais honesta vivida por esse trio californiano. “Insomniac” é um disco que envelhece bem e de vez em quando ele toca no talo no meu CD player. Hoje é dia de celebrar esse play, que merece todos os confetes.

Insomniac – Green Day
Data de lançamento – 10/10/1995
Gravadora – Reprise

Faixas:
01 – Armatage Shanks
02 – Brat
03 – Stuck With me
04 – Geek Stink Breath
05 – No Pride
06 – Bab’s Uvula Who?
07 – 86
08 – Panic Song
09 – Stuart and the Ave
10 – Brain Stew
11 – Jadded
12 – Westbound Sign
13 – Tight Wad Hill
14 – Walking Contradiction

Formação:
Billie Joe Armstrong – guitarra/vocal
Mike Dirnt – baixo
Tré Cool – bateria