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Memory Remains: Iron Maiden – 22 anos de “Brave New World”, os retornos de Bruce Dickinson e Adrian Smith e a consolidação como sexteto

Memory Remains: Iron Maiden – 22 anos de “Brave New World”, os retornos de Bruce Dickinson e Adrian Smith e a consolidação como sexteto

29 de maio de 2022


Em 29 de maio de 2000, o Iron Maiden lançava “Brave New World“, o álbum de número doze de sua discografia e que é assunto do nosso Memory Remains deste domingão. Vamos contar algumas histórias acerca deste álbum a contar com um marco histórico.

O aniversariante do dia não se trata de um álbum qualquer. Ele marca o retorno de Bruce Dickinson nos vocais, após uma passagem um tanto quanto injusta de Blaze Bayley, que gravou dois álbuns com a donzela na década anterior. E também temos o retorno, bem menos badalado, mas não menos importante, do guitarrista Adrian Smith, que se juntava a Dave Murray e Janick Gers, este último que havia assumido o lugar do próprio Adrian, em 1990.

Com a demissão de Blaze Bayley logo depois do lançamento do álbum antecessor, “Virtual XI”, foi anunciado o retorno de Bruce, que deixou o mundo boquiaberto, ainda mais pelo fato de que o frontman estava em sua carreira solo muito bem-sucedida, e naquele momento, estava no ápice. Ainda assim, ele resolveu deixar tudo de lado e apostou na bola de segurança, que era de retornar e “salvar” a banda

Algumas das músicas presentes aqui foram compostas ainda na época de Blaze e que por alguma razão não foram incluídas no álbum “Virtual XI”. As músicas são “The Nomad”, “The Mercenary” e “Dream of Mirrors”, esta última, inclusive, com participação do ex-vocalista na composição, porém, ele não foi creditado aqui. Steve Harris afirmou em entrevistas que “Blood Brothers” teve seu processo de composição iniciado também no final da década de 1990, não ficando pronta em tempo de ser incluída no álbum derradeiro de Blaze Bayley na banda.

Assim sendo, o agora sexteto se reuniu no “Guillaume Tell Studios”, em Paris, com a masterização feita no “Sterling Sound”, em Nova Iorque. E o mandatário da banda, Steve Harris assinou novamente a produção da bolacha, coisa que ele começou a fazer lá em “Fear of the Dark” e segue fazendo até os dias atuais. A capa foi desenhada por  Derek Riggs. Era a última vez que o artista colaboraria com a banda, e aliás, ele fez um belo trabalho, uma das mais belas capas do Iron em toda a carreira.

Botando a bolacha para rolar, temos nas seis primeiras faixas que nasceram clássicas: “The Wickerman”, o primeiro single e a música mais conhecida deste play, onde o Iron mantém a pegada dos álbuns anteriores, principalmente os da fase Blaze, em que o lado progressivo é bem explorado, com direito a um refrão grudento. Podemos destacar também, as belas linhas de baixo executadas por essa fera chamada Steve Harris, além dos riffs poderosos, tocados agora por Janjck Gers, Adrian Smith e Dave Murray. Não podemos também deixar de lembrar do apoteotico retorno de Bruce Dickinson no vocal. Excelente abertura.

Carlos Pupo/Headbangers News

Ghost of Navigator” é outra que não fica atrás, com uma atmosfera muito boa e repleta de partes complexas, que, apesar de ser uma escolha difícil, é uma das minhas favoritas; a faixa título chega e embora não seja tão enérgica quanto as duas faixas anteriores, é dotada de um clima simplesmente sensacional. Em “Blood Brothers”, temos uma música que nos remete um pouco a algumas coisas que o Iron fez no passado, principalmente em “Piece of Mind”. É uma faixa mais Hard e bem densa, com letra foi composta por Steve Harris em homenagem ao seu falecido pai. Ja “The Mercenary” traz de volta a energia visceral das primeiras faixas. É outra excelente canção.

Dream of Mirrors” é outra que divide a minha predileção do aniversariante de hoje, uma música que começa bem calminha e o vocal de Bruce é o grande destaque, mas a medida que a música se aproxima do final, ela fica mais veloz e ganha mais peso. Simplesmente é uma das melhores músicas de toda a carreira da banda, em minha opinião.

The Fallen Angel” começa bem pesada em uma música bem interessante, ainda que não seja brilhante quanto as seis primeiras, mas que ainda assim vale a pena a audição. “The Nomad” tem bons riffs e é bem pesada, com uma vibe bem Hard e o ouvinte desavisado pode achar que é música da carreira solo de Bruce. Mesmo que com seus nove minutos ela se torne pedante em um certo momento, é uma boa música.

Out of the Silent Planet” traz mais deste Iron Maiden que flerta intensamente com o Progressive Metal, em uma música em que temos bastante mudanças em seu andamento, com destaque para o baixo cavalgado de Steve Harris, que como sempre destila qualidade. E o refrão gruda como chiclete em nossas mentes. “The Thin Lines Between Love and Hate” é um baita Hard N’ Heavy que fecha bem a obra. Com riffs simples e que se repetem em boa parte da música, com algumas mudanças, essa música é muito boa, principalmente em seus solos.

E assim temos um álbum que em seus pouco mais de 66 minutos é brilhante e distancia o Iron Maiden do Heavy Metal tradicional que o consagrou. E essa sutil mudança representou um amadurecimento no som e mesmo que não fosse a primeira vez que a banda tomasse esse direcionamento, aqui em “Brave New World” nós podemos dizer que a banda alcançou de vez a sua maturidade musical.

A recepção ao álbum foi ótima, conforme esperado, tanto pela crítica especializada quanto pelos fãs. Estes, por sua vez, cessariam a chatice que protagonizaram com Blaze Bayley e terminariam também, as constantes comparações. E isso também se refletiu no desempenho da banda nos charts ao redor do mundo: 1º lugar na Suécia, 2º na Finlândia, 3º na Alemanha e na Itália, 4º na Noruega, 7º no Reino Unido, 9º na Suíça, 10º na Áustria e 39º na famosa “Billboard 200”. O álbum vendeu mais de 300 mil cópias somente nos Estados Unidos, até o ano de 2008. Foi certificado com Disco de Ouro na Alemanha, Finlândia, Canadá, Grécia, Polônia, Reino Unido, Suécia, e até mesmo no Brasil, pasme, caro leitor. Esse país consumidor de música de gosto extremamente duvidoso, deu essa honra ao Iron Maiden. Não era a primeira vez que a banda conseguia tal façanha aqui, mas é algo a se dar destaque.

Enfim, um ótimo álbum, que se faz necessário na coleção de qualquer fã do Iron e que vai envelhecendo bem, obrigado. Desejamos uma longa vida à Donzela de Ferro. Hoje é dia de celebrarmos esse belo disco enquanto aguardamos mais uma apresentação deste sexteto que jamais se separou desde então. Dia 2 de setembro é a data aguardada por todos nós, na abertura do Rock in Rio, iremos testemunhar mais uma vez esse pilar do Heavy Metal a mostrar todo seu poderio em cima dos palcos. Bom saber que a banda conseguiu sair ilesa à pandemia, inclusive lançando um novo disco, “Senjutsu“.

Brave New World – Iron Maiden

Data de lançamento: 29/05/2000

Gravadora: EMI

 

Faixas:

01 – The Wickerman

02 – Ghost of Navigator

03 – Brave New World

04 – Blood Brothers

05 – The Mercenary

06 – Dream of Mirrors

07 – The Fallen Angel

08 – The Nomad

09 – Out of the Silent Planet

10 – The Thin Line Between Love and Hate

 

Formação:

Bruce Dickinson – Vocal

Steve Harris – Baixo

Dave Murray – Guitarra

Adrian Smith – Guitarra

Janick Gers – Guitarra

Nicko McBrain – Bateria