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Memory Remains: Iron Maiden – 26 anos de “The X Factor” e as expectativas sobre o substituto de Bruce Dickinson

Memory Remains: Iron Maiden – 26 anos de “The X Factor” e as expectativas sobre o substituto de Bruce Dickinson

2 de outubro de 2021


Se na data de ontem nós comemoramos os 31 anos do lançamento de “No Prayer for the Dying“, (caso você tenha perdido, poderá fazê-lo clicando AQUI), hoje é dia de comemorarmos os 26 anos do décimo disco do Iron Maiden. “The X Factor” é assunto do nosso Memory Remains deste sábado.

Em 1993 Bruce Dickinson resolveu deixar a segurança de ser o vocalista de uma das maiores bandas de Heavy Metal e investir em uma carreira solida que lhe deu muito êxito. Então o mundo da música pesada ficou de olho em quem a Donzela iria escolher como substituto da voz mais potente do Metal. Tinha até brasileiros na disputa: Andre Matos e Edu Falaschi concorreram à vaga, que ficou com um… britânico. Blaze Bayley, oriundo da Wolfsbane foi o escolhido e onze em cada dez headbangers estavam curiosos para saber como era a nova voz do Iron Maiden.

Uma vez escolhido o novo vocal, Steve Harris partiu para compor as letras e músicas que iriam fazer parte do aniversariante do dia. O título é o primeiro desde “Piece of Mind” que não é o título de uma das músicas. O título é uma referência ao número 10 em romanos, que também remete ao décimo álbum da discografia da banda. A temática das letras é bem sombria, fruto dos problemas pessoais pelos quais o manda chuva do Iron Maiden passava naquele momento. O clima sombrio das músicas acabou combinando com o timbre vocal do novato Blaze e o resultado é bastante satisfatório.

A banda se reuniu então no “Barnyard Studios“, na Inglaterra, entre 1994 e agosto de 1995, com uma mudança na produção. Saia o produtor Martin Birch para a entrada de Nigel Green, que assinaria a produção juntamente com Steve Harris. A capa é outra bela sacada: pela primeira vez, Eddie é retratado como se fosse uma pessoa real e não como um desenho e a imagem chega a ser chocante, tendo a mascote com o cérebro a mostra. A arte foi assinada por Hugh Syme e a ideia de trazer um Eddie “real” foi de Dave Murray.

O álbum tem um início arrebatador, sobretudo as cinco primeiras faixas, as quais iremos destrinchar, uma a uma a partir de agora: a bolacha começa a rolar com a intro longa e chata de “Sign of the Cross“, mas para a nossa sorte, quando a música começa para valer, a primeira impressão fica para trás e o que marca é o clima épico que perdura por onze minutos, com inúmeras mudanças de andamento. A letra foi baseada no livro italiano “O Nome da Rosa“, de Umberto Eco.

Lord of the Flies” é outra música arrebatadora. Bem mais curta do que a anterior, porém, nos traz a mesma emoção. Um belo Heavy Metal com riffs simples, porém eficazes, com a letra inspirada no romance homônima de William Golding. Chega a melhor música do Iron Maiden, na opinião modesta deste redator: “Man on the Edge“. Essa foi a música que fez com que eu, então adolescente, passasse a olhar o Maiden com outros olhos, pois até então eu não curtia a banda. E a energia dessa música é uma coisa única. Na voz de Bruce Dickinson, ao vivo, ela fica ainda mais poderosa. A música é inspirada no filme “Falling Down“, estrelado por Michael Douglas, no ano de 1993.

Fortunes of War” é outra música certeira nessa sequência sensacional. Sua pegada é mais prog, com belos solos nos seus sete minutos de duração. Fantástica. “Look for the Truth” encerra essa primeira parte digna de todos os confetes e que tem a mesma vibe da faixa anterior, começando bem lenta e crescendo a medida que se desenvolve. Outra que entra no rol das minhas músicas favoritas de sempre do Iron Maiden.

Carlos Pupo/Headbangers News

A segunda parte do play começa com mais toques progressivos que a faixa “The Aftermath” possui em boa parte de sua extensão, que no solo ganha velocidade e volta a ser o Iron Maiden como soava nos anos 1980. “Judgment of Heaven” vem na sequência e é pesada, contando também com os duetos da dupla Dave Murray e Janick Gers. Chega “Blood on the World’s Hands” e traz um espetáculo de Steve Harris em um belo solo no seu instrumento de 4 cordas, tendo uma parte dessa performance do baixista que lembra demais a música “Natural Science“, do Rush. A música em si é boa e densa, mas ficou ofuscado pela bela performance de Harris.

The Edge of Darkness” é bem pesada e traz mudanças interessantes em seu andamento, além de solos muito bons. A letra foi inspirada no filme “Apocalypse Now“. E se o Maiden já tinha uma música onde o título é dois minutos para meia noite (“2 Minutes to Midnight“), agora eles vieram com outra que continua na madrugada, desta vez “2 A.M.” (ou 2 da manhã), uma música que nem de longe lembra o grande clássico, mas também não chega a ser ruim. “The Unbeliever” e seus oito minutos encerra um álbum que começa muitíssimo bem, mas que vai perdendo o fôlego na parte final.

A edição japonesa foi lançada com três faixas bônus: “Justice for the Peace“, “I Live my Way” e “Judgment Day”, todas elas excelentes canções, com destaque para essa última, um Power Metal digno dos grandes dias da banda. Aí ficamos sem entender porque essas faixas não foram incluídas na versão original do play. Elas são melhores do que qualquer outra da segunda parte. Coisas que jamais conseguiremos entender. Se o leitor tem a versão japonesa, vai entender do que estou falando. Se você não tem, corra atrás, pois as músicas realmente valem a pena.

Apesar de ter suas qualidades, “The X Factor” não fez grande sucesso de vendas: foi apenas Disco de Prata no Reino Unido. Nos charts, ficou em 2° na Finlândia, 4° na Suécia, 8° no Reino Unido e na Bélgica, 16° na Alemanha, 17° no Japão, 19° na Áustria e na “Billboard 200” ocupou a discreta 147ª posição. A turnê foi extensa, incluiu o Brasil, quando a banda foi headliner da versão brasileira do festival “Monsters of Rock” e também rendeu inúmeras críticas dos fãs às performances de Blaze Bayley, em uma das maiores covardias contra esse frontman que jamais perdeu seu carisma é bom humor, mesmo execrado por boa parte das pessoas durante o período que esteve na Donzela.

Enfim, temos um bom disco que hoje apaga as velinhas e merece sim ser celebrado. Blaze segurou um rojão imenso e merece todos os elogios por isso, jamais deixou se abater. Já se passaram 26 anos e o Iron Maiden segue firme na ativa. E no Rock in Rio do ano que vem teremos a oportunidade de ver a banda se apresentar e a probabilidade de eles tocarem ao menos duas músicas deste play (“Sign of the Cross” e “Man on the Edge“) são grandes. Eles sempre as tocavam, no mundo pré-pandemia. Longa vida ao Iron Maiden.

The X Factor – Iron Maiden
Data de lançamento – 02/10/1995
Gravadora – EMI

Faixas:
01 – Sign of the Cross
02 – Lord of the Flies
03 – Man on the Edge
04 – Fortunes of War
05 – Look for the Truth
06 – The Aftermath
07 – Judgment of Heaven
08 – Blood on the World’s Hands
09 – The Edge of Darkness
10 – 2 A.M.
11 – The Unbeliever

Formação:
Blaze Bayley – vocal
Steve Harris – baixo
Dave Murray – guitarra
Janick Gers – guitarra
Nicko McBrain – bateria