Memory Remains

Memory Remains: Kreator – 38 anos de “Pleasure to Kill” e a influência para quem veio depois

1 de abril de 2024


Há 38 anos, no primeiro dia de abril daquele mágico ano de 1986, o Kreator lançava “Pleasure to Kill“, o segundo álbum da carreira destes lindos antifas alemães. E é claro que esse play não ficaria de fora do nosso Memory Remains desta segunda-feira, o primeiro do mês.

Como dissemos acima, 1986 foi um ano mágico para as bandas de Heavy Metal. Metallica com seu “Master of Puppets“, o Slayer com “Reign in Blood“, o Megadeth com “Peace Sells… But Who’s Buying?“, o Destruction com “Eternal Devastation” e o Dark Angel com seu “Darkness Descends“, todos estes álbuns são considerados os melhores lançados pelas referidas bandas. Do outro lado do Atlântico, na Alemanha, o Kreator não deixou por menos e se não fez de “Pleasure to Kill” o seu melhor álbum, colocou-o na prateleira dos grandes lançamentos daquele ano.

O Kreator já tinha deixado uma ótima impressão com seu lançamento de estreia, o não menos poderoso “Endless Pain“, lançado em 1985 e era hora de produzir o sucessor. Para tanto, Mille Petrozza se inspirou no filme de horror chamado “Faces of Death“, que no Brasil foi traduzido ao pé da letra como “Faces da Morte“. Lançado em 1978, o longa foi sucesso de bilheteria, mas foi muito mal recebido pela crítica. Mas agradou ao frontman do Kreator, que bebeu muito dessa fonte e afirma que cada faixa trata de uma maneira diferente de morrer.

Nesta época, a banda se apresentava como um Power-trio e chegou a incorporar um novo membro, o guitarrista Michael Wulf. Entretanto, sua permanência na banda foi bem breve e ele aparece erroneamente creditado no encarte como músico, quando na verdade, na época da gravação, o Kreator estava de volta como um trio, eles foram para o Musiclab Studios, em Berlim, no início do ano de 1986 e lá registraram o aniversariante do dia, sob a batuta do produtor Harris Johns, que anos depois iria produzir os álbuns “Brasil” e “Anarkophobia“, dos brasileiros do Ratos de Porão.

A bolacha é bem curta e grossa: 38 minutos e 9 canções, que mostra o Kreator com um pé no Death Metal, muito inspirado em outro clássico do Metal extremo europeu: “Seven Churches“, do Possessed. Guitarras rápidas, pesadas, acompanhadas de uma bateria ríspida e esporrenta, que em quase nada se parece com a sonoridade atual da banda. A produção deixa um bocado a desejar e a fritação das guitarras durante os solos de Mille Petrozza é algo que se mostra bem latente durante todas as faixas, mas é algo que é bom exatamente porque assim foi concebido. A faixa título se tornou um hino da banda e está sempre presente nas apresentações, inclusive, é a que encerra o ato do Kreator no palco.

O álbum foi muito bem recebido pela crítica, público e por outras bandas que surgiram depois. O Cannibal Corpse é uma das bandas que se inspiraram neste álbum. Max Cavalera também admite que sempre foi fã desta fase do Kreator e queria que o Sepultura soasse como os alemães. O álbum só veio a figurar nas paradas de sucesso 32 anos depois, em 2017, quando a 99ª posição do Top 100 na Alemanha.

Pleasure to Kill” é o primeiro álbum a contar com a imagem do demônio, mascote da banda, que não tem nome. A Loudwire compilou uma lista dos melhores álbuns de Thrash Metal lançados por bandas que não são do The Big 4, e nosso homenageado do dia aparece na honrosa 4ª posição. Entretanto, o álbum é relacionado a duas situações, no mínimo incômodas: a primeira era que Varg Vikernes estava vestindo uma camisa com a capa de “Pleasure to Kill” depois que matou Euronymus. A segunda é que uma série alemã da Netflix, chamada Dark, o personagem Ulrich Nielsen, é fã de Kreator e um policial levantou uma suspeita de que o jovem pudesse ser satanista plo simples fato de estar ouvindo exatamente a faixa-título. Enfim, para o bem e para o mal, o importante é que o álbum é lembrado.

Hoje em dia o Kreator deu uma melhorada significativa na sua sonoridade, que hoje é um Thrash Metal muitíssimo bem elaborado. E a postura da banda é o que mais nos enche de orgulho, por ser uma banda que não compactua com governantes autoritários, com fascistas e que se coloca à favor das minorias e da democracia. Desta forma eles vão se mantendo na ativa, lançando álbuns cada vez melhores e hoje é dia de celebrar esse play que se aproxima dos 40 anos. Felizmente esses alemães estão do lado certo da história e isso muito nos enche de orgulho. Estamos esperando um retorno da banda ao Brasil, que em 2023 fez um arregaço na primeira edição do Summer Breeze Brasil.

 

Pleasure to Kill – Kreator 

Data de lançamento – 01/04/1986

Gravadora – Noise Records

 

Faixas:

01 – Choir of the Damned 

02 – Ripping Corpse

03 – Death Is Your Saviour 

04 – Pleasure to Kill 

05 – Riot of Violence

06 – The Pestilence

07 – Carrion

08 – Command of the Blade

09 – Under the Guillotine

 

Formação:

Mille Petrozza – vocal/ guitarra

Ventor – bateria/ vocal

Rob Fioretti – baixo