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Memory Remains: Lamb of God – 18 anos de “As the Palaces Burn” e a banda começando a moldar seu som

Memory Remains: Lamb of God – 18 anos de “As the Palaces Burn” e a banda começando a moldar seu som

6 de maio de 2021


Em 6 de Maio de 2003, era lançado o terceiro álbum de estúdio do quinteto de Richmond, “fucking” Virgina (N. do R: como o vocalista Randy Blythe sempre se refere), Lamb Of God. Sim, estamos considerando o primeiro disco, lançado quando a banda ainda se chamava Burn The Priest.

Para a produção deste full-lenght, a banda percorreu por três cidades: a gravação se deu no estúdio “Montana, Inc“, em Richmond; a mixagem se deu em Vancouver, Canadá, no “Hiposonic Studios” e a masterização foi em Hollywood. Devin Townshed foi o responsável pela produção da obra, que foi lançada pela Prostethic Records.

Aqui em “As The Palaces Burn” temos um Lamb of God em um processo de transição, no ponto de vista de seu som. A banda que teve em seus primórdios influências mais latentes do Punk (e em 2018, os caras resolveram lançar um EP, sob o nome antigo, para homenagear justamente as bandas do estilo. Para quem não sabe, o nome do disco é “Legion XX“), e no disco homenageado de hoje temos um resquício dos primeiros lançamentos, mas os dois pés já no Metal.

O disco abre com a esporrenta “Ruin“, uma música crua, ríspida, direta, com riffs super interessantes despejados pela dupla Willie Adle e Mark Morton. Chris Adler também brilha na música com sua pegada e uma virada fenomenal na parte final da música. E sem falar que o clipe oficial é muito bem sacado, mostrando a banda tocando dentro de uma igreja, aterrorizando as pessoas, mas despertando o interesse de um headbanger, que parecia perdido no meio do templo, mas que se encontra ao escutar a banda detonando. Início melhor de disco, não haveria de ter.

Travis Shinn

A faixa título chega mantendo o nível do disco no topo, com suas partes rápidas mescladas com o Groove da banda. Excelente música. “Purified” aposta nos riffs complexos, enquanto que Chris Adler segue seu espetáculo. O solo nesta faixa fica por conta do guitarrista convidado, Chris Poland (ex Megadeth).

Em “11th Hour“, a banda mantém a fórmula que vem fazendo sucesso: riffs grooveados e um pouco de velocidade no meio, com destaque para os bumbos duplos de Chris Adler, que aqui começava a mostrar porque hoje ele é considerado um dos maiores bateristas em atividade “For Your Malice” tem um começo bem denso, mas a música se desenvolve com partes grooveadas e outras mais extremas. Aqui, o guitarrista Steve Austin (Today Is The Day) empresta seu talento.

Boot Scraper” chega como a música mais violenta, ou uma das mais violentas deste disco. Com muita crueza, como a banda se propôs a fazer neste álbum. E temos Randy Blythe gritando mais insano do que nunca. Ainda há espaço para as partes grooveadas, a marca registrada da banda. E temos aqui neste som, uma coisa rara na carreira do LOG: solo.

A Devil in a God’s Country” o destaque é mais uma vez, a performance de Chris Adler e seu bumbo duplo que parece imparável. A música em si, não é tão interessante quanto as demais, mas o ouvinte não vai querer perder a oportunidade se deliciar com a performance do batera. E o produtor Devin Townshed participou tocando guitarra nesta faixa. “In Defense of Our Good Name” pode parecer fazer o disco como um todo repetitivo, dada a crueza que toma conta do álbum, mas esta é uma faixa legal de se escutar.

Temos a parte final do disco com duas excelentes músicas: “Blood Junkie“, tão violenta quanto a já citada “Boot Scraper“, porém, esta aqui é mais densa, e por esse motivo, é uma das escolhidas do redator para, digamos, formar a trinca de ouro (as outras duas são as faixas de abertura e de fechamento).

E “Vigil” fecha o disco maravilhosamente bem, do mesmo jeito que começou. Com uma sutil diferença, nesta música, temos uma introdução bem sutil, com dedilhados de guitarra, onde o ouvinte até se engana, achando que trata-se de uma balada, até que Randy Blythe grita “Our father thy will be done“. Ai os riffs mais arrastados dão o ritmo pelo menos até a parte final, que termina épica, rápida, monstruosa, gigante. A letra, maravilhosa, criticando o próprio Messias. E assim se encerra este petardo.

Em menos de 38 minutos você se dá conta que escutou um disco agressivo, violento, de excelente qualidade e ao final da audição, seus ouvidos estarão zunindo, tamanha a pancadaria sonora.

Durante a turnê deste álbum, a banda tocou no Ozzfest, em 2004. E no DVD bônus deste festival, foram incluídas três músicas da banda: “Ruin“, “11th Hour” e “As the Palaces Burn“.

A minha relação com este disco é um tanto quanto recente, mas muito peculiar. Durante um tempo da minha vida, foi o álbum que eu mais escutei, andava meio chateado com algumas coisas da minha vida profissional e o Lamb of God tem um excelente som para quem está mal humorado. Por muito tempo, “As the Palaces Burn” foi o meu favorito na discografia da banda. E hoje é dia de celebrar a data de um disco clássico do Metal moderno. Longa vida ao LOG, que segue na ativa, acabou de lançar um ótimo álbum no meio dessa pandemia interminável. Nossa torcida é para que tudo isso acabe (bem, no Brasil, com esse presidente negacionista, vai ser difícil) e que possamos ver esse quinteto, que sem pestanejar, afirmo: é a melhor banda da atualidade.

As the Palaces Burn – Lamb of God

Data de lançamento – 06/05/2003

Gravadora – Prostethic Records

Faixas:

01 – Ruin

02 – As the Palaces Burn

03 – Purified

04 – 11 th Hour

05 – For Our Malice

06 – Boot Scraper

07 – A Devil in God’s Country

08 – In Defense of Our Good Name

09 – Blood Junkie

10 – Vigil

Formação:

Randy Blythe – Vocal

Mark Morton – Guitarra

Willie Adler – Guitarra

John Campbell – Baixo

Chris Adler – bateria