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Memory Remains: Lamb of God – 2 anos do álbum autointitulado e a estreia de Art Cruz na bateria

Memory Remains: Lamb of God – 2 anos do álbum autointitulado e a estreia de Art Cruz na bateria

19 de junho de 2022


Há poucos dias atrás, o Lamb of God anunciou capa e tracklist do seu próximo álbum, “Omens“, que será lançado em Outubro. O Memory Remains deste domingo vai tratar do antecessor deste vindouro álbum deste quinteto de Richmond, “fucking” Virgina, como costuma bradar o vocalista Randy Blythe. “Lamb of God“, o álbum, completa dois anos de lançamento neste 19 de junho.

O álbum era muito esperado e várias foram as previsões de lançamento: primeiro, o então baterista Chris Adler havia prometido para o Natal de 2018. Ele estava afastado da banda e acabou saindo logo depois. Art Cruz, que estava substituindo a lenda nos shows, foi efetivado e então a banda partiu para a gravação. Alguns estúdios foram utilizados: o Studio 606, na Califórnia foi utilizado na maior parte dos registros; o The Halo Studios, no estado do Maine e o Flagship Studios, além do In Your Ear Studios, ambos no estado da Virgínia, também serviram como locais de gravação. Josh Wilbur, produtor que segue trabalhando com a banda desde o álbum “Sacrament” (2006), ficou mais uma vez com a missão e ele o fez de maneira magistral. Com o álbum pronto, veio a pandemia, que fez a banda adiar novamente o lançamento, que seria em maio de 2020 e atrasou por um mês.

Nos 5 anos que separaram o último lançamento “VII: Sturm Und Drang” e o aniversariante do dia, o Lamb of God fez bastante coisa e estava na crista da onda: participação no Rock in Rio (este redator teve o prazer de conhecer a banda na ocasião, pois eles se hospedaram no mesmo hotel em que eu trabalhava e foi uma honra trocar umas ideias com Randy Blythe e Willie Adler, os sujeitos mais assíduos no bar), diversos festivais, o EP “The Duke” e a honra maior, que foi a de ser a banda de abeerura da turnê de despedida do Slayer em 2019. Até que a pandemia, sempre ela, veio e atrapalhou a vida de todos. Atrasou, mas não impediu o lançamento do play.

Musicalmente, a banda já havia se afastado da sonoridade mais bruta, que ficou em voga principalmente nos discos “As the Palaces Burn” (2002) e “Ashes of the Wake” (2004). Eles privilegiaram a técnica e o Groove, sem perder o peso. Como no álbum anterior, este também conta com participações: Jamey Jasta, vocalista do Hatebreed e a lenda Chuck Billy, do Testament, deram suas colaborações a ajudam para que o álbum ficasse ainda mais brilhante. Vamos então destrinchar as dez faixas presentes aqui.

A música que abre a obra, “Memento Mori”  começa com os vocais limpos de Blythe, tendência adotada por ele desde o último álbum, na música  “Overlord“. Mas logo a música cresce, ganhando muito peso e muito Groove no refrão. Como sempre, os riffs são matadores, mas aqui a performance do “estreante” Art Cruz é muito boa. Já “CheckMate” é carregada no Groove, com os riffs intrincados, com os quais já estamos acostumados, executados pela melhor dupla de guitarristas da atualidade: Willie Adler e o politicamente “isentão” Mark Morton. É o Lamb of God mais moderno, sem deixar a agressividade de lado.

Gears”, a faixa três, tem riffs nervosos que desafiam ao ouvinte a sair da inércia enquanto a música rola no play. Aliás, os riffs parecem inspirados no Six Feet Under, ainda que pareça improvável que a banda de Chris Barnes seja influência do LOG. John Campbell deixa ótimas linhas de bakxo. Destaque também para o bom solo. E solo é um item raríssimo nas músicas da banda. “Reality Bath” é ultrapesada, embora sofra uma pequena mudança em seu andamento, mas o que predomina aqui são os riffs muito bem executados, arrastados e extremamente brutais. Baita som.

New Colossal Hate” que também foi apresentada antes e é um dos bons momentos do álbum pelo peso e agressividade mostrados, acompanhados de diversos momentos mais densos. De longe, a melhor faixa da pequena bolacha. Já havia me chamado atenção desde que fora lançada como single, antes mesmo de o disco sair. Art Cruz caprichou nas viradas e no uso dos pratos neste sonzaço. “Ressurrection Man” é bem arrastada e pesadíssima, com riffs pra lá de sombrios, que trazem o mesmo clima da música “Omerta“, clássico do álbum “Ashes of the Wake“. Destaque também para a boa performance no bumbo duplo de Art Cruz. Aliás, a este músico, dedicarei um parágrafo mais abaixo.

Travis Shinn

Poison Dream” é bem grooveada e levemente rápida no refrão. Esta conta com a participação de Jamey Hasta, participação essa que aliás, quase colocou as coisas a perder. Em “Routes” que conta com a participação de Chuck Billy (aí sim) virou um Thrash Metal de primeira e o vocalista só abrilhantou ainda mais e ajudou a elevar novamente o nível do álbum.

Bloodshot Eyes” é mais uma descarga de Groove, peso e energia e a faixa de encerramento, “On the Hook“, é um verdadeiro caos, no bom sentido. Ela começa bem rápida, tem a mudança de andamento e ganha em Groove, mas em um certo momento, os caras flertam até com o Death Metal, com direito a blast beats de Art Cruz, ainda que por pouco tempo.

Temos em pouco mais de 44 minutos, um disco de bom nível. Está no mesmo nível do seu antecessor, porém, não tão agressivo quanto aos anteriores. Ele possui bons momentos, mas o Lamb of God com certeza tem um poder de letalidade sonora maior. Mas parece ser o direcionamento que a banda escolheu, a partir do album antecessor ao aniversariante do dia.

E quanto ao parágrafo sobre Art Cruz, dissertaremos sobre ele: o cara é bom, ninguém ocuparia o lugar do melhor baterista de Metal da atualidade a toa. Ele consegue levar de boa as músicas dos tempos de seu antecessor e consegue bons momentos como os alguns citados acima. É covardia compara-lo ao Chris Adler. Porém, ele não compromete.

A produção é impecável e todos os instrumentos estão perfeitamente audíveis. Longe de ser o melhor álbum da carreira da banda, é um bom disco e que mostra o quanto esses músicos são competentes. “Lamb of God” vendeu 27 mil cópias nos Estados Unidos logo na primeira semana depois de seu lançamento. Nas paradas, ficou em 4° na Suiça, 5° na Austrália, 6° na Finlândia, 7° na Alemanha, 8° na Áustria e na Escola; no Canadá, ficou em 11°, na “Billboard 200“, chegou em 15° (sendo que na sub-categoria “Top Rock Albuns” alcançou a 2ª posição), mesma posição na Bélgica; 16° no Reino Unido, 19° na Hungria, 39° no Japão, 44° na Holanda, 62° na República Tcheca, onde Randy Blythe ficou preso; 96° na Itália e 117° na França.

Como esse álbum foi lançado durante a pandemia e a pior fase que a humanidade enfrentou, sendo obrigada a encarar o lockdown, que alguns bastardos ainda insistem em dizer que era apenas uma “gripezinha”, a banda não pôde excursionisar e então eles resolveram gravar uma apresentação que virou CD e dvd, ainda no ano de 2020, em Richmond. Eles tocaram o álbum de estúdio na íntegra e acrescentaram uma ou outra das antigas. O CD vem com duas faixas bônus, gravados em estúdio: “Ghost Shaped People” e “Hyperthermic/ Acelerate“.

Hoje é dia de celebrar esse play, a banda mais relevante do Heavy Metal atual. Enquanto não chega dia 7 de outubro, dia do lançamento de “Omens“, o aguardado disco do Lamb of God, o qual já podemos ter acesso ao single “Nevermore“, parece que virá matador. Vamos pegar a bolacha e escutar no volume máximo, para desespero daquele seu vizinho que te olha torto quando cruza contigo pelos corredores do teu prédio.

Lamb of God – Lamb of God

Data de lançamento – 19/06/2020

Gravadora – Epic/ Nuclear Blast

Faixas:

01 – Memento Mori

02 – Checkmate

03 – Gears

04 – Reality Bath

05 – New Colossal Hate

06 – Ressurrection Man

07 – Poison Dream

08- Routes

09 – Bloodshot Eyes

10 – On the Hook

 

Formação:

Randy Blythe – vocal

Willie Adler – guitarra

Mark Morton – guitarra

John Campbell – baixo

Art Cruz – bateria

 

Participações especiais:

Jamey Jasta – vocal em “Poison Dream”

Chuck Billy – vocal em “Routes”

Samantha Wilbur – voz infantil em “Memento Mori”

Maxwell Wilbur – voz infantil em “Memento Mori”