Há 5 anos, em 19 de junho de 2020, em meio a uma pandemia até então poucos conhecida, mas que ceifaria milhares de vidas, o Lamb of God lançava o seu 8° álbum (9° se considerarmos o primeiro álbum, quando a banda de chamava Burn the Priest), auto-intitulado deste quinteto de Richmond, “fucking” Virgina, como costuma bradar o vocalista Randy Blythe. É o tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira.
O álbum era muito esperado e várias foram as previsões de lançamento: primeiro, o então baterista Chris Adler havia prometido para o Natal de 2018. Ele estava afastado da banda e acabou saindo logo depois. Art Cruz, que estava substituindo a lenda, sendo efetivado e então a banda partiu para a gravação. Alguns estúdios foram utilizados: o Studio 606, na Califórnia foi utilizado na maior parte dos registros; o The Halo Studios, no estado do Maine e o Flagship Studios, além do In Your Ear Studios, ambos no estado da Virgínia, também serviram como locais de gravação. Josh Wilbur, produtor que segue trabalhando com a banda desde o álbum “Sacrament” (2006), ficou mais uma vez com a missão e ele o fez de maneira magistral. Com o álbum pronto, veio a pandemia, que fez a banda adiar novamente o lançamento, que seria em maio de 2020 e atrasou por um mês.
Nos 5 anos que separaram o último lançamento “VII: Sturm Und Drang” e o aniversariante do dia, o Lamb of God fez bastante coisa e estava na crista da onda: participação no Rock in Rio (este redator teve o prazer de conhecer a banda na ocasião, pois eles se hospedaram no mesmo hotel em que eu trabalhava e foi uma honra trocar umas ideias com Randy Blythe e Willie Adler, os sujeitos mais assíduos no bar), diversos festivais, o EP “The Duke” e a honra maior, que foi a de ser a banda de abertura da turnê de despedida do Slayer em 2019. Até que a pandemia, sempre ela, veio e atrapalhou a vida de todos. Mas não atrapalhou o lançamento do play.
Musicalmente, a banda já havia se afastado da sonoridade mais bruta, que ficou em voga principalmente nos discos “As the Palaces Burn” (2002) e “Ashes of the Wake” (2004). Eles privilegiaram a técnica e o Groove, sem perder o peso. Como no álbum anterior, este também conta com participações: Jamey Jasta, vocalista do Hatebreed e a lenda Chuck Billy, do Testament, deram suas colaborações a ajudam para que o álbum ficasse ainda melhor.
O play é composto por dez faixas e tem duração de 44 minutos. Os riffs da dupla Willie Adler e Mark Morton permanecem letais como sempre, e a grande curiosidade era sobre a performance do estreante Art Cruz. O cara passou com louvor, e ainda que as comparações com Chris Adler sejam inevitáveis, o cara é muito bom. Quem o viu ao vivo, como está redator que vos escreve, sabe que o cara não fica devendo em nada para seu antecessor.
Os grandes destaques do álbum ficam para as faixas “New Colossal Hate“, a pesadíssima e arrastada “Resurrection Man“. De longe, essas são as duas melhores faixas do álbum, que ainda conta com outras boas canções como “Routes”, que ganhou uma pegada Thrash Metal e conta com a participação de Chuck Billy “On the Hook” e “Reality Bath“, fazem o play ser acima da média. Não chega a ser um clássico como “Sacrament“, “Ashes of the Wake” ou “As the Palaces Burn“. Está no mesmo nível de seu antecessor.
O álbum foi bem recebido tanto pela crítica especializada, que colocou o álbum nas listas de Melhores discos lançados naquele ano de 2020, e também caiu nas graças do público, que fez com que o álbum frequentasse alguns charts mundo afora, como iremos enumerar mais abaixo.
A produção é impecável e todos os instrumentos estão perfeitamente audíveis. Longe de ser o melhor álbum da carreira da banda, é um bom disco e que mostra o quanto esses músicos são competentes. Nosso aniversariante do dia vendeu 27 mil cópias nos Estados Unidos logo na primeira semana depois de seu lançamento. Nas paradas, ficou em 4° na Suiça, 5° na Austrália, 6° na Finlândia, 7° na Alemanha, 8° na Áustria e na Escola; no Canadá, ficou em 11°, na “Billboard 200”, chegou em 15° (sendo que na sub-categoria “Top Rock Albuns” alcançou a 2ª posição), mesma posição na Bélgica; 16° no Reino Unido, 19° na Hungria, 39° no Japão, 44° na Holanda, 62° na República Tcheca, onde Randy Blythe ficou preso; 96° na Itália e 117° na França.
Como esse álbum foi lançado durante a pandemia e a pior fase que a humanidade enfrentou, sendo obrigada a encarar o lockdown, que alguns ainda insistem em dizer que era apenas uma “gripezinha”, a banda não pôde excursioniar e então eles resolveram gravar uma apresentação que virou CD e DVD, ainda no ano de 2020, em Richmond. Eles tocaram o último álbum de estúdio na íntegra e acrescentaram uma ou outra das antigas. O CD vem com duas faixas bônus, gravados em estúdio: “Ghost Shaped People” e “Hyperthermic/ Acelerate“. Atualmente, a banda costuma tocar duas das músicas do nosso homenageado, nos shows: são elas “Memento Mori” e “Resurrection Man“.
Hoje é dia de celebrar esse play, a banda mais relevante do Heavy Metal atual. O Lamb of God segue atuante, lançando álbuns e fazendo turnês, para alegria dos que curtem um som pesado e ao mesmo tempo moderno. À exceção do posicionamento político de Mark Morton, que se esconde atrás de uma pseudo-isenção e do antivax Willie Adler, que não veio ao Brasil em 2023, simplesmente porque não tomou vacina contra a COVID-19, mas Randy Blythe, compensa, pois ele não abre mão de se posicionar politicamente, inclusive, mandou um recado recentemente para Elon Musk e disse que não engolirá o fascismo. Ele sabe que essa ideologia não é brincadeira e merece todo nosso respeito.
Enquanto aguardemos o álbum que irá suceder o ótimo “Omens“, lançado em 2022, vamos colocar essa bolacha para curtir no volume máximo, pois o Lamb of God realmente é uma banda que nunca desaponta quando o assunto é música.
Lamb of God – Lamb of God
Data de lançamento – 19/06/2020
Gravadoras – Epic/ Nuclear Blast
Faixas:
01 – Memento Mori
02 – Checkmate
03 – Gears
04 – Reality Bath
05 – New Colossal Hate
06 – Resurrection Man
07 – Poison Dream
08- Routes
09 – Bloodshot Eyes
10 – On the Hook
Formação:
Randy Blythe – vocal
Willie Adler – guitarra
Mark Morton – guitarra
John Campbell – baixo
Art Cruz – bateria
Participações especiais:
Jamey Jasta – vocal em “Poison Dream”
Chuck Billy – vocal em “Routes”
Samantha Wilbur – voz infantil em “Memento Mori”
Maxwell Wilbur – voz infantil em “Memento Mori“