Memory Remains

Memory Remains: Led Zeppelin – 54 anos de “Led Zeppelin IV” e as brigas da banda com a imprensa

8 de novembro de 2025


Há 54 anos, em 8 de novembro de 1971, era lançado o quarto álbum do Led Zeppelin, conhecido como “Led Zeppelin IV“, mas que na verdade não tem um título original. O álbum é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

A decisão de não dar um título era uma convicção de Jimmy Page, pois tanto o agente da banda quanto a gravadora faziam pressão para que o álbum pudesse receber um título, mas o guitarrista estava irredutível nessa questão. Em entrevista para a revista “Time”, no ano de 2010, Page falou sobre o assunto:

“Não foi fácil, a gravadora insistia para pormos um nome nele; nos foi dito que seria um suicídio profissional lançar mais um álbum sem nome; a realidade era que tínhamos ouvido muitos comentários negativos sobre nossos álbuns; outro álbum sem título me pareceu a melhor resposta para todos os críticos, pois sabíamos que os discos estavam sendo bem recebidos pelas vendas e plateias nos concertos.”

Robert Plant era outro que não fazia questão de batizar o álbum. Ele sempre se referiu ao aniversariante do dia como “o quarto álbum, nada mais”. Eles colocaram quatro símbolos na capa, que significam cada um dos quatro integrantes. Assim sendo, a gravadora ordenou a gráfica para que esses símbolos fossem impressos em tamanho grande afim de preencher os espaços da capa. Por conta desse fator, o disco é chamado por alguns de “Four Symbols”. Outros também o chamam de “The Runes”.

O álbum anterior, que é muito bom, porém, rendeu críticas negativas, o que levou a Jimmy Page a ficar mais de um ano e meio sem falar com a imprensa e foi uma das razões para que o quarto álbum não tivesse nada além dos símbolos e da imagem escolhida para a capa. Ainda no ano de 1970, a banda iniciou os preparativos do vindouro álbum. Em dezembro deste ano, todos foram ao “Sarm West Studios”, em Londres, onde começaram as gravações. Porém, tiveram de escolher outro lugar para a finalização, pois o Jetro Tull estava no mesmo estúdio produzindo seu álbum “Aqualung“. Então eles migraram para o “Headley Grance”, localizado no interior da Inglaterra. Com Jimmy Page, Robert Plant e Peter Grant na produção.

O álbum teve sua data de lançamento alterada, porque eles atravessaram o Atlântico Norte e foram para o “Sunset Studios”, na cidade de Los Angeles, para a mixagem, mas o resultado final não agradou aos músicos, que refizeram todo o trabalho. Concomitantemente, a banda acabou compondo e gravando três canções: são elas “Down by Seaside”, “Night Flight” e “Boogie With Stu”. Ian Stewart, do The Rolling Stones participou tocando piano nessas três faixas, que não foram lançadas nesse play e sim no disco sucessor, “Physical Graffiti“, de 1973.

Bolacha rolando, temos um baita álbum de Rock, contendo oito faixas e duração de 44 minutos. Os grandes destaques ficam por conta de músicas como “Black Dog“, “Rock and Roll“, “Stairway to Heaven“, “Misty Mountain Hop” e “Going to California“, essa última gerou polêmica vinte anos depois, pois Robert Plant acusou o Pearl Jam de ter copiado os riffs desta canção e usado em “Given to Fly“, que entrou no álbum “Yield“, lançado em 1998.

Sobre a música “Rock and Roll“, ela conta com a participação de Ian Stewart tocando piano. Jimmy Page disse que a música foi criada acidentalmente, enquanto eles tentaram terminar a música “Four Sticks“. Já “Black Dog” ganhou esse título por conta de um cão da cor preta que visitava o estúdio durante as gravações, porque a letra fala sobre o amor desesperado de um homem por uma mulher.

Outra curiosidade diz respeito à já citada música “Four Sticks“, que ganhou esse nome porque o baterista John Bonham tocava essa música em seu kit de bateria utilizando quatro baquetas. E um dos solos escritos originalmente para está música, acabou entrando em “Rock and Roll“.  Já a música “When the Levee Breaks“, que fecha o álbum, se trata na verdade de uma canção gravada originalmente pelo casal Kansas Joe McCoy e Menphis Minnie, no ano de 1929 e faz referência a uma enchente ocorrida no estado do Mississipi, em 1927. A banda manteve a letra, porém,  Page criou um novo arranjo para a música.

A banda fez uma extensa turnê para divulgar o álbum, que começou em 16 de fevereiro de 1972 e se estendeu até 19 de julho de 1973. A tour teve início por Austrália e Nova Zelândia, depois foi para a América do Norte, com shows nos Estados Unidos e Canadá, indo para o Japão, tudo isso ainda no ano de 1972. No início do ano seguinte, a banda tocou no Reino Unido e depois de alguns dias de pausa, eles seguiram por oito países da Europa, retornando aos Estados Unidos com a última apresentação no icônico Madison Square Garden, em Nova Iorque. Apresentação essa que foi registrada e virou o ao vivo “The Song Remains the Same“.

O álbum foi um sucesso instantâneo; no Reino Unido, estreou na primeira posição, mantendo o topo durante três semanas consecutivas e figurando por 62 semanas no chart. Em 2007, voltou a figurar na lista e vendeu até hoje 2 milhões de cópias em sua terra natal. Nos Estados Unidos, já começou ocupando a segunda posição na “Billboard 200“, ficando atrás apenas do álbum “Santana III“. Figurou na parada mais badalada do mundo durante 261 semanas e vendeu 23 milhões de cópias por lá, sendo o 3° disco mais vendido da história dos Estados Unidos, ficando atrás somente de “Their Greatest Hits“, do Eagles e do imbatível “Thriller“, de Michael Jackson. No Canadá, estreou em 1° e ficou por quatro semanas nas paradas daquele país.

Os números são ainda mais impressionantes quando verificamos as mais de 40 milhões de cópias vendidas pelo mundo, o que lhe dá a 12ª posição dentre os álbuns mais vendidos da história de música. Se as vendas forem separadas por gênero, na categoria Hard Rock, ele é elevado a 3ª posição, atrás somente de “Bat out of Hell“, do Meat Loaf e de “Back in Black“, do AC/DC. Foi certificado com Disco de Ouro no Brasil, Platina na Alemanha, Argentina, Países Baixos e Suiça, dupla Platina na França, 6 vezes Platina no Reino Unido, 8 vezes Platina na Austrália; no Canadá, recebeu Duplo Diamante e nos Estados Unidos as certificações foram avassaladoras: 23 vezes Platina e um duplo Diamante.

Ainda sobre os charts mundo afora, o álbum conseguiu a 2ª posição na Austrália, França e Japão, 3° na Noruega, 7° nos Países Baixos, 8° na Espanha, 9° na Alemanha e 34° na Nova Zelândia. São números absurdos e só uma banda como o Led Zeppelin pode e merece tê-los. O álbum foi muito bem recebido pela crítica e é lembrado como um dos melhores álbuns da história do Rock. Para este humilde redator que vos escreve, se trata do melhor disco, disparado, de toda a carreira da banda, ainda que seja uma tarefa difícil escolher, principalmente pelo fato de que os quatro primeiros discos deles sejam nada menos que excepcionais.

O álbum é de extrema importância e responsável por influenciar outros tantos rockstars que vieram depois: foi o primeiro disco que Axl Rose comprou com seu próprio dinheiro; foi o disco que inspirou Slash a optar em ser um guitarrista; Freddie Mercury afirmou que o disco foi de importância enorme para suas composições no Queen e que, inclusive, “Stairway to Heaven” foi a música que o ajudou a terminar a letra de “Bohemian Rhapsody“. Até mesmo Madonna afirmou em uma de suas biografias que “Led Zeppelin IV” era o disco que não saía de sua vitrola. E a cantora Adele disse que o disco era o que ela mais escutava na infância, mas pelo jeito, essa não o escutou da maneira correta e fez tudo ao contrário do que esses quatro deuses nos ensinaram.

O disco foi um dos primeiros a entrar na calçada da fama do Grammy, além de ter sido eleito em 1° lugar pela revista “Classic Rock”, na lista dos “100 Maiores Álbuns de Rock da História”. Está na lista dos “500 Melhores Álbuns de Sempre”, da revista “Rolling Stone”. Na Calçada da fama, ficou em 4° lugar na lista dos “200 Álbuns Definitivos de Sempre”. A revista “Rolling Stone” ainda elaborou uma lista chamada “500 Melhores Canções de Todos os Tempos” e duas músicas figuram nessa lista: “Black Dog” aparece na 300ª posição e “Stairway to Heaven” brilha em 31° lugar. “Rock and Roll” entrou na Calçada da Fama como uma das 500 músicas que formam o Rock. Com um desempenho desses, é impossível não usar adjetivos superlativos para definir esse disco sem título, o qual chamamos de “Led Zeppelin IV“.

E temos uma aula de como fazer Rock sem firulas, honesto e muito visceral. Um disco que precisa ser lembrado todos os dias de sua existência. Se Robert Plant e Jimmy Page já reafirmaram a falta de interesse em fazer shows sob o nome Led Zeppelin, temos a obra deles que é eterna e nós vamos ajudar a manter vivo esse legado.

Led Zeppelin IV – Led Zeppelin

Data de lançamento – 08/11/1971

Gravadora – Atlantic

Faixas:

01 – Black Dog

02 – Rock and Roll

03 – The Battle of Evermore

04 – Stairway to Heaven

05 – Misty Mountain Hop

06 – Four Sticks

07 – Going to California

08 – When the Levee Breaks

Formação:

Jimmy Page – guitarra/ violão/ bandolim

Robert Plant – vocal/ gaita

John Paul Jones – baixo/ sintetizadores

John Bonham – bateria/ percussão

Participações especiais:

Ian Stewart – piano em “Rock and Roll

Sandy Denny – vocal em “The Battle of Evermore