Memory Remains

Memory Remains: Living Colour – 37 anos de “Vivid” e a mãozinha de Mick Jagger

3 de maio de 2025


Há 37 anos, em 3 de maio de 1988, o Living Colour lançava “Vivid“, o disco de estreia dessa maravilhosa banda. E essa pérola é tema do nosso Memory Remains deste sábado, o primeiro do mês de maio.

Precisamos voltar um pouco no tempo para compreender o contexto que envolve o primeiro álbum desta banda maravilhosa. Formada no ano de 1984, a banda, cujo nome muitos acreditam ser uma relação com o fato de seus integrantes ser de origem afrodescendente, usou uma sacada genial para a escolha: trata-se de uma referência a uma vinheta do canal de TV estadunidense NBC, na qual a mensagem dizia o seguinte: The following program is brought to you in living colour (O programa a seguir é transmitido em cores vivas, em tradução livre). Após algumas apresentações pelo circuito underground, eis que apareceu no show deles, ninguém menos que Mick Jagger. O cara ficou tão impressionado com a performance daqueles quatro jovens talentosos e resolveu ajudá-los. Com um padrinho desses, veio um contrato com uma major, a Epic e não somente isso, Jagger participou como produtor e também cantou no álbum.

Assim sendo, a banda adentrou em três estúdios: o Skyline, o Sound on Sound e o Right Track Studio, todos estes na cidade de Nova Iorque, entre o final de 1987 e o início de 1988. Além de Mick Jagger, Ed Stasium assina a produção. E saíram com essa pérola.

O álbum tem 11 faixas e 49 minutos, onde podemos perceber uma banda com músicos talentosíssimos e a cada canção que passa, a vontade é de escutar de novo e de novo. Difícil destacar uma só música, visto que este é um típico álbum que não dá para pular nenhuma. Podemos destacar “Cult of Personality” (talvez o grande hit da história da banda), “Glamour Boys” (outra canção agradabilíssima), “Middle Man“, “Desperate People“, “Funny Vibe” e “Memories Can’t Wait“, sem desmerecer as que aqui não foram citadas.

Em 2002, o álbum foi relançado com algumas faixas bônus: “Funny Vibe” e ‘What’s Your Favourite Colour? (Theme Song)” ganharam versões remixadas; “Middle Man” e “Cult of Personality” aparecem em exibições ao vivo, além de um cover para “Should I Stay or Should I go?“, do The Clash.

Vivid” foi muito bem recebido pela crítica e público, ganhando notas altas dos principais veículos especializados. Nos charts, alcançou a segunda posição na Nova Zelândia, 5° no Canadá, 6° na badalada “Billboard 200“, nos Estados Unidos; 16° na Noruega e 92° na Holanda. Em 1994, o álbum foi certificado com Dupla Platina nos Estados Unidos. A música “Cult of Personality” ganhou o Grammy no ano de 1990 na categoria “Melhor Performance Hard Rock“.

O álbum ainda foi citado pela revista “Rolling Stone” em duas oportunidades: em 1989 ficou em 64° na lista dos 100 melhores álbuns dos anos 1980 e em 2017 ficou em 71° em uma lista dos 100 melhores álbuns de Metal de sempre. A “Loudwire” também citou o álbum em duas listas, a primeira no ano de 2015, quando classificou “Vivid” em 33° em uma lista de 50 melhores discos estreantes de Metal + Hard Rock. Em 2016 ficou em 37° na lista dos 80 melhores discos de Hard Rock + Metal dos anos 1980. O disco ainda figura no famoso livro “Os 100 discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer“, do autor Robert Dimery.

Após o lançamento, a banda saiu em turnê como banda de abertura do The Rolling Stones. Com vídeos bombando na MTV, o sucesso foi retumbante. Em 2019, eu tive a oportunidade de acompanhar um show comemorativo dos 30 anos deste belíssimo play e a noite foi histórica, onde o quarteto mandou muito bem, tocando o “Vivid” na íntegra. Na ocasião, me surpreendeu a performance de Corey Gloover, a idade parece ter feito o cara melhorar ainda mais. E se eu não pude ir ao Hollywood Rock em 1992 por conta da idade, tive a chance de recuperar o tempo perdido, ainda que com quase três décadas de atraso.

Um belo disco onde as mais variadas vertentes musicais se unem em uma combinação quase perfeita. O disco envelhece ainda melhor e para nossa sorte, temos a banda ainda na ativa, nos brindando com álbuns e apresentações épicas. Em 2022, com o mundo ainda se recuperando da pandemia de COVID-19, eles estiveram no Rock in Rio, quando se apresentaram junto com o guitar-hero Steve Vai, no palco Sunset, e enquanto aguardamos uma nova passagem da banda por terras brasileiras, fica a sugestão de disco para ser escutado hoje. É um álbum que se aproxima dos 40 anos e está cada vez melhor. Longa vida ao Living Colour.

Vivid – Living Colour

Data de lançamento – 03/05/1988

Gravadora – Epic

 

Faixas:

01 – Cult of Personality

02 – I Want to Know

03 – Middle Man

04 – Desperate People

05 – Open Letter (to a Landlord)

06 – Funny Vibe 

07 – Memories Can’t Wait

08 – Broken Hands

09 – Glamour Boys

10 – What’s Your Favourite Colour? (Theme Song)

11 – Wich Way to America

 

Formação:

Corey Gloover – vocal

Vernon Reid – guitarra

Muzz Skillings – baixo

William Calhoun – bateria

 

Participações especiais:

Mick Jagger – harmônica em “Broken Hands” e backing vocal em “Glamour Boys

Chuck D – vocal rap em “Funny Vibe

Flavor Flav – comentário em “Funny Vibe

The Fowler Family – backing vocal em “I Want to Know” e “Open Letter (to a Landlord)”