Memory Remains

Memory Remains: Mayhem – 30 anos de “De Mysteriis Dom Sathanas” e a influência por toda uma geração do Metal Extremo

24 de maio de 2024


Há exatamente 3 décadas, em 24 de maio de 1994, era lançado “De Mysteriis Dom Sathanas“, o debut album do Mayhem, um dos mais importantes e – por quê não dizer, polêmicos? – álbuns do Black Metal e que o Memory Remains desta quinta-feira não iria deixar de fora.

Esse álbum é repleto de histórias, algumas reais e outras que estão no campo da suposição e que jamais saberemos a verdade por completo. O fato é que “De Mysteriis Dom Sathanas” é seguramente o álbum mais importante do Black Metal norueguês e influenciou inúmeras bandas, da Noruega e de fora daquele país. E também é provavelmente o único álbum da história da música onde temos as gravações de um assassino e vítima. Fique conosco que iremos contar mais abaixo.

Esse talvez seja o segundo álbum da história do Rock em geral que mais tempo levou para ser concebido, o título de álbum mais demorado é do Guns N’ Roses com seu “Chinese Denocracy“. Lançado em 1994, o álbum começou a ter canções escritas sete anos antes, pela dupla Dead e Euronymous. No início dos anos 1990, a música “Freezing Moon” foi gravada e lançada junto com outra música, chamada “Carnage“, e ambas entraram na coletânea “Projections of a Stained Mind“.

O vocalista Dead cometeu suicídio no ano de 1991, em uma das cenas mais toscas da humanidade, que foi o fato de Euronymous quando viu seu corpo estatelado no chão, com um tiro na cabeça e cortes no pescoço e pulso, invés de chamar a polícia, correu para tirar fotos do cadáver e reza a lenda que ele usou pedaços do crânio do defunto para fazer um colar. Uma das fotos saiu na capa de um bootleg ao vivo da banda, chamado “Dawn of the Black Hearts“. Há composições de Dead em “De Mysteriis Dom Sathanas“, mas como ele tirou sua própria vida, o primeiro álbum do Mayhem teve que ser postergado.

Euronymous foi em busca de novos membros para tocar e gravar seu álbum, que tinha um plano pra lá de sombrio: de o lançamento coincidir com um atentado (que felizmente não aconteceu) à Nidaros Cathedral, a mesma que aparece na capa do play. Explosivos e munições foram encontradas pela polícia e vieram a tona durante o julgamento de Varg Vikernes, que foi um dos novos recrutados para tocar na banda de sua futura vítima. Snorre Rusch, também condenado por cumplicidade no assassinato de Euronymous (ao que parece, ele só presenciou a briga e o assassinato, sem intervir) foi chamado e participou das gravações. Para o vocal, o húngaro Attila Csihar foi chamado e embora não seja creditado, foi ele quem gravou os vocais. Os créditos são dados somente à Euronymous e ao baterista Hellhammer.

Como sabemos, em 10 de agosto de 1993, Vikernes e Snorre viajaram para a cidade de Oslo, onde Euronymous vivia. Ele tinha um selo, a Deathlike Silence e havia lançado álbuns do Burzum. Depois de uma discussão, Varg Vikernes assassinou Euronymous com 23 facadas. O detalhe é que à essa época, Varg já havia gravado suas partes de baixo para o que se tornaria este “De Mysteriis Dom Sathanas“. Após o sepultamento de Euronymous, Hellhammer e Necrobutcher trabalharam na conclusão do álbum e a família do falecido pediu para que as partes gravadas por Varg fossem retiradas. Hellhammer prometeu, mas não cumpriu. E ele explicou (N. do R: explicou algo inexplicável, mas vamos dar aspas ao baterista):

“Eu achei que seria apropriado que o assassino e a vítima estivessem na mesma gravação. Eu prometi que regravaria as partes de baixo, mas nunca o fiz”.

A bolacha tem 8 canções e duração de 46 minutos. Ao menos cinco delas ainda são tocadas até hoje pela banda. “Freezing Moon” é sem dúvidas o maior clássico da banda e quiçá do Black Metal norueguês. “Funeral Fog” também é outro clássico, bem como “Buried by Time and Dust“, “Life Eternal” e a própria faixa-título. O álbum é aclamado por todos os fãs de Black Metal mundo afora e também tem esse status cult por se tratar de um álbum póstumo, com composições de um ex-integrante que se suicidou e o já citado único caso no mundo da música onde assassino e assassinato tocaram. Virou referência para todas as bandas que vieram depois.

A música “Freezing Moon” foi tocada ao vivo e regravada por inúmeras bandas, tais como Dissection, Dark Funeral, Immortal, Carphtain Forest, Gorgoroth, Behemoth, Vader, Nargaroth, Cradle of Filth e Enslaved. A música “Funeral Fog” foi regravada pelo Emperor, que contou com Attila Csihar no vocal. Apesar de ser um álbum do estilo mais extremo do Heavy Metal, ele esteve presente nas paradas da Noruega, onde chegou à 35ª posição e na Alemanha, onde alcançou o 60° posto. No ano de 2017, a Rolling Stone compilou a sua lista dos 100 maiores álbuns de Heavy Metal fe todos os tempos e “De Mysteriis Dom Sathanas” aparace na honrosa 40ª posição.

A banda foi reformulada e Hellhammer segue como sendo o único membro que permanece na banda desde então. Eles lançaram outros discos, alguns foram bem sucedidos, mas nenhum teve o impacto que este “De Mysteriis Dom Sathanas” teve, até por todo o contexto envolvido, todo esse lado mórbido que a banda sempre carregou consigo. E que os fãs de Black Metal, obviamente, amam. Esse álbum significa o final de um ciclo, que foi aquele início do Black Metal norueguês, o final do Inner Circle, que após a morte de seu líder, teve vários integrantes condenados pelas igrejas queimadas. Mas o grande legado do play é ser a referência do Metal extremo.

E para aqueles que curtem o Metal capirotesco do Mayhem, hoje é dia de celebrar os 30 anos deste álbum. Que fez escola e tem que ser o número um ou no máximo o número dois (depois de “Black Metal“, do Venom) na aula de iniciação desta vertente.

De Mysteriis Dom Sathanas – Mayhem 

Data de lançamento – 24/05/1994

Gravadora – Deathlike Silence Productions

 

Faixas:

01 – Funeral Fog 

02 – Freezing Moon

03 – Cursed in Eternity

04 – Pagan Fears

05 – Life Eternal

06 – From the Dark Past

07 – Buried by Time and Dust

08 – De Mysteriis Dom Sathanas

 

Formação:

Euronymous – guitarra

Hellhammer – bateria

 

Músicos adicionais:

Attila Csihar – vocal

Varg Vikernes – baixo