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Memory Remains: Megadeth – 24 anos de “Cryptic Writings” e a modernização do som

Memory Remains: Megadeth – 24 anos de “Cryptic Writings” e a modernização do som

17 de junho de 2021


Em 17 de junho de 1997, o Megadeth lançava o seu sétimo disco de estúdio. Esse disco era o ápice da fase em que a banda se distanciava do Thrash Metal que a consagrou. Era também o último disco gravado com a formação clássica. Nick Menza sairia para não mais voltar e a frustração fora ainda maior quando de sua morte, havia a possibilidade de seu retorno à banda. É sobre este play que iremos falar no Memory Remains desta quinta-feira.

A banda vinha do aclamado “Youthanasia” e oprodutor Max Norman assinou a produção, juntamente com Dave Mustaine, e assim todos foram para o estúdio “The Track Room“, em Nashville. Também foram utilizados o “The Castle”, na cidade de Franklin para gravações adicionais e o “Gateway Mastering Studios”, em Portland, onde a bolacha foi masterizada. Foi um dos últimos discos a ser lançado pela “Capitol”, gravadora com quem o Megadeth sairia poucos anos depois, em litígio.

Temos o início com a comercial “Trust“. Mesmo comercial, ela é poderosa, técnica, pesada e um clima como poucas músicas o Megadeth compôs em toda a sua carreira. Tem fãs que torcem o nariz para este som. Puro radicalismo. Lembro-me que na época do lançamento, li um anúncio de uma garota na revista “Rock Brigade” em que ela pedia para que fãs desta música não a escrevessem. Optei em não escrever para esta moça radical… “Almost Honest” tem um clima modernoso, onde o baixo de Dave Ellefson brilha. As guitarras são meio estranhas, mas não comprometem a música.

Use The Man” é uma música mais lenta, embora no final ela fique mais rápida. Fala sobre o vício em heroína e na sua intro traz um trecho da música “Needles & Pins“, na versão da banda The Searches. É uma das minhas favoritas deste disco. Já “Mastermind” traz de volta o clima modernoso ao disco. Com riffs interessantes e uma pegada mais arrastada na primeira parte, crescendo na parte do solo. Muito boa.

Em “The Desintegrators“, temos de volta um esboço do Thrash Metal. Uma música bem a cara do Megadeth, rápida, agressiva e ríspida. Os riffs com o selo de qualidade de Dave Mustaine, aliados ao baixo pesadão de Ellefson. Música maravilhosa. “I‘ll Get Even” é uma balada que acalma os ânimos depois da música destruidora que a antecedeu. E ela é agradabilíssima de se escutar, enquanto que “Sin” é vistosa, pesada, moderna, linda. Aqui eu destaco a bateria precisa do nosso saudoso Nick Menza.

Richard Avedon /Capitol Records

A Secret Place” é melódica e ao mesmo tempo pesada e densa, fazendo dela uma combinação perfeita, enquanto que “Have Cool Will Travel” é uma música mais calminha, sobretudo em seu refrão. A diferença entre essas duas músicas fazem uma conexão perfeita no disco. Ai temos o riff cavalgado de “She-Wolf“, um dos melhores já compostos por Dave Mustaine. Essa música é outra que se destaca neste play e as influências de Iron Maiden se mostram latentes no dueto de guitarras ao final da música. Perfeita.

Vortex” traz novamente a trilha moderna em que o Megadeth estava se enveredando neste disco. Com uma pegada Prog incrível, ela é também pesada e densa, linda e poderosa. “FFF“, as iniciais para “Fight For Freedom” fecha o disco com chave de ouro, em que seu instrumental é, digamos, uma releitura de “Motorbreath“, lançada pelo Metallica em seu debut, “Kill’em All“, com algumas diferenças, o solo muitíssimo bem executado por Marty Friedman, o baixo de Dave Ellefson com muito peso. Ela é bem curta e grossa, então, no meu caso, eu não vejo problemas em repetí-la à exaustão.

E chegamos ao final de um disco curto, porém, interessante, em que pese o fato de ter o Megadeth pelo terceiro álbum consecutivo se distanciando do que fora produzido no seu supra-sumo, o inquestionável “Rust in Peace“. Um álbum que eu tenho o maior carinho, por ter sido o segundo disco dos caras que conheci e foi aí que eu passei a gostar da banda e a procurar pelo material mais antigo.

Cryptic Writtings” saiu em três edições: esta que o redator tem em suas mãos, que é a mais conhecida, com as doze faixas e a capa cinza; e edição japonesa, com uma faixa bônus, “One Thing” e a versão remixada, lançada mais tarde, com uma capa preta, que inclui versões alternativas para as músicas originais, como por exemplo, a versão em espanhol para “Trust” e faixas gravadas em apresentações ao vivo.

Nosso aniversariante de hoje foi bem recebido em seu lançamento e estreou na 8ª posição da “Billboard”, além de ter sido certificado com disco de platina, em 1998. Além disso, rendeu uma passagem pelo Brasil, no qual a banda se apresentou na versão brasileira do “Monsters of Rock” no ano de 1998, ao lado de Slayer, Manowar, Korzus, Dorsal Atlântica, entre outros.

Apesar de meio desprezado por pequena parcela dos fãs, trata-se de um bom álbum de Heavy Metal e que envelhece bem, sendo hoje o tema de nossa crônica, recebendo as justas homenagens. E desejamos longa vida à banda de Dave Mustaine, o que pelo jeito deve acontecer, haja vista que a banda está gravando novo play e com promessas até de blasts-beats do seu batera atual, Dirk Verbeuren. Só nos resta aguardar essa pandemia acabar. E você, caro leitor, curta este play. Tudo vai ficar em paz e em breve teremos nossos ídolos de volta, fazendo shows e lançando novos álbuns, para nosso deleite.

Cryptic Writtings – Megadeth

Data de lançamento – 17/06/1997

Gravadora – Capitol

Faixas:

01 – Trust

02 – Almost Honest

03 – Use The Man

04 – Mastermind

05 – The Desintegrators

06 – I’ll Get Even

07 – Sin

08 – A Secret Place

09 – Have Cool Will Travel

10 – She-Wolf

11 – Vortex

12 – FFF

Formação:

Dave Mustaine – Vocal/Guitarra

Dave Ellefson – Baixo

Marty Friedman – Guitarra

Nick Menza – Bateri