Há 31 anos, no primeiro dia de novembro de 1994, o Megadeth lançava “Youthanasia“, o sexto disco de estúdio e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado.
O curioso é que este não é um disco necessariamente Thrash Metal, vertente que consagrou a banda nos quatro cantos do globo, mas ele certamente conta com alguns dos riffs mais pesados já compostos por Dave Mustaine. E sim, “Youthanasia” é um excelente disco. Não tão comercial quanto o antecessor “Countdown to Extinction” e nem tão rápido quanto “Rust in Peace“. A gente já sabe do problema criativo das bandas de Heavy Metal nos anos 1990, mas o Megadeth até que se saiu bem.
Com produção de Max Norman e Dave Mustaine, era o segundo dos três álbuns que a dupla produziria. Gravado no “Phase Four Studios“, em Phoenix, durante o primeiro semestre de 1994. A capa é a mais genial já criada por um artista. Mostra uma mulher pendurando bebês de cabeça para baixo em um varal que parece não ter fim. O título é uma sacada sensacional, onde há uma junção dos nomes “Youth” com “Euthanasia“. Mustaine explicou que pensou neste nome após ouvir falar de um médico chamado Jack Kervokian (conhecido médico por lutar pelo direito ao suicídio coletivo) e também o declínio do bem-estar dos jovens, a relação com drogas, violência e a falta da figura paterna.
Era o terceiro álbum da banda com a formação clássica, que ainda gravaria mais dois álbuns futuramente e aqui o quarteto tinha um desafio enorme pela frente: fazer um álbum tão bom e que superasse comercialmente “Countdown to Extinction“, lançado dois anos antes. Talento, os músicos tinham de sobra, era só questão de todos resolverem suas diferenças e se acertarem no estúdio, o que o tempo se encarregou de fazer.
O período em estúdio não foi dos mais tranquilos. De acordo com Dave Mustaine, a cada duas semanas, ele promovia “intervenções emocionais”, é o líder da banda buscava uma fórmula de sucesso. Em entrevista na época, Mustaine ressaltou que quis fazer algo completamente novo, conforme iremos ler abaixo:
“Não estávamos tocando nenhum material antigo ou catalogado. Nada do passado realmente influenciou o novo disco. Dei mais liberdade aos outros membros e (“Youthanasia” foi) um esforço total da banda”.
No ano de 2002, o guitarrista Marty Friedman, que já estava fora da banda, afirmou em seu site que três músicas foram gravadas como demo, mas não foram lançadas em nosso aniversariante: são elas “FFF”, “Vortex” e “Absolution“. As duas primeiras entraram no álbum seguinte, “Cryptic Writrings“. Já quanto a terceira, teve algumas partes utilizadas no que acabou se tornando a faixa “Trust“.
A introdução acústica de “Blood of Heroes” foi tirada da música “The Call of Ktulu“, lançada pelo Metallica no álbum “Ride the Lightning“. O Metallica continuava a ser uma espécie de obsessão de Dave Mustaine, e parece ser até hoje, já que a banda anunciou que o próximo álbum terá o cover para “Ride the Lightning“, uma composição que tem Dave Mustaine como um dos compositores.
Bolacha rolando, o Megadeth nos apresenta um ótimo álbum de Heavy Metal. São 12 músicas em 49 minutos e muitos bons momentos como em “A Tout Le Monde“, que fala sobre a tentativa de suicídio de Mustaine e volta e meia, aparece nos shows, “Reckonning Day“, “Train of Consequences“, a faixa-título e “Victory“, onde Mustaine faz um jogo citando títulos de várias músicas da banda e contando como o Megadeth se tornou uma banda vencedora. É um álbum pesado, muito bem tocado, mas pode decepcionar quem espera por riffs rápidos como nos quatro primeiros álbuns.
A crítica especializada teceu críticas favoráveis ao álbum. Mas “Youthanasia” é um tanto quanto subestimado por alguns fãs, mas ele tem o seu valor. Não foi comercialmente tão bem sucedido quanto o seu antecessor, mas o resultado musical e artístico é muito favorável, principalmente, em se tratando da crise de criatividade que as bandas de Heavy Metal de maneira geral sofreram nos anos 1990.
O álbum foi certificado com Disco Ouro na Argentina, Reino Unido, Finlândia e Japão, além de Platina no Canadá e Estados Unidos. Nos charts mundo afora, o disco alcançou a 4ª posição na “Billboard 200” e na Suécia, 6ª no Reino Unido, 9ª na Austrália, 10ª na Nova Zelândia; 11ª no Canadá e Japão, 13ª na Alemanha, 20ª na Holanda, 26ª na Áustria, 30ª na Bélgica e 32ª na Suíça. Os singles “Train of Consequences” e “A Tout le Monde” figuraram também nos charts. A primeira alcançou a 22ª posição no Reino Unido e a 29ª na “Billboard“, enquanto que a segunda alcançou a 31ª posição na “Billboard“.
Além disso, o aniversariante do dia conseguiu três honrarias nos veículos da imprensa especializada: a “Guitar World” colocou o álbum entre os 50 icônicos discos que definiram 1994; a “Metal Hammer” classificou “Youthanasia” como o 8° melhor disco daquele ano de 1994 e a “Raw” também compilou uma lista dos melhores discos do ano, colocando nosso aniversariante em 17°. Não é pouco!
Em 2014, a banda realizou uma turnê em que o álbum fora executado na íntegra, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. O Brasil foi agraciado com um show na cidade de São Paulo. A banda realizou alguns shows no mês de outubro deste ano pela Europa, mas nosso aniversariante não teve nenhuma música tocada nestas apresentações, o que deve mudar, pois a banda se prepara para sua turnê de despedida.
Hoje é dia de celebrar mais um aniversário deste álbum. O Megadeth vai lançar seu próximo álbum no dia 23 de janeiro e os brasileiros já têm um encontro marcado com a banda, que fará uma única apresentação no dia 2 de maio, somente em São Paulo. Da formação que gravou “Youthanasia“, apenas o “chefe” Mustaine continua. Seria bom se ele repensasse a aposentadoria, mas se não mudar de ideia, o Megadeth terá cumprido o seu papel de maneira brilhante.

Youthanasia – Megadeth
Data de lançamento – 01/11/1994
Gravadora – Capitol
Faixas:
01 – Reckonning Day
02 – Train of Consequences
03– Addicted to Chaos
04 – A Tout Le Monde
05 – Elysian Fields
06 – The Killing Road
07 – Blood of Heroes
08 – Family Tree
09 – Youthanasia
10 – I Thought I Knewit All
11 – Black Curtains
12 – Victory
Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Dave Ellefson – baixo
Marty Friedman – guitarra
Nick Menza – bateria