Memory Remains

Memory Remains: Megadeth – 32 anos de “Rust in Peace”, a grande obra da carreira de Dave Mustaine

Memory Remains: Megadeth – 32 anos de “Rust in Peace”, a grande obra da carreira de Dave Mustaine

24 de setembro de 2022


Setembro, como já sabemos, parece ser o mês do Megadeth. Dia 2 foi o lançamento do mais recente disco da banda, “The Sick, The Dying… And the Dead“; dia 13 foi aniversário de Dave Mustaine, no dia 14 foi a vez de comemorar o lançamento de “The System Has Failed“, dia 15 celebramos “Endgame” e agora em 24 de setembro, é a vez de falarmos sobre “Rust in Peace“, lançado nesta data, há 32 anos. E a obra prima de Dave Mustaine é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

Megadeth vinha de um excelente disco, “So Far, So Good…So What!” e precisava manter a pegada para seguir conquistando fãs mundo afora e, “vingar-se do Metallica“, que era a promessa feita por Mustaine quando foi chutado da banda. Nem precisou se vingar, Musta!

Só que, por muito pouco, o guitarrista seria outra figura conhecida: Dimebag Darrel foi convidado por Dave Mustaine, que relembrou o fato, em entrevista à “Loudwire”:

“Eu chamei Darrell e perguntei se ele queria tocar conosco. Ele me respondeu que adoraria, porém, ele não queria se separar do irmão (Vinnie Paul). Perguntei então o que o irmão dele fazia, se ele era roadie, no que ele me respondeu que (ele) era seu baterista. Ai eu disse: que merda, eu acabei de contratar Nick Menza.”

Antes disso, um outro monstro, na época um jovem desconhecido, foi cogitado para entrar na banda. Jeff Loomis. Ele impressionou Mustaine na sua audição, porém, não foi aprovado por ser considerado jovem demais. Loomis acabou entrando para o Sanctuary, depois fez sua carreira no Nevermore e hoje é guitarrista (coadjuvante) do Arch Enemy. Mustaine acabou acertando com Marty Friedman e essa formação é até hoje considerada a mais icônica da banda. Eles tocaram juntos até 1999, quando Nick Menza foi demitido após ser diagnosticado com problemas em seu joelho.

Com o lineup renovado, a  banda se reuniu no Rumbo Records, em Los Angeles, na companhia do produtor Mike Clink, que co-produziu a obra junto com Dave Mustaine. Max Norman, que produziria o disco sucessor, foi responsável pela mixagem. O dado curioso é que o guitarrista Chris Poland chegou a gravar as fitas demo com as músicas que fariam parte do aniversariante de hoje.

Disco gravado, banda na estrada, o que resultou no primeiro show do Megadeth em terras tupiniquins, na segunda edição do Rock in Rio, no ano de 1991, no estádio do Maracanã. E colocando o disco para rodar, a gente percebe que se trata de um verdadeiro tesouro do Thrash Metal.

Holy Wars…The Punishment Due” já nasceu clássica: São quase 7 minutos em que Dave Mustaine de fato extraiu toda a sua capacidade de criação de riffs, que só seria superado pelo pai de todos eles, um tal de Tony Iommi. Mas bem, como estamos falando dos mortais, aqui a música é contagiante, com várias mudanças em seu andamento; A letra, que fala sobre o mal que a religião pode provocar, continua atual ainda nos dias de hoje. E a música, é OBRIGATÓRIA em todos os shows da banda, normalmente sendo a última a ser executada em seu set. Linda música. Considero a melhor música de Metal da história.

Hangar 18” dá sequência à obra de arte com uma melodia simplesmente maravilhosa, ganhando mais punch em seu final e com solos simplesmente arrebatadores. A letra, escrita por Menza, trata de Conspirações extraterrestres e sobre a “Área 51”, uma base estadunidense que supostamente trabalha com OVNIS. Canção igualmente obrigatória nos shows e que normalmente abre os concertos da banda.

Take no Prisoners” Mantém a banda nas alturas e aqui quem manda são os riffs da dupla Mustaine e Friedman. Entrosamento perfeito, parecia que já eram parceiros há anos. A letra trata de prisioneiros de guerra. “Five Magics” já mostra a banda tirando um pouco o pé do acelerador, apostando em solos com melodias e riffs bem pesados, excelente música.

Poison Was The Cure” começa com riffs bem intrincados, porém logo traz de volta a banda ao caminho da velocidade, uma música forte, aqui a banda toda se destaca, porém, eu ainda coloco o trampo de Nick Menza um pouco acima dos demais. “Lucretia” chega com sua melodia e dá um clima de calma ao disco. Não se trata de uma balada, mas uma música muito boa, mesmo contrastando com o restante das faixas, não daria para imaginá-la fora deste disco. Embora ela se pareça e muito com as músicas do sucessor “Countdown to Extinction“.

Tornado of Souls“… O que dizer dessa música? Qualquer palavra que eu busque, não conseguirá explicar a magnitude dela, a força que ela tem ao vivo. Bom, vou lhes contar uma experiência que vivi no dia 1 de novembro de 2017, quando estive em um show do Megadeth, no “Vivo Rio”, na capital fluminense: estava eu e mais dois amigos, um deles não é muito de curtir moshpit, mas o outro é meu parceiro neste tipo de coisa. E estávamos nós, apertados no meio da multidão que acompanhava o show, parecia que a banda tocava em um ônibus lotado na hora do rush, porém, quando Mustaine e Kiko Loureiro puxaram os riffs iniciais desta música, eu olhei para esse brother e o olhar nem precisou de palavras: antes que Mustaine abrisse a boca para cantar “This morning i made the call“, os versos principais da música, estávamos lá no moshpit, nos esbaldando. Voltando à versão de estúdio, Nick Menza aqui ainda conseguiu ter uma melhor performance, seu ponto alto.

Dawn Patrol” chega para anunciar o final do disco. Eu não sou muito chegado nesta música, que não é tão curta para ser chamada de vinheta, mas que serve como ponte para a música que de fato vem para fechar de forma apoteótica o disco: “Rust in Peace…Polaris“, que começa com a bateria maravilhosa de Menza, que depois passa a bola para que Mustaine e Friedman continuem o trampo magnífico, em conjunto. Os bumbos duplos em harmonia com os riffs poderosos desta música a transformam em uma verdadeira obra de arte do metal. Uma pena que a banda não costuma tocá-la ao vivo.

Com apenas 40 minutos de música pesada, o Megadeth estourou de vez na cena, tornando-se uma das bandas do “The Big 4“, ao lado de MetallicaSlayer e Anthrax. o álbum é por muitas vezes colocado no mesmo patamar de “Master of Puppets“, “Reign in Blood” e “Among the Living“, como sendo os melhores álbuns de sempre do Thrash Metal. Marca também o final de um ciclo, pois a partir de “Countdown to Extinction“, a banda deixaria um pouco de lado o Thrash Metal, apostando em músicas mais melódicas, sem jamais abandonar o peso.

Nos charts mundo afora, o álbum obteve boa performance, ficando em 8° no Reino Unido, 21° na Alemanha, 23° na “Billboard 200“, 29° no Japão e na Suíça, 34° na Suécia, 47° na Austrália e 70° no Canadá. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido e Platina no Canadá e Estados Unidos. O álbum foi indicado ao Grammy Awards de 1992 na categoria “Melhor Performance de Metal”. Acabou sendo derrotado para o Black Album do Metallica. Foi também incluído no livro dos 1001 álbuns que você precisa ouvir antes de morrer. Foi na turnê de “Rust in Peace” que o Megadeth desembarcou pela primeira vez no Brasil, na segunda edição do Rock in Rio, em 1991.

Em 2010, o Megadeth comemorou os 20 anos desta obra tocando ao vivo o disco na íntegra, o que rendeu até um CD/DVD ao vivo chamado “Rust In Peace Live“. O disco é tão bom que ele merece ser tocado na íntegra todos os seus aniversários. Um disco atual, ainda que tenha mais de 30 anos, indispensável na discografia dos fãs de metal e que merece toda nossa celebração. Se por um lado, Dave Mustaine é um tremendo vacilão, pois trocou o Rock in Rio por uma turnê com o Five Finger Death Punch, ele compensa com talento de sobra. Felizmente ele se recuperou do câncer e a banda superou a pandemia interminável do novo Coronavírus  Aguardamos uma turnê do Megadeth pelo Brasil, o que não acontece desde 2017. Hoje é dia de colocar esse play para tocar no volume máximo.

Rust in Peace – Megadeth

Data de lançamento – 24/09/1990

Gravadora: Capitol

Faixas:

01 – Holy Wars…The Punishment Due

02 – Hangar 18

03 – Take no Prisoners

04 – Five Magics

05 – Poison Was no Cure

06 – Lucretia

07 – Tornado of Souls

08 – Dawn Patrol

09 – Rust in Peace… Polaris

 

Formação:

Dave Mustaine: Vocal/Guitarra

David Ellefson: baixo

Marty Friedman: Guitarra

Nick Menza: Bateria