1992 foi um ano muito bom para a música pesada. Diversos álbuns que se tornaram clássicos foram lançados naquele ano. O Megadeth, também lançou o seu disco icônico. E o tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira é “Countdown to Extinction“, o disco de número cinco da banda de Dave Mustaine, lançado em 14 de julho, há 33 anos atrás.
“Countdown to Extinction” foi lançado quase um ano após o “Black Álbum” do Metallica. Alguns comparam os dois álbuns, que são bem diferentes entre si, sendo que se a banda anterior de Dave Mustaine explodiu comercialmente, o Megadeth, guardadas as proporções, teve seu êxito comercial. Claro que não se tornou a enormidade e a fábula de ganhar dinheiro que a banda de James Hetfield e Lars Ulrich se tornou, mas a “tirada de pé” que a banda deu neste álbum os fizeram alcançar um outro patamar, e, consequentemente, ganhou mais público.
“Countdown…” não deixa de ser Heavy Metal, apenas não é tão rápido quanto quanto seus antecessores, o já citado “Rust In Peace” e “So Far, So Good…SoWhat!“, mas é um excelente disco, em que a velocidade dá lugar ao peso, às melodias e a criatividade das composições. Podemos dizer que o Thrash Metal aqui dá lugar às melodias, mas sem deixar o peso de lado em nenhum momento.
Com a formação da banda estabilizada, o que acontecia pela primeira vez em quase dez anos de existência, e respaldado pelo sucesso do álbum anterior, que resultou em turnê que inclusive, deu aos fãs brasileiros a oportunidade de ver a banda pela primeira vez ao vivo, no Rock In Rio II, em 1991, no estádio do Maracanã. Esta apresentação, inclusive, foi lembrada por Dave Mustaine, quando da abertura do show do Black Sabbath, em 2013, na Praça da Apoteose (arrepiando este que vos escreve). Ele só errou o ano da apresentação: foi em 1991 e não em 1992, Musta. Mas nós perdoamos o ato falho.
O play conta com a produção de Max Norman e de Dave Mustaine, e foi gravado entre janeiro e abril de 1992, teve mais de 7 milhões de cópias vendidas (em tempos que não havia downloads, o máximo que poderíamos fazer era esperar aquele amigo comprar o álbum e então iríamos com uma mísera fitinha cassete para poder gravar e escutar no walkman – quem tem mais de 40 anos como este que vos escreve, sabe bem) e ganhou dois discos de platina somente nos EUA. O estúdio usado pela banda foi o “The Enterprise Studio”, na Califórnia. O título do álbum foi sugestão de Nick Menza ao ler um artigo na revista Time com o título de “The Countdown To Extinction”.
“Countdown” foi lançado pela antiga gravadora da banda, a Capitol (sim, aquela em que, no último lançamento contratual da banda – uma coletânea – Mustaine batizaria o lançamento de “Punição da Capitol”) e alcançou o 2º lugar da Billboard, uma façanha e tanto para uma banda de Heavy Metal, sobretudo numa época em que o grunge estava em alta na terra do Tio Sam e em que muito tentou-se propagar a ideia de que o estilo estava morto. Mas NÃO ESTAVA MESMO.
Em nosso aniversariante, o Megadeth nos brinda com um álbum com 11 músicas e duração de 47 minutos. Os grandes destaques ficam por conta de músicas como “Skin o’ My Teeth“, “Foreclosure of a Dream“, “This Was my Life“, “High Speed Dirt“, “Captive Honour“, “Ashes in Your Mouth“, além das clássicas e obrigatórias nos shows “Symphony of Destruction” e “Sweating Bullets“. É uma audição das mais agradáveis, ainda que sua sonoridade possa não agradar aqueles que gostam de um som mais Thrash Metal que a banda fazia com certa frequência até o álbum antecessor.
Quanto as letras, em “Skin o’ My Teeth“, Mustaine fala sobre as suas tentativas de suicídio. “Symphony of Destruction” fala sobre colocar algum cidadão comum como fantoche de um chefe de um regime de governo. “Architecture of Aggression” foi escrita para o ex-ditador iraquiano, Saddam Hussein. “Foreclosure of a Dream” trata das desigualdades sociais, enquanto que “Sweating Bullets” trata da batalha de Mustaine contra o seu eu-interior. “This Was my Life“, como o nome sugere, fala sobre uma pessoa no final de sua vida. A faixa-título faz uma crítica aos caçadores de animais. “High Speed Dirt” é uma gíria usada por paraquedistas quando o para-quedas não abre. “Psychotron” fala sobre a criação de uma criatura metade robô- metade humano assassino. “Captive Honour” fala sobre o dia a dia de um prisioneiro e “Ashes in Your Mouth” fala sobre o sucesso e de como as pessoas podem se sentir tristes depois de chegarem ao topo de suas vidas.
A banda produziu videoclipes para cinco canções deste álbum: “Skin o’ My Teeth“, “Symphony of Destruction“, “Sweating Bullets“, “High Speed Dirt” e “Foreclosure of a Dream“, esta última, teve seu videoclipe foi veiculado à exaustão na MTV, figurando por diversas vezes no Top 20 da emissora.
“Countdown To Extinction” foi indicado ao prêmio de “Melhor desempenho de Metal” no “Grammy Awards” de 1993 e a faixa título ganhou a “Humane Society’s Genesis Award”, um prêmio que reconhece artistas que de alguma forma contribuem para a melhoria da sociedade humana, sendo a única banda de Heavy Metal a ser agraciada com tal honraria. E cá entre nós, poderia uma letra tão inteligente e que nos faz pensar em respeitar a vida, poderia não vencer este prêmio?
“Countdown to Extinction” foi o primeiro álbum sem contar com a mascote Vic Rattlehead na capa, que só voltaria a aparecer em “The World Needs a Hero”, no ano de 2001. Nosso aniversariante alcançou a 2ª posição na “Billboard”, o melhor desempenho de um disco do Megadeth. Em outros lugares do planeta, o álbum também frequentou as paradas de sucesso: foi 5° na Finlândia, Nova Zelândia e Reino Unido, 6° no Japão, 8° na Noruega, 9° na Suécia, 12° na Áustria, 15° na Alemanha, 16° na Suiça, 19° na Europa, 25° no Canadá e 37° na Hungria. Foi certificado com Disco de Ouro na Argentina, Austrália, Japão e Reino Unido, Duplo Platina nos Estados Unidos e Triplo Platina no Canadá.
O álbum foi muito bem recebido, tanto pelos críticos, que consideraram um álbum justo e todos elogiaram a performance vocal de Dave Mustaine, quanto pelo público. Muitos fãs consideram este o melhor álbum já lançado pelo Megadeth. A única ressalva que alguns críticos fizeram à época foi sobre o chamado “primeiro passo na direção do mainstream” dado pela banda, sugerindo uma resposta do Megadeth ao “Black Album“, do Metallica. Óbvio que isso só fez acirrar ainda mais os ânimos entre os fãs das duas bandas.
A turnê se iniciou nos Estados Unidos, em 1992, quando o Megadeth teve bandas como Pantera, Suicidal Tendencies e White Zombie abrindo seus shows. A banda foi headliner do festival Roskilde, na Dinamarca, onde tocou em 27 de junho e seguiu a turnê pelo velho mundo. Em janeiro de 1993, tocaram nos Estados Unidos, levando o Stone Temple Pilots como banda de abertura. Ambas as bandas estavam escaladas para alguns shows durante o mês de maio no Japão, mas as apresentações foram canceladas. Em junho de 1993, o Megadeth tocou com o Diamond Head, no National Bowl, Inglaterra, tocaram em mais festivais do verão europeu e seguiram pela Europa, abrindo os shows de Metallica e também do Iron Maiden. Eles retornaram aos Estados Unidos, onde encerraram a turnê em 8 de dezembro daquele ano.
Em 2012, para celebrar os vinte anos de lançamento deste álbum, o Megadeth fez uma turnê comemorativa, onde o álbum foi tocado na íntegra. A turnê teve início em 02/09/2012, em Bogotá. São Paulo foi a cidade brasileira escolhida para o show, que aconteceu 4 dias depois. A banda seguiu a turnê até a América do Norte. Músicas como “Architecture of Aggression“, “Psychotron” e “Captive Honour“, nunca tinham sido tocadas ao vivo até aqui, enquanto outras como “This Was My Life” e “High Speed Dirt“, voltavam a ser executadas depois de muitos anos.
No ano de 2004, a Capitol relançou o álbum com uma nova mixagem e com a adição de quatro faixas bônus, que deu à banda mais um Disco de Ouro na Argentina. Em 2012, o álbum foi relançado como um álbum duplo, sendo o disco 1, o álbum original e o disco 2, um registro da banda tocando ao vivo no Cow Palace, em San Francisco, no ano de 1992, durante a turnê do álbum.
Hoje é dia de celebrar esse álbum que vai envelhecendo bem, obrigado. O Megadeth segue em plena atividade, tendo somente Mustaine como membro original. A banda está em estúdio gravando o novo álbum, o primeiro a contar com o guitarrista Teemu Mäntysaar, que está no lugar que era de Kiko Loureiro e será o primeiro desde “Endgame” a contar com o baixista James LoMenzo. Ainda sem data de lançamento, os fãs devem ter o novo álbum à disposição ainda esse ano ou no início de 2026.
Countdown to Extinction – Megadeth
Data de lançamento – 14/07/1992
Gravadora – Capitol
Faixas:
01 – Skin o’ My Teeth
02 – Symphony of Destruction
03 – Architecture of Aggression
04 – Foreclosure of a Dream
05 – Sweating Bullets
06 – This Was My Life
07 – Countdown to Extinction
08 – High Speed Dirt
09 – Psychotron
10 – Captive Honour
11 – Ashes in Your Mouth
Formação:
Dave Mustaine – vocal / guitarra
Dave Ellefson – baixo
Marty Friedman – guitarra
Nick Menza – bateria