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Memory Remains: Megadeth e os 26 anos de “Youthanasia”; Se reinventando em meio a crise do Thrash Metal

Memory Remains: Megadeth e os 26 anos de “Youthanasia”; Se reinventando em meio a crise do Thrash Metal

1 de novembro de 2020


No primeiro dia de novembro do ano de 1994, o Megadeth lançava o seu sexto disco de estúdio: e hoje temos “Youthanasia” alcançando o seu 26º aniversário; Um disco que certamente envelhece muito bem, obrigado.

Falar sobre este álbum me traz emoções pessoais e como faço com alguns deles, fica impossível não compartilhar isso com o caro leitor. “Youthanasia” foi o primeiro disco do Megadeth que eu escutei. Isso se deu no ano de 1997, eu era estudante do último ano do ensino fundamental e ganhei este disco de um amigo que resolveu presentear “o amigo roqueiro”. Eu tinha um preconceito enorme com a banda de Dave Mustaine e falava que odiava a banda, sem ao menos escutar. Coisas de adolescente.

O Megadeth hoje certamente está no meu “The Big Four“, caso eu resolva criar uma lista com as quatro bandas que eu mais gosto, então quem me conhece, até estranha o fato de em meados dos anos 90 eu não ter tido muito apreço pela banda. Mas felizmente, o “Youthanasia” mudou esse panorama.

O curioso é que este não é um disco necessariamente Thrash Metal, que consagrou a banda nos quatro cantos do globo, mas ele certamente conta com alguns dos riffs mais pesados já compostos por Dave Mustaine. E sim, “Youthanasia” é um excelente disco. Não tão comercial quanto o antecessor “Countdown to Extinction” e nem tão rápido quanto “Rust in Peace“.

Com produção de Max Norman e Dave Mustaine, era o segundo dos três álbuns que a dupla produziria. Gravado no “Phase Four Studios“, em Phoenix. A capa é em minha opinião a mais genial já criada por um artista. Mostra um varal que parece não ter fim e nele bebês dependurados de cabeça para baixo. O título é uma sacada sensacional, onde há uma junção dos nomes “Youth” com “Euthanasia“. Mustaine explicou que pensou neste nome após ouvir falar de um médico chamado Jack Kervokian (conhecido médico por lutar pelo direito ao suicídio coletivo) e também o declínio do bem-estar dos jovens, a relação com drogas, violência e a falta da figura paterna.

Era o terceiro álbum da banda com a formação clássica, que ainda gravaria mais dois álbuns futuramente e aqui o quarteto tinha um desafio enorme pela frente: fazer um álbum tão bom e que superasse comercialmente “Countdown to Extinction“, lançado dois anos antes.

Assim como no álbum Chaos A.D. do Sepultura, eu também estranhei “Youthanasia” quando eu o escutei pela primeira vez. Mas a diferença é que na época em que tive acesso a este disco, eu já começava a me familiarizar com o Heavy Metal, então algumas músicas já ficaram na minha cabeça logo de cara.

E assim foi com as quatro primeiras músicas: “Reckoning Day” é pesada demais, um riff de guitarra que não é dos mais complexos, mas simplesmente maravilhoso. Quanto a letra, Mustaine deveria estar com muita sede de vingança quando a escreveu. Seria ainda o sentimento de vingança contra o Metallica?

“Train of Consequences” é outra bem pesada, com riffs bem mais intrincados e mais voltada para o Hard, onde Dave Mustaine flerta com melodias vocais, coisa que ele já havia tentado fazer e com sucesso, no álbum anterior. O solo desta música é maravilhoso.

“Addicted to Chaos” é uma música mais densa, igualmente pesada, sombria, mas bem melódica no seu refrão. Outra música que me impressionou.

“A Tout Le Monde” foi a última das quatro músicas que me chamaram atenção na primeira audição. Também pudera, é a música de maior sucesso da banda, obrigatória nas apresentações. A letra, bem depressiva foi composta após uma tentativa de suicídio de Dave Mustaine.

Depois, começa a sequência que me conquistou com o tempo: “Elysian Fields” tem uma levada bem Hard Rock, sem abandonar o peso das guitarras, muito boa! “The Killing Road”é uma música com um andamento um pouco mais rápido, a mais Metal das faixas deste disco, mas atenção: aqui, rapidez nunca poderá ser comparado ao que foi mostrado ao mundo nos álbuns de “Rust in Peace” para trás. A música é muito boa e com um refrão que gruda na sua mente.

“Blood of Heroes” é uma música mais densa, mas o timbre das guitarras segue o mesmo, agradando o ouvinte que preza pelo peso. Detalhe: uma das coisas que pessoalmente me chamam atenção em uma banda é o timbre da guitarra, um som limpo e isso o Mefadeth dá de sobra.

“Family Tree” é uma faixa onde a banda explora mais a melodia. Aqui tudo é certinho.

Megadeth e sua formação clássico.

Divulgação/Capitol Records

Megadeth e sua formação clássico.

Chega a faixa título e essa é outra que se destaca pela complexidade da composição e os riffs bem intrincados. Para mim, certamente essa música figura entre as melhores de toda a carreira da banda “I Thought I Knew it All” é mais uma na linha Hard Rock, onde as guitarras não abandonam o peso e melodia. E a cozinha também faz um excelente trabalho.

“Black Curtains” começa com um riff bem pesado e a bateria de Nick Menza anunciando que o fim do disco está próximo. Uma música bem densa e pesada, como se mostra o álbum. Muito boa! O final não poderia ser melhor: “Victory” é uma música incrível, em que Mustaine faz meio que uma retrospectiva da banda, e encaixando na história, os títulos das músicas de álbuns passados.

É um álbum um tanto quanto subestimado por alguns fãs, mas ele tem o seu valor. Não foi comercialmente tão bem sucedido quanto o seu antecessor, mas é querido por este redator e tenho certeza, por muitos que estão lendo estas linhas. É um álbum que você precisa escutar muitas vezes para compreendê-lo. E depois você vai escutar mais vezes por ter se apaixonado por ele, como eu.

Este também fora o primeiro disco do Megadeth que eu escutei na minha vida, presentado que fui por um colega de sala de aula, na sétima série do ensino fundamental. Este amigo sabia que eu gostava de “rock pauleira”, segundo suas palavras (N. do R: e também de muitas pessoas que não reconhecem o nome Heavy Metal e usam de qualquer alcunha para designar o som pesado que tanto amamos e escolhemos como estilo de vida).

Em 2014, a banda realizou uma turnê em que este álbum fora executado na íntegra, em comemoração aos 20 anos de seu lançamento. O Brasil foi agraciado com um show na cidade de São Paulo. Curiosamente, nesta data completam três anos que a banda se apresentou pela última vez no Rio de Janeiro. Este redator que vos escreve estava presente e uma pena que a banda só tenha tocado o hit “A Tout le Monde”, mas valeu e muito a pena a apresentação.

Vamos celebrar mais um ano de vida deste álbum, que embora seja subestimado por muitos, ele é simplesmente maravilhoso. O ponto alto de uma décafa em que não só o Megadeth, mas outras bandas, sobretudo as de Thrash Metal, passaram por crise de crise de criatividade.

Youthanasia – Megadeth

Data de lançamento – 01/11/1994

Gravadora – Capitol Records

Faixas:

01 – Reckonning Day
02 – Train of Consequences
03– Addicted to Chaos
04 – A Tout le Monde
05 – Elysina Fields
06 – The Killing Road
07 – Blood of Heroes
08 – Family Tree
09 – Youthanasia
10 – I Thought I Knewit All
11 – Black Curtains
12 – Victory

Formação:

Dave Mistaine – Vocaç/ Guitarra
Dave Ellefson – Baixo
Marty Friedman – Guitarra
Nick Menza – Bateria