Memory Remains

Memory Remains: Misfits – 27 anos de “American Psycho” e o retorno triunfal da banda

13 de maio de 2024


13 de maio é uma data importante na história do nosso país. Foi há 136 anos que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea que determinava a abolição da escravatura. Nosso Memory Remains desta segunda-feira vai tratar de “American Psycho“, o quarto álbum do Misfits, lançado há 27 anos.

Este é o primeiro álbum sem contar com a presença do vocalista e fundador Glenn Danzig. A banda havia encerrado suas atividades em 1983, quando o vocalista partiu para uma bem-sucedida carreira solo. Desde 1987, Jerry Only brigava na justiça contra Danzig pelos direitos do nome Misfits. Neste período, eles viram o legado construído pela banda ser conservado e passado às gerações futuras, através de versões de suas músicas gravadas por Metallica e Guns N’ Roses. Em 1995, Only ganhou a batalha judicial e começou a remontar a banda.

Ainda em 1994, Only e seu irmão, Doyle, buscavam um substituto para Danzig. Eles queriam alguém completamente diferente do vocalista original e se possível, alguém que desconhecesse a história da banda. Candidatos como Peter Steele e Dave Vanian, do The Damned, surgiram, mas eles escolheram um completo desconhecido. Seu nome? Michaele Emmanuel.

O jovem nunca tinha ouvido falar de uma banda chamada Misfits, embora eles fossem da mesma cidade. Orientado por um amigo, Michaele se apresentou para fazer uma audição e foi o escolhido exatamente pelo seu total reconhecimento para com a banda. Only e Doyle queriam alguém que pudesse dar a sua própria interpretação para as músicas da banda. O vocalista comprou um disco do Misfits para que pudesse aprender as músicas que teria de cantar ao vivo e adotou o pseudônimo Michaele Graves.

Eles precisavam ainda de um baterista. Então recrutaram David Calabrese. Ele adotou o pseudônimo Dr. Chud, que são as iniciais de “Cannibalistic Human Underground Drummer”. Com a formação completa, a banda fez a primeira aparição em 27 de outubro de 1995. Em 1996, a banda lançou um box contendo CDs com as músicas da formação clássica. Esse box vinha em um caixão e poucas unidades foram disponibilizadas. Hoje esse box está fora de catálogo.

Em janeiro de 1997, já sob contrato com a Geffen, a banda entrou no estúdio para registrar o primeiro álbum em 14 anos. No primeiro momento, o aniversariante do dia se chamaria “Dead Kings Rise”, que era uma brincadeira com o retorno da própria banda. Entretanto, eles mudaram de ideia, pois gravaram uma música homônima, que acabou sendo limada do play. A produção foi feita por Daniel Rey e também pela própria banda. A mixagem foi realizada por Andy Wallace, o mesmo que produziu “Chaos A.D.” e havia também feito a mixagem em “Arise“.

Botando a bolacha para rolar, “American Psycho” mostra o Misfits com sede, querendo (e conseguindo) recuperar o tempo perdido. São 18 faixas, uma mais empolgante que a outra e duração de 39 minutos. Grandes momentos da carreira do Misfits estão em músicas como a faixa-título, “From Hell They Came“, “Dig Up Her Bones“, “Blacklight“, “The Island Earth“, “Shinning“, além da faixa escondida “Hell Night“. É um retorno simplesmente impecável.

O álbum obteve ótima recepção, tanto por parte dos críticos, quanto do público, e chegou a figurar na “Billboard 200“, na 117ª posição. Pela primeira vez a banda produziu videoclipe e fez logo dois de uma vez: “Dig Up Her Bones” e “American Psycho“, que ajudaram a alavancar o nome da banda. Eles também investiram muito em marketing, e estamos falando de uma época que nem sonhávamos em acessar o mundo na palma de nossas mãos, com os smartphones mais avançados: eles investiram em aparições de programas de TV, inclusive os infantis, músicas tocadas em eventos de luta livre, além de propagandas nas revistas em quadrinhos. A ideia era deixar o Misfits muito famoso.

Álbum lançado, era hora de fazer a turnê… Mas Michaele Graves se recusou a fazer os shows da perna sul-americana, agendada para o ano de 1998. Ele então foi substituído por Mike Hydeous, que ajudou a banda a não decepcionar principalmente os fãs brasileiros, que tanto veneram o Misfits. Graves voltou para a banda logo depois, mas saiu novamente no ano 2000. Ele afirma que a razão para sua saída foi a discussão que teve com Jerry Only por ter se recusado a vir tocar no Brasil.

Era só o recomeço da banda que hoje está reunida, tendo Danzig de volta e Dave Lombardo na bateria. Graves, infelizmente se juntou a um grupo fascista estadunidense, que inclusive participou da invasão ao Capitólio, em protesto contra a derrota do então candidado à reeleição por lá, Donald Trump (e que foi copiado aqui por um bando de terroristas, em 08/01/2023). Independente das opções erradas do ex-vocalista, “American Psycho” é um baita play e merece ser celebrado, de preferência tocando no volume máximo.

American Psycho – Misfits

Data de lançamento – 13/05/1997

Gravadora – Geffen

 

Faixas:

01 – Abominable Dr. Phibes

02 – American Psycho

03 – Speak of the Devil

04 – Walk Among Us 

05 – The Hunger

06 – From Hell They Came

07 – Dig Up Her Bones

08 – Blacklight

09 – Resurrection

10 – This Island Earth

11 – Crimson Ghost

12 – Day of the Dead

13 – The Haunting

14 – Mars Attacks

15 – Hate The Living, Love The Dead

16 – Shining

17 – Don’t Open ‘Til Doomsday/ Hell Night (faixa escondida)

 

Formação:

Michaele Graves – vocal

Doyle Wolfgang Von Frankenstein – guitarra

Jerry Only – baixo

Dr. Chud – bateria/ teclado

 

Participação especial:

Daniel Rey – teclado em “Dig Up Her Bones