Memory Remains

Memory Remains: Motörhead – 39 anos de “Orgasmatron” e as estreias de Phil Campbell e Wūrzel

9 de agosto de 2025


Há 39 anos, em 9 de agosto de 1986, o Motörhead lançava “Orgasmatron“, o álbum de número oito da carreira desta banda que é amada por (quase) todos nós. Essa pérola é tema do nosso Memory Remains deste sábado.

O aniversariante do dia é marcado pelas estreias da dupla de guitarristas Phil Campbell e Michael Würzel, que caracterizou pela primeira vez o Motörhead como um quarteto. Campbell inclusive tocou com Lemmy até o final da banda. “Orgasmatron” foi o primeiro dos dois discos lançados pela GWR e é também o único registro de um disco completo do baterista Pete Gil. Ele havia gravado antes quatro canções na coletânea “No Remorse“, lançada dois anos antes.

A banda estava há três anos sem lançar um disco de inéditas e isso em parte se deveu ao rompimento de contrato da banda com o antigo selo, a Bronze Records. Os fãs já estavam ansiosos por um novo play. Tão logo recrutou os novos membros e fechou com a GWR, selo fundado pelo empresário do Motörhead e que permaneceu em atividade até 1992, quando foi comprado pela Sanctuary, a banda se juntou ao produtor Bill Laswell e todos foram para o Master Rock Studios, em Londres, por onde todos permaneceram e gravaram o vindouro álbum em 11 dias. Lemmy não curtiu o trabalho de Bill, como ele mesmo relatou em sua autobiografia, “White Line Fever“. Aspas para ele.

“Como se viu, Bill era bom para obter sons, mas ele estragou tudo na mixagem. Foi um álbum muito melhor quando ele o levou para Nova York do que quando o trouxe de volta… Foi terrível. Orgasmatron era lama. Nos reunimos para a grande apresentação pela primeira vez e nosso publicitário trouxe uma caixa de champanhe para tocar na ocasião adequadamente. Foi terrível. Orgasmatron era lama. Era para haver uma harmonia de quatro partes em ‘Ain’t My Crime’, mas ele eliminou três delas! Não vou aborrecê-lo com o resto dos ‘destaques’. Basta dizer que nossa publicitária estava empurrando a caixa de champanhe de volta para baixo da mesa com o pé, enquanto o empresário de Laswell estava parado na porta, batendo com determinação. Era impossível.”

A produção também não agradou ao guitarrista Phil Campbell, que no documentário “The Guts and the Glory“, lamentou. Vamos conferir as palavras do companheiro de Lemmy:

“Acho que a produção nos decepcionou em Orgasmatron. As músicas eram muito boas. Colocamos muito esforço nas músicas.”

Boatos davam conta de que Lemmy tinha se inspirado no filme futurista de Woody Allen, “Sleeper” para escolher o nome do álbum. Lemmy inclusive afirmou que nem sequer havia assistido ao referido filme. O título provisório do álbum era “Run With the Devil“. Quanto a faixa “Orgasmatron“, ele deu a seguinte declaração no livro “Overkill – The Untold Story of Motörhead“:

“Refere-se às três coisas que mais odeio na vida – religião organizada, política e guerra. Coisas como pessoas que vão à igreja e gozam nas calças enquanto se comunicam com Jesus Cristo. É tudo um monte de besteira. Se você realmente gosta disso, não precisa ir à igreja ou falar com Deus, pode falar com ele em qualquer lugar, sabe? Ou se você se filia a um partido político e se diverte com isso, quando seu partido vence e tudo mais. É o instinto de manada. A mesma coisa com a guerra. Eles te dão um belo uniforme novo e te levam para a morte.”

A capa é assinada por Joe Pentagono, que criou a capa pensando no conceito do nome que o álbum seria batizado e como Lemmy trocou o nome para “Orgasmatron” em cima da hora, não houve tempo hábil para que o artista trocasse o nome. Joe afirmou tempos depois que, o frontman havia sido bem incisivo quando lhe pediu um desenho, dizendo-lhe que “queria uma po**a de um trem”.

Bolacha rolando, o Motörhead nos presenteou com um baita álbum, são 9 canções em breves 35 minutos, com destaques para “Nothing up my Sleeve“, “Ain’t my Crime“, “Mean Machine“, “Ridin’ With the Driver“, além da faixa-título. Apesar da produção ruim, as músicas são excelentes e o álbum consegue reproduzir a energia que a banda tinha.

Tal como o antecessor, “Orgasmatron” não teve tanto sucesso de vendas, mas figurou em alguns charts mundo afora, como no Reino Unido (21°), Alemanha (47°), Holanda (69°), Austrália (89°) e também na “Billboard 200” (157°). No aniversário de dez anos, o álbum foi relançado contendo três faixas bônus: “On the Road“, “Steal Your Face“, gravadas ao vivo em 1985, além de uma versão alternativa para “Claw“.

O álbum foi muito bem recebido tanto pelos críticos quanto pelos fãs, que colocam nosso aniversariante como um dos melhores já lançados por Lemmy em toda a sua carreira. Cinco anos depois, o Sepultura regravou a faixa-título, que se tornou clássica e fechava os shows, principalmente na época em que Max Cavalera era o frontman. Aliás, Lemmy detestava a versão dos brasileiros e criticava, principalmente, o sotaque de Max.

Hoje é dia de escutar esse álbum no volume máximo e ajudar a manter vivo o legado de uma das maiores bandas que a humanidade já presenciou. Tal como Ozzy, Lemmy também faleceu exatos dezessete dias após seu último show. O Motörhead é uma instituição do Rock e hoje é dia de escutar essa bolacha no volume máximo.

Orgasmatron – Motörhead
Data de lançamento – 09/08/1986
Gravadora – GWR

Faixas:
01 – Deaf Forever
02 – Nothing up my Sleeve
03 –  Ain’t my Crime
04 – Clawn
05 – Mean Machine
06 – Built for Speed
07 – Ridin’ With the Driver
08 – Doctor Rock
09 – Orgasmatron

Formação:
Lenny Killmster – baixo/ vocal
Michael “Würzel” Burston – guitarra
Phil Campbell – guitarra
Pete Gil – bateria