Memory Remains

Memory Remains: Nevermore – 25 anos de “Dead Heart in a Dead World” e a primeira passagem pelo Brasil

17 de outubro de 2025


Há ¼ de século, em 17 de Outubro de 2000, o Nevermore lançava “Dead Heart in a Dead World”, o quarto disco deste quarteto de Seattle que deixa muitas saudades e é tema do nosso Memory Remains desta sexta-feira.

A bolacha foi lançada via Century Media, gravadora pela qual o Nevermore permaneceu do início até que se separaram, em 2011. A banda vinha de um excelente disco, o antecessor “Dreaming Neon Black“, que já apresentava uma cara mais moderna ao som do quarteto de Seattle. A turnê tinha rendido bons frutos, como a parceria nos palcos com o Iced Earth, do defensor de fascistas, John Schaffer. A banda de Warrel Dane e Jeff Loomis gozava de prestígio na cena, era considerada a próxima a estourar.

Gravado no estúdio Village Productions, em Tomillo, Texas, com produção do excelente Andy Sneap, a banda apresentou ainda mais novidades, como as guitarras de 7 cordas de Jeff Loomis, que deu ainda mais “up” no seu som. Eles permaneceram trancafiados no estúdio durante o mês de julho de 2000, verão no hemisfério norte.

É bem verdade que é praticamente impossível de se rotular o som do Nevermore. Há quem diga que eles são uma banda de Heavy Metal com influências Thrash e Progressivo, o que é uma boa definição, mas eu diria que, se o Metallica, Anthrax e o Testament, por exemplo são bandas que representam o Thrash Metal dos anos 80 e o Sepultura e o Pantera representam o estilo nos anos 90, podemos afirmar que o Nevermore dá essa nova roupagem ao estilo nos anos 2000. E tudo por conta do que foi apresentado aqui em “Dead Heart“.

Em 56 minutos e onze faixas que representam o clímax do prazer auditivo, temos o Nevermore no auge de sua forma. Eles conseguiram fazer uma mescla perfeita de peso, nas músicas “Narcosynthesis“, “We Disintegrate“, “Inside Four Walls“, “Engines of Hate” e a faixa título, com baladas que ainda assim são pesadas, como “The Heart Collector“, “Insignificant” e “Believe in Nothing“, essa última, teve videoclipe veiculado na MTV. “Evolution 169” é outra faixa a ser destacada, com uma pegada mais densa e muito pesada.

Talvez a mais especial das músicas seja “The River Dragon Has Come“, não só pelo peso visceral que ela traz, mas pela letra, que trata do rio Yangtze, o maior rio do continente asiático, que atravessa a China. O rio, que é chamado de “O Dragão”, quando enche, costuma-se dizer que “o dragão acordou”. Este rio, que diversas vezes inundou, causou enormes prejuízos e ceifou vidas, o que levou as autoridades a construirem uma represa, batizada “Three Gorges” (três gargantas), cuja construção foi iniciada em 1993 e sua conclusão se deu em 2012, sob a promessa de melhorar tanto as enchentes, quanto a navegação fluvial por ali. A usina superou a brasileira Itaipu como a maior do mundo. Warrel Dane era realmente um ser especial, progressista, preocupado com a causa social. Hoje seria cancelado por essa parcela de fãs que querem juntar duas coisas inconcebíveis: música pesada e conservadorismo.

E a faixa mais especial é uma cover. Os caras são fantásticos em fazer versões. Se anos antes, eles transformaram “Love Bites“, do Judas Priest em uma canção sombria, pesada e maravilhosa, o que eles fizeram aqui com “The Sound of Silence“, de Simon & Garfunkel? Esqueça a versão original, que nos dá aquela sensação de paz, tão bonitinha, tão calminha… Aqui eles transformam tudo em caos, com uma intro bem Thrash.

Após a audição deste play que não tem uma música ruim sequer, os caras fizeram as músicas passar de uma maneira tão avassaladora, que você já fica esperando um novo lançamento da banda, um single, com alguma coisa inédita, porque não parece ter sido o suficiente, então coloca o disco para tocar de novo, e de novo e de novo, até o dia acabar.

Foi na turnê deste álbum, que o Nevermore veio ao Brasil pela primeira vez, em 2001, quando, acompanhado pelo Krisiun e Necromancia, fez uma pequena turnê por terras tupiniquins. A banda iria tocar mais uma vez no Brasil, desta vez em 2006, durante o extinto festival Live ‘N’ Louder.

Dead Heart in a Dead World” chegou a frequentar as paradas alemãs, conquistando a honrosa 57ª posição. Eram tempos em que aa vendas de CDs começavam a cair vertiginosamente, muito em virtude do advento da internet e a consequente pirataria, que arruinou as gravadoras, mas também deu possibilidade a muitos de conhecer bandas, pois nem todos têm dinheiro para comprar tantos lançamentos.

Portanto hoje é dia de celebrar essa data, ouvindo este clássico do Metal moderno no último volume. O Nevermore está voltando, já anunciou participações em alguns festivais, como o Wacken Open Air e o brasileiro Bangers Open Air. A banda está fazendo muito suspense para anunciar quais serão os escolhidos para as funções de vocalista, baixista e segundo guitarrista, mas todos nós estamos ansiosos para o anúncio.

Dead Heart in a Dead World – Nevermore

Data de lançamento – 17/10/2000

Gravadora – Century Media

Faixas:

01 – Narcosynthesis

02 – We Disintegrate

03 – Inside Four Walls

04 – Evolution 169

05 – The River Dragon Has Come

06 – The Heart Collector

07 – Engines of Hate

08 – The Sound of Silence

09 – Insignificant

10 – Believe in Nothing

11 – Dead Heart in a Dead World

Formação:

Warrel Dane – vocal

Jeff Loomis – guitarra

Jim Sheppard – baixo

Van Williams – bateria