Há 33 anos, em 14 de dezembro de 1992, o Nirvana lançava “Incesticide“, um álbum recheado de lados B e de versões alternativas para músicas lançadas anteriormente em outros álbuns pelo trio. Esse álbum é tema do nosso Memory Remains deste domingo.
O nosso aniversariante não é exatamente um full-lenght, mas com o fato de a banda ter estourado com seu segundo álbum, “Nevermind“, a ânsia da gravadora em lucrar ainda mais com as vendas de sua mais nova galinha dos ovos de ouro, os fãs também queriam obter mais material dessa “nova” banda que abalava as estruturas do Rock e chamava a atenção se todos para a cena de uma cidade chuvosa, localizada no noroeste dos Estados Unidos: Seattle.
Se fôssemos utilizar um termo pejorativo, poderíamos dizer que se trata de um caça-níqueis, o que não é uma mentira. Com a banda estourada e fazendo turnês mundo afora, não tinha como tirar os caras da estrada e enfiá-los no estúdio novamente, então a saída foi fazer uma compilação com singles, lado B, covers e uma versão inusitada para a música “Polly“, originalmente lançada de forma acústica, em “Nevermind“. Então temos um apanhado se gravações que vão desde as sessões para o debut álbum da banda, Bleach, até gravações com a formação derradeira e que ficou conhecida, com Kurt Cobain, Krist Novoselic e Dave Grohl, porém, outros bateristas também deixaram seus registros.
As músicas “Beeswax“, “Downer“, “Mexican Seafood,“, “Hairspray Queen” e “Aero Zeppelin” foram gravadas no Reciprocal Recording Studios, em Seattle, no dia 23 de janeiro de 1988, com produção de Jack Endino. O mesmo Reciprocal Recording Studios também foi utilizado para a gravação da faixa “Big Long Now“, entre dezembro de 1988 e janeiro de 1989, nas sessões de gravação de “Bleach“, também com produção de Jack Endino. Já a faixa “Stain” foi gravada no Music Source Studios, também em Seattle, em setembro de 1989. “Dive” foi gravada entre 2 e 6 de abril de 1990, no Smart Studios, em Madison, com produção de Butch Vig. Em 11 de julho de 1990, eles retornaram ao Reciprocal Recording Studios para gravar a faixa “Sliver“, também com produção de Jack Endino. E por fim, duas sessões no estúdio da BBC, uma em 21 de outubro de 1990 e outra em 9 de novembro de 1991, foram gravadas “Turnaround“, “Molly’s Lips”, e “Son of a Gun” na primeira sessão e “Been a Son“, “(New Wave) Polly“, e “Aneurysm” na última.
Bolacha rolando, temos 15 faixas, e duração de 44 minutos, com destaques para “Dive“, “Sliver“, “(New Wave) Polly“, “Been a Son“, “Downer“, “Aero Zeppelin“, “Aneurysm“, além dos covers para “Turnaround” (Devo), “Molly’s Lips” e “Son of a Gun” (estas duas últimas do The Vaselines). Para uma coletânea gravada ao longo dos anos, é um material interessante, e serviu como um tapa buraco para uma legião de fãs que aguardavam por um novo full-lenght do Nirvana.
O álbum foi bem recebido pela crítica especializada e também pelos fãs da banda, que já conheciam algumas destas músicas dos shows. O critico Stephen Thomas Erlewine, da AllMusic, afirmou que “Aneurysm” é de longe, a melhor música que o Nirvana já gravou ao longo de sua carreira. Alavancado pelo sucesso de “Nevermind“, Incesticide vendeu bem também. Foi certificado com Disco de Ouro na França, Platina nos Estados Unidos e Reino Unido, além de um duplo Platina no Canadá. Nos charts, alcançou a primeira posição na Austrália, na categoria álbuns de Rock Alternativo; ficou em 10° na Áustria, 14° no Reino Unido, 16° na Finlândia, 17° no Top 100 da Europa, 18° na Suiça, 21° no Canadá, 22° na Austrália, 23° na Nova Zelândia, 27° na Suécia, 28° na França, 39° na “Billboard 200” e no ano passado, o play alcançou a 138ª posição nas paradas belgas.
Dois meses depois do lançamento, o Nirvana desembarcou no Brasil onde fez suas únicas duas apresentações em sua curta história, quando tocou nos dias 16 e 23 de janeiro de 1993, em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, durante a edição do Hollywood Rock daquele ano. Três músicas de nosso aniversariante foram tocadas nas apresentações: “Aneurysm“, “Dive” e “Sliver“. Durante a passagem pelo Brasil, a banda chegou a usar um estúdio para ensaiar o que seria gravado em “In Utero“.
Temos um bom álbum que serve para colecionadores e adicionados pelo Nirvana, essa banda que abalou as estruturas do Rock no início dos anos 1990 e mostrou ao mundo uma cena que existia em Seattle. Goste você ou não do Nirvana, é impossível não atestar a importância que a banda teve. E por isso ela é tão amada por muitos.

Incesticide – Nirvana
Data de lançamento – 14/12/1992
Gravadora – DCG
Faixas:
01 – Dive
02 – Sliver
03 – Stain
04 – Been a Son
05 – Turnaround
06 – Molly’s Lips
07 – Son of a Gun
08 – (New Wave) Polly
09 – Beeswax
10 – Downer
11 – Mexican Seafood
12 – Hairspray Queen
13 – Aero Zeppelin
14 – Big Long Now
15 – Aneurysm
Formação:
Kurt Cobain – vocal/ guitarra
Krist Novoselic – baixo
Dave Grohl – bateria em “Turnaround,” “Molly’s Lips” e ” Son of a Gun“,
Dale Crover – bateria em “Beeswax“, “Been a Son,“, “(New Wave) Polly,” “Aneurysm“, “Downer”, “Mexican Seafood”, “Hairspray Queen” e “Aero Zeppelin“
Chad Channing – bateria em “Big Long Now“, “Dive“, e “Stain“
Dan Peters – bateria em “Sliver”