Memory Remains

Memory Remains: Ozzy Osbourne – 28 anos de “Ozzmosis” e a frustrada tentativa de trabalho com Steve Vai

23 de outubro de 2023


Há 28 anos, em 23 de outubro de 1995, Ozzy Osbourne lançava “Ozzmosis“, o sétimo álbum que o madman lançava em sua carreira solo, naquele momento muito bem estabilizada. Esse play é tema do nosso Memory Remains desta segunda-feira.

Precisamos voltar no tempo, mais precisamente, três anos. No final de 1992, Ozzy encerrava a turnê do seu álbum antecessor, o multiplatinado “No More Tears“, que surpreendeu a todos na última apresentação, na Califórnia, quando uma aparição “surpresa”, dos quatro membros originais do Black Sabbath, que tocaram 4 canções: “Black Sabbath”, “Fairies Wear Boots”, “Iron Man” e “Paranoid”. Então o madman se declarou aposentado. Muitos não acreditaram nessa aposentadoria e acertaram, pois ela foi bem breve e talvez não tenha passado apenas de um ano sabático que ele precisava. Ou que o marketing ditava.

Porque em 1994 ele já estava de volta e escrevendo músicas com ninguém menos que Steve Vai. Porém, o guitarrista abandonou o projeto, por suposto desentendimento com Ozzy, que chamou seu velho e fiel escudeiro, Zakk Wylde. De todas as músicas escritas em parceria com Steve Vai, apenas “My Little Man” foi mantida e acabou entrando no disco. Bob Daisley também chegou a participar das primeiras sessões, juntamente com Steve Vai e também saiu, por divergir do madman.

Para completar o time, Ozzy chamou Geezer Butler e o baterista Deen Castronovo. “Ozzmosis” é o único disco solo de Ozzy a contar com seu ex-companheiro de Black Sabbath e o primeiro que ambos gravaram desde “Never Say Die“, no ano de 1978. Rick Wackerman gravou os teclados nas faixas “Perry Mason” e “I Just Want You“. Mas antes de juntar esse time todo, o álbum chegou a ser gravado com Mike Inez no baixo e Randy Castillo na bateria e o produtor Michael Wagener, o mesmo que produziu “No More Tears“. Mas a Epic sugeriu a mudança na sonoridade e a troca de produtores.

Ozzy queria que o álbum novo soasse como o anterior, mas a Epic estava de olho em um direcionamento musical diferente. Então Michael Wagener foi trocado por Michael Beinhorn e a formação também sofreu alterações. O álbum foi gravado entre o final de 1994 e o primeiro semestre de 1995, em três estúdios: o Guillaume Tell, em Paris, no Right Track Recording e no Bearsville Studios, ambos em Nova Iorque.

O álbum é composto por dez canções em 56 minutos. Apesar de ser um dos álbuns menos aclamados da carreira solo do madman, está longe de ser o pior álbum de Rock. É bem diferente, de difícil compreensão, mas temos bons momentos, como nas faixas “Perry Mason“, “I Just Want You” e “See You on the Other Side“, que fizeram muito sucesso, principalmente aqui no Brasil, nas rádios Rock. Mas o resultado não agradou muito ao madman, como ele próprio admitiu, em entrevista concedida no ano de 2001:

Depois de fazer Ozzmosis com a produção de Michael Beinhorn, eu não me importava se nunca mais fizesse outro álbum. Haveria esses malditos jogos mentais. Ele me faria cantar o dia todo, e então eu ‘ completava três quartos e dizia: ‘Sua voz parece cansada. Vamos continuar amanhã.’ E eu sabia que no dia seguinte ele diria: ‘Sua voz mudou. Vamos começar de novo.”

Nos charts, “Ozzmosis ” teve uma aparição discreta, principalmente se comparado ao anterior: 4° na “Billboard 200” e na Suécia, 7° no Canadá, 9° na Finlândia, 22° no Reino Unido, 24° na Noruega, 30° na Alemanha, 37° na Suíça e 50° na Austrália. O álbum recebeu certificação de Ouro no Japão, Platina no Canadá e Duplo Platina nos Estados Unidos. Passou quase despercebido, principalmente por se tratar de um álbum que representava o retorno da aposentadoria de Ozzy.

Para a turnê, Ozzy caiu na estrada, com uma única mudança na formação: Zakk Wylde, que estava ocupado com seu projeto, Pride & Glory, além de estar negociando uma ida ao Guns N’ Roses (o que acabou não acontecendo), foi substituído por Joe Holmes e a turnê teve início em agosto, no México. Em 02 de setembro de 1995, Ozzy foi o headliner da segunda edição brasileira do Monsters of Rock, em noite que teve também as participações de Alice Cooper, Faith no More, Megadeth, Therapy?, Paradise Lost, Virna Lisi, Rata Blanca e Clawfinger. A turnê que ganhou o mesmo nome da turnê de despedida, “Retirement Sucks“, seguiu por mais alguns anos, com a criação do Ozzfest, seu festival itinerante e algumas mudanças na formação também aconteceram ao longo do tempo: Geezer Butler deu lugar à Rob Trujillo e Deen Castronovo deu lugar à Mike Brodin.

Hoje é dia de celebrar não só esse play, mas também a vida e obra de Ozzy Osbourne, que não está nada bem de saúde e no último vídeo dele que foi divulgado na internet, mostrou uma situação muito triste, ele sem conseguir se manter em pé. Lógico que pelos abusos cometidos contra sua própria saúde, do ponto de vista clínico, é um milagre ele ainda estar vivo. É triste ver um dos criadores do Heavy Metal em uma situação tão triste, mas infelizmente, a natureza é assim, nos dá toda vitalidade quando jovens e nos deixa completamente vulnerável quando mais velho. Porém, a obra dele está aí e merece ser evocada sempre.

Ozzmosis – Ozzy Osbourne

Data de lançamento – 23/10/1995

Gravadora – Epic

 

Faixas:

01 – Perry Mason 

02 – I Just Want You

03 – Ghost Behind my Eyes

04 – Thunder Underground

05 – See You on the Other Side 

06 – Tomorrow

07 – Denial

08 – My Little Man

09 – My Jeckyl Doesn’t Hide

10 – Old L.A. Tonight

 

Formação:

Ozzy Osbourne – vocal

Zakk Wylde – guitarra

Geezer Butler – baixo

Deen Castronovo – bateria

Rick Wackerman – teclado