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Memory Remains: Ozzy Osbourne – 30 anos de “No More Tears”, contribuições de Lemmy, recorde de vendas e prêmios

Memory Remains: Ozzy Osbourne – 30 anos de “No More Tears”, contribuições de Lemmy, recorde de vendas e prêmios

17 de setembro de 2021


1991 foi um ano especial sobretudo na música pesada, estilo que todos nós somos devotos. Esse 2021 de pandemia tem sido o ano de comemoração de 30 anos de diversos plays, que o caro leitor tem acompanhado por aqui. E o assunto do nosso Memory Remains dessa sexta-feira é “No More Tears“, o sexto álbum solo de Ozzy Osbourne, um dos tantos a alcançar a marca de três décadas de lançamento.

O álbum é um dos mais vendidos pelo Madman na América do Norte, juntamente com “Blizzard of Ozz“, que vai completar seu 41° aniversário na próxima semana e claro que terá também o seu espaço aqui na Headbangers News. O aniversariante do dia é o sucessor de “No Rest for the Wicked“, lançado três anos antes e que naquele instante era detentor do Disco de Ouro nos Estados Unidos, além de ter marcado a estreia do guitarrista Zakk Wylde, que em “No More Tears” participou mais ativamente, escrevendo letras e músicas.

Quem também participou com letras e ganhou um bom dinheiro por isso foi o eterno Lemmy Kilmster, eterno vocalista/baixista e líder do Motörhead. Ele contava que recebeu um convite de Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy, e que apresentou algumas letras, das quais quatro foram aproveitadas: “I Don’t Want to Change the World“, “Mama, I’m Coming Home“, “Desire” e “Hellraiser“, sendo que com relação a  esta última, Lemmy também a utilizou no álbum “March ör Die“, lançado em 1992. Lemmy também afirmava que o dinheiro que ele ganhou a vida inteira com sua banda não chegava nem perto do que ele havia ganho para colaborar com o Madman. Que coisa, não?

Quem também participou do álbum foi o baixista Mike Inez, que ficaria conhecido por fazer parte do lineup do Alice In Chains. Ele não gravou uma única nota no disco, mas é citado como diretor musical e foi o cara que compôs aquele riff absurdamente assombroso de bom da faixa título. Aquele que você, caro leitor, trata de aumentar o volume tão logo ele soa no seu alto-falante. O baixo foi gravado por Bob Daisley, que saiu logo depois, após longos anos de desentendimento com Ozzy e Sharon, sendo Mike Inez o herdeiro natural da vaga e quem saiu na turnê de divulgação do play.

Sendo assim, o quinteto que se encaminhava para o segundo álbum consecutivo mantendo a mesma formação, foi para dois estúdios: “A&M” e o “Devonshire“, ambos em Los Angeles, na Califórnia, por onde ficaram boa parte daquele ano de 1991, na companhia de Duane Baron e John Purdell, que atuaram como produtores. No primeiro momento, o álbum se chamaria “Say Hello to Heaven“, mas por alguma razão, o nome foi trocado por este “No More Tears” e assim o “paraíso” acabou sendo substituído pelo “inferno”, de “Hellraiser“, com perdão do trocadilho infame. Vamos sem mais delongas, passear por todas as onze faixas que compõem o homenageado de hoje:

Mr. Tinkertrain” tem sintetizadores em sua intro e logo entra a guitarra de Zakk Wylde tomando para si o protagonismo. A música em si não empolga muito, exceto na hora do solo, magistralmente executado por Zakk. “I Don’t Want to Change the World“, por sua vez, é um baita Hard Rock para ninguém botar defeito. Ela tem uma pegada oitentista, é bem verdade, mas mesclada com um toque de modernidade e um refrão que gruda como chiclete. Duvido você, caro leitor, não se pegar cantarolando o refrão após escutar a música. O primeiro grande momento do disco.

Mama, I’m Coming Home” e sua mescla de balada com Southern é mais um dos hits do play, onde brilha a voz de Ozzy. Excelente. “Desire” é relativamente pesada, tem bons riffs, além de um belo solo, fazendo dela uma canção bem divertida. A seguir, o ponto mais alto do play: a bela e sombria faixa título. Que clima maravilhoso temos nessa música, desde a introdução do baixo, ao teclado que encaixa perfeitamente, e o que dizer dos solos e riffs de mr. Zakk Wylde? Em minha humilde opinião, em toda a carreira solo de Ozzy, essa música só fica atrás de “Crazy Train“. E o clipe dela também é outra coisa linda.

S.I.N.” chega e nos lembra que já passamos da metade do play e traz um Hard Rock bem executado, porém, ofuscado pela faixa anterior. Se bem que depois da faixa título, talvez só as músicas do Black Sabbath poderiam fazer frente. Mas a faixa não é ruim, só foi mal posicionada, vamos assim dizer. “Hellraiser“, uma das faixas que deixou Lemmy milionário é uma típica faixa que poderia ser encontrada em qualquer disco de Glam Metal dos anos 1980. Também bem executada, possui seus bons momentos.

Time After Time” é outra balada do play, porém, não é tão brilhante como “Mama, I’m Coming Home“. É boa o suficiente para o ouvinte não pular. “Zombie Stomp” é um bom Hard Rock e aqui quem se destaca é o baterista Randy Castillo, com excelente viradas, na sua melhor performance em todo o disco.

A.V.H.” recupera, ou ao menos tenta recuperar o bom momento que o play vivia até a faixa título e consegue com relativo êxito. A música é um Hard Rock empolgante. A sigla significa Aston Villa Highway, uma homenagem de Ozzy para o seu clube de coração. Os demais membros originais do Black Sabbath também torcem pelo mesmo clube. “Road to Nowhere” encerra o play com doses de melodia e também de melancolia.

Como o leitor pôde perceber, é um disco cheio de altos e baixos, onde a parte final tem uma menor intensidade. Não é um álbum para se jogar fora, mas não é um “Blizzard of Ozz” ou mesmo um “Diary of a Madman“, clássicos eternos na discografia do velho Ozzy. A produção aqui é caprichada ao extremo e a capa é ridícula, levando o mais desavisado a crer que se trata de Roberto Carlos dos anos 1970 na capa e não o Madman.

Como dito lá noi segundo parágrafo desta matéria, o álbum vendeu muito bem e ficou bem cotado nos charts pelo mundo: 7° na “Billboard 200“, 12° no Japão e na Nova Zelândia, 17° no Canadá e no Reino Unido, 24° na Alemanha, 25° na Suécia. A música “I Don’t Want to Change the World” ganhou o Grammy. Foi certificado 4 vezes com disco de Platina pela RIAA e outras duas vezes pela CRIA (Canadá). A “Loudwire” compilou uma lista chamada de melhores álbuns de Hard Rock/ Metal dos anos 1990 e “No More Tears” aparece em 22° lugar.

É um álbum muito importante na carreira de Ozzy e só mostrou que sua carreira estava cada vez mais sólida, diferente dos anos 1980 quando ele tinha diversos problemas com drogas. Então o Madman só precisou se manter nessa mesma linha para seguir com seu padrão de qualidade. Claro que muito disso é mérito se sua esposa Sharon, firme como sempre deve ser. Enfim, hoje é dia de celebrar esse disco e torcer para que tudo volte ao normal o mais breve possível, para que possamos ver essa lenda de volta aos palcos.

No More Tears – Ozzy Osbourne
Data de lançamento – 17/09/1991
Gravadora – Epic

Faixas:
01 – Mr. Tinkertrain
02 – I Don’t Want to Change the World
03 – Mama, I’m Coming Home
04 – Desire
05 – No More Tears
06 – S.I.N.
07 – Hellraiser
08 – Time After Time
09 – Zombie Stomp
10 – A.V.H.
11 – Road to Nowhere

Formação:
Ozzy Osbourne – vocal
Zakk Wylde – guitarra
Bob Daisley – baixo
Randy Castillo – bateria
John Sinclair – teclados e sintetizadores