Há 42 anos, em 15 de novembro de 1983, Ozzy Osbourne lançava “Bark at the Moon“, terceiro álbum da carreira solo muito bem sucedida do príncipe das trevas, e que é tema do nosso Memory Remains deste sábado, feriado da proclamação da República.
O frontman havia lançado o álbum ao vivo “Speak of the Devil“, quando se apresentou nos dias 26 e 27 de setembro de 1982, no The Ritz, em Nova Iorque. Ozzy atendeu ao pedido da Jet Records e tocou apenas músicas de sua época no Black Sabbath. O guitarrista Brad Gillis foi escalado para substituir Randy Rhoads. Don Airey e Tommy Aldridge também estavam na formação que fez esse registro ao vivo.
Ozzy havia sofrido um tremendo baque, com a morte prematura do maior guitarrista que já trabalhou com o Madman: Randy Rhoads sofreu um acidente de avião, fruto de um ato inconsequente do piloto que deu carona para Randy dar umas voltas, no estado da Flórida, para onde a banda toda a dirigia para tocar no Rock Super Bowl XIV, onde também se apresentariam o Foreigner, Brian Adams e o UFO. O avião bateu em uma casa, explodindo e matando o guitarrista, aos 25 anos. Ozzy ainda entrou na casa em chamas e salvou um homem, mas não conseguiu salvar seu guitar-hero. Ozzy recrutou Jake E. Lee para o lugar do imortal Randy.
A entrada de Jake rendeu algumas controvérsias: esse é o único disco onde Ozzy é creditado sozinho em todas as músicas, porém, Lee alega que compôs uma boa quantidade das músicas contidas no álbum e que foi enganado pela esposa e empresária de Ozzy, Sharon Osbourne. Ele afirma que depois que terminou as gravações de suas partes, recebeu um contrato de Sharon no qual ele abria mão da autoria das músicas e que só assinou o contrato porque foi coagido por Sharon que ameaçou colocar outro guitarrista em seu lugar. Anos mais tarde, o próprio Ozzy admitiu que Lee ajudou na composição das músicas, incluindo a faixa titulo.
Apesar desse contratempo, o quinteto, completado pelo baixista Bob Daisley, o tecladista Don Airey, mais o baterista Carmine Appice, se juntou no “Ridge Farm Studios” para a gravação do álbum, sob a batuta do renomado Max Norman na produção. A mixagem ocorreu no “Power Station”. A banda ficou em estúdio durante o meio daquele ano de 1983.
Bolacha rolando, temos oito canções em breves 39 minutos e uma diferença musical imensa se comparado aos álbuns anteriores, gravados por Randy Rhoads e seu classicismo. Apesar da faixa-título ser um clássico absoluto da carreira do Madman e das críticas favoráveis, é um álbum que meio que indica que Ozzy iria trilhar o caminho do Mainstrean, tendo canções veiculadas através de videoclipes na MTV estadunidense. Ozzy excursionou também com o Mötley Crue, o que deu ainda a sensação maior de trilhar o Mainstrean. A faixa-título é o grande hit do álbum.
Esse é o único álbum de estúdio a contar com o baterista Tommy Aldridge. Ele saiu logo depois das gravações e foi brevemente substituído por Carmine Appice. Porém, Carmine não durou muito na banda e durante a tour, Aldridge foi trazido de volta, com Ozzy explicando que trouxe de volta seu companheiro de bateria por “questões de saúde”. Segundo ele, Carmine Appice estava deixando-o doente. Entretanto, quem aparece no videoclipe de “Bark at the Moon” é Carmine Appice e não Tommy Aldridge.
Neste álbum tivemos uma nova controvérsia, assim como aconteceu no disco de estreia, “Blizzard of Ozz“. Um homem canadense, chamado James Jollimore assassinou sua esposa e seus filhos após supostamente ter escutado “Bark at the Moon” e isso motivou os grupos xiitas religiosos e a mídia sensacionalista a perseguirem o Madman, alegando que o disco era satânico e que havia influenciado o homem a cometer tais crimes. Como se alguém fosse virar ladrão de veículos ao jogar GTA ou alguém se tornaria homoafetivo porque viu no gibi o filho de um super-herói beijar outro homem, como afirmaram alguns brasileiros seguidores do ex-presidente, hoje condenado por atentado violento ao Estado Democrático de Direito.
O álbum foi bem recebido pela crítica e público. A turnê foi bastante extensa e Ozzy fez shows entre novembro de 1983 e janeiro de 1985, com direito a duas apresentações na primeira edição do Rock in Rio em 1985, onde se apresentou nos dias 16 e 19 de janeiro daquele ano. Em ambas as apresentações, Ozzy incluiu duas músicas de nosso aniversariante: a faixa-título e “Centre of Eternity“. Era a primeira vez de Ozzy em terras brasileiras e ele detestou a experiência por aqui, não gostou muito do que viu nas ruas. Mas ainda assim, ganhou uma camisa do Flamengo e a usou em cima do palco.
Nosso aniversariante foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido, Ouro na Austrália, Platina no Canadá e triplo Platina nos Estados Unidos. Já nas paradas musicais, o álbum frequentou o 9º lugar na Suécia, 19° na “Billboard 200“, 23° no Canadá, 24° no Reino Unido e 50° na Nova Zelândia. O single “Bark at the Moon” chegou a posição de número 21 no Reino Unido e 109 nos Estados Unidos.
Hoje é dia de celebrar esse disco e também o grande Ozzy Osbourne, que, infelizmente nos deixou no dia 22 de julho, dezessete dias após se despedir dos palcos durante o Back to the Beginning, realizado em Birmingham. Ele se apresentou com sua banda solo, onde cantou cinco canções, e depois com o Black Sabbath, onde cantou em mais quatro. Seu legado é eterno e iremos mantê-lo vivo.

Bark at the Moon – Ozzy Osbourne
Data de lançamento – 14/11/1983
Gravadora – CBS
Faixas:
01 – Bark at the Moon
02 – You’re No Different
03 – Now You See It (Now You Don’t)
04 – Rock n’ Roll Rebel
05 – Centre of Eternity
06 – So Tired
07 – Slow Down
08 – Waiting for Darkness
Formação:
Ozzy Osbourne – vocal
Jake E. Lee – guitarra/ backing vocal
Bob Daisley – baixo/ backing vocal
Tommy Aldridge – bateria
Don Airey – teclado