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Memory Remains: Pantera – 29 anos de “Vulgar Display of Power” e a consolidação na cena com um clássico

Memory Remains: Pantera – 29 anos de “Vulgar Display of Power” e a consolidação na cena com um clássico

25 de fevereiro de 2021


Em 25 de fevereiro de 1992, era lançado um álbum que se tornaria indispensável na coleção de qualquer headbanger dos anos 1990 e que também ajudaria a mudar a vida deste redator que vos escreve: sim, caro leitor, “Vulgar Display of Power” foi um dos meus primeiros contatos com o Heavy Metal e eu me sinto privilegiado de ser apresentado a esse discão, com quem eu tenho uma relação até os dias atuais. É sobre essa lindeza que o Memory Remains de hoje irá tratar.

Após a entrada de Phil Anselmo no já longínquo ano de 1986, a banda foi progressivamente moldando seu som e “Cowboys From Hell“, de 1990, é considerado por muitos o melhor álbum da banda, porém, o som ainda estava em processo de desenvolvimento para o que podemos chamar de Groove Metal ou, como eu prefiro, Thrash Metal noventista.

E foi com a responsabilidade de fazer um som ainda mais poderoso que em “Cowboys” que a banda entrou no “Pantego Sound Studio“, no Texas, acompanhada do produtor Terry Date e saiu de lá com esse discão. Vamos então destrinchar faixa por faixa deste discaço.

Mouth for War” é a música que abre e é um senhor petardo. Tudo aqui nela é perfeito, desde a introdução, o groove nas estrofes e a parte final, virando um “thrashão” para ninguém colocar defeito. “A New Level” chega com sua intro mais arrastadona e do nada ela vira outro Thrash maravilhoso, com os caras quebrando tudo. A música é tão sensacional que até Madonna já fez um cover dela ao vivo.

Pantera nos anos 1990

Joe Giron

Pantera nos anos 1990

Walk” chega com seu groove, peso e o refrão grudento: Não tem como você escutar essa música e não sair cantarolando “Re-spect/ walk/ what did you say?/ Re-spect/ walk/ are you talking to me? (Res-peito/ ande/ O que você disse?/ Res-peito/ ande; Você está falando comigo)”. Um clássico do Metal noventista. “Fucking Hostile” chega curta e grossa, bem rápida e agressiva. Impressionante como uma banda consegue fazer um disco em que a atenção do ouvinte fica ali presa, pois é uma música melhor do que a outra.

Ai os caras resolvem dar um tempo aos nossos pescoços, com “This Love“. Não podemos chamá-la de balada, mas é uma música, digamos, mais calma, pelo menos até o seu refrão. E o que dizer do riff da parte final? Um dos pontos altos da carreira de Dimebag Darrell. Destaque também para a participação de Anselmo nesta faixa, alternando vocais limpos e guturais.

A segunda parte do aniversariante do dia abre com “Rise”, a faixa mais rápida do disco, porém, com breves mudanças no seu andamento durante as estrofes. Estamos na música número seis e até agora o Pantera está com 100% de aproveitamento e não parece que esse status será modificado nas cinco faixas restantes. “No Good (Attack the Radical)” chega mais grooveada, pesada, sombria. Não é ruim, mas entre todas é a que eu curto menos, mas não sou herege a ponto de pular esta faixa.

Living in a Hole” é linda, do início ao fim, desde o seu riff cavernoso na intro, passando por suas mudanças de andamento, com Anselmo mudando suas linhas vocais, tal como fizera em “This Love“. Por algum tempo, esta música foi o toque do meu smartphone. “Regular People (Conceit)” é outro hino deste disco. Sua intro mais demorada nos faz imaginar que será uma faixa instrumental, mas ela cresce e desafia o pescoço já abalado depois de tantos petardos. A pegada groove de Vinnie Paul é simplesmente fantástica por aqui.

By Demons, Be Driven” chega também de forma pomposa: pesada, sombria, arrebatadora, com Anselmo gritando o título da música no refrão. Lembro me de que quando assisti a um show do Sepultura em 1996, o roadie passou o som da guitarra tocando o riff da introdução, que não é nada menos que estupendo.

Daí você pensa que “Hollow” vai ser apenas uma musiquinha bonitinha que encerrará um disco que foi agressivo do início ao fim, só que o engano é geral: na parte final, os caras resolvem colocar peso e agressividade e essa bipolaridade do bem na música caiu muito bem. E assim, “Vulgar Display of Power” termina do mesmo jeito que começou: poderoso, pesado, um verdadeiro petardo.

O título do álbum foi retirado de uma frase do filme “O Exorcista“, quando o padre Damien sugere que Regan MacNell rompa suas amarras usando sua força maligna, no que é respondido por Regan: “That’s much too vulgar display of power” (Isso é uma exibição muito vulgar de poder). Há também a história da capa de que um morador de rua teria sido contratado para levar murros em troca de dez dólares, porém, o fotógrafo da capa, Brad Guice, disse ao site “Loudwire” que um modelo foi contratado e o soco foi uma simulação. Mas a foto é perfeita e mostra bem o que o som dos caras nos faz sentir, como se tivéssemos levado diversos socos.

Sobre a minha relação com este disco, foi um dos marcos na minha entrada no Metal. O primeiro disco do estilo que eu escutei foi o “Chaos A.D.“, do Sepultura. E lembro que em 1995, quando eu estava no 7º ano do ensino fundamental, eu conheci um brother, e em um dia que não tivemos aula, ele juntou uma turma e levou todos no seu apartamento, onde “Vulgar Display” foi a trilha sonora. Pedi aquele disco emprestado e nunca mais o devolvi, pois o rapaz se mudou, trocou de escola e eu acabei ganhando, indiretamente, um presentaço.

Enfim, um disco que beira a perfeição. A única ressalva que eu faço sobre ele é na questão da mixagem, onde o som poderia ter ficado mais robusto. E eles consertaram isso no disco posterior, “Far Beyond Driven“, do qual falaremos futuramente. Mas isso não é nada que tire o brilho do álbum que sestá bem próximo dos 30 anos e nos deixa com muitas saudades. Sempre que coloco essa bolacha para rolar, eu me lembro dos tempos de escola, da “falta de responsabilidade”, passa um filme na minha cabeça. E saudosista de carteirinha que sou, adoro colocar essa bolacha para rodar e relembrar o passado, pois o dito popular já diz que “recordar é viver”.

Ainda que no futuro Phil Anselmo tenha se revelado um perfeito babaca e a bandeira dos Estados Confederados estampada na guitarra de Dimebag tenha feito decepcionado alguns de nós (digo alguns porque há os fascistas de plantão, que em suas respectivas burrices crêem que política e música não devem se misturar, sabem de nada, inocentes), o disco é um clássico e merece todos os confetes.

Vulgar Display of Power – Pantera

Data de lançamento: 25/02/1992

Gravadora: Atco Records

Faixas:

01 – Mouth for War

02 – A New Level

03 – Walk

04 – Fucking Hostile

05 – This Love

06 – Rise

07 – No Good (Attack the Radical)

08 – Living in a Hole

09 – Regular People (Conceit)

10 – By Demons, Be Driven

11 – Hollow

Formação:

Phil Anselmo – Vocal

Dimebag Darrell – Guitarra

Rex Brown – Baixo

Vinnie Paul – Bateria