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Memory Remains: Queen – 46 anos de “A Night at the Opera”, um clássico multiplatinado atemporal

Memory Remains: Queen – 46 anos de “A Night at the Opera”, um clássico multiplatinado atemporal

21 de novembro de 2021


Há 46 anos, neste dia 21 de novembro, o Queen lançava seu álbum mais icônico: “A Night at the Opera“, o disco de número 4 da discografia do quarteto britânico e que é assunto do nosso Memory Remains deste domingo.

A Night at the Opera” é o disco que deu a notoriedade mundial que o Queen se consagrasse de vez no mundo da música. Neste play, o quarteto resolveu apostar em diferentes sonoridades, usando muito do piano e também agregando outros instrumentos que não são tão habituais no Rock e com os quais a banda jamais havia trabalhado. E isso dá um resultado único, com músicas que viajam pelo Hard Rock, com influências de Led Zeppelin e Beatles, combinadas a outras com flertes com blues, country e até mesmo jazz.

Neste álbum, os membros resolveram gravar suas partes separadamente, em diferentes estúdios. Eles ficaram entre os meses de agosto e novembro de 1975 nos estúdios Trident, Olympic, Rockfield, Lansdowne, Sarm Easten, Roundhouse e no Scorpio Sound. Roy Thomas Baker assinou a produção, juntamente com a própria banda. O disco apesar de ter sido lançado na Europa neste 21 de novembro, na América ele só conheceu a luz do dia em 2 de dezembro. Na Europa, o lançamento foi pela EMI, enquanto que na América, o álbum foi distribuído pela Elektra.

A grande sacada do Queen aqui foi a música que se tornaria o maior clássico da banda: “Bohemian Rhapsody“, que anos mais tarde se tornaria um filme e seria o maior vencedor da história do Oscar. A música que tem mistura de ópera com Rock mais pesado, foi a escolhida por eles para que fosse o single e isso travou uma quebra de braço com a gravadora que não queria essa música, por não acreditar no sucesso dela. Pois não só a música foi um sucesso como hoje é a principal música do Queen. Freddie Mercury deu uma entrevista em 1975 falando sobre a música. Aspas para o maior vocalista da história do Rock:

“É uma daquelas músicas que possui um sentimento de fantasia. Eu acho que as pessoas deveriam apenas ouví-la, pensar sobre ela, e então refletir sobre o que ela tenta lhes dizer… “Bohemian Rhapsody” não surgiu do nada. Eu pesquisei um pouco, apesar de ser uma brincadeira que zomba da ópera. Por que não?”

Disco gravado, impasse com a gravadora resolvido e “Bohemian Rhapsody” foi de fato o primeiro single do disco. Então, vamos botar a bolacha para tocar e conferir o que nos espera das doze canções que compõem essa epopeia chamada “A Night at the Opera“. Sem mais delongas, dissertaremos sobre o aniversariante do dia.

Death on Two Legs (Dedicated to…)” abre o trabalho e traz uma intro bem longa, com um belo solo de Brian May e a música se desenvolve bem Hard Rock, com um duelo entre as guitarras e o piano. O detalhe é que essa letra foi escrita por Freddie Mercury para o ex-empresário da banda, Norman Sheffield. O mais legal é que, embora não haja uma referência direta ao dito cujo, ele vestiu a carapuça e tentou processar a banda, sem muito sucesso na empreitada. Musicalmente, o início é bom.

Lazy on a Sunday Afternoon” é a faixa número dois e ela é a mais curta do play, com pouco mais de um minuto, tem uma pegada mais jazzística, com o piano sendo o protagonista, e um solo bem legal, com inspiração na música italiana. “I’m in Love With my Car” entra sem intervalo qualquer entre a faixa anterior, o que faz o ouvinte desavisado a achar que se trata ainda da faixa dois, com uma mudança no andamento, mas não, é uma outra música e bem diferente. Aqui, eles bebem na fonte do Led Zeppelin, em uma música mais densa. Essa é uma composição de Roger Taylor, que se inspirou no técnico do grupo, Jonathan Harris, que possuía um carro e dizia que este era “o amor de sua vida”.

You’re my Best Friend” é a faixa número 4 e tem a letra escrita por John Deacon, que a dedicou à sua esposa, Veronica Tetzlaff. Era a segunda contribuição do baixista para o Queen. A música nasceu clássica e obrigatória em todas as apresentações da banda, com seu clima bem ameno e os efeitos duelando com a voz de Freddie Mercury, se é que exista algo capaz de tal heresia, uma vez que a voz de Freddie é única. Mais uma vez, Brian May nos apresenta um belo solo. Até aqui, tá tudo perfeito. E só se passaram onze minutos.

39” tem um clima bem Country/ Southern, tocada inteiramente de maneira acústica, o que lhe dá um clima bem especial, que inclusive faz o Queen soar como os Beatles. A letra é de Brian May sob o ponto de vista dos astronautas. Como sempre, há os defensores de teorias conspiratórias, que dizem que May fazia referência à Segunda Guerra Mundial, uma vez que 39 poderia se referir ao ano do início do segundo conflito, 1939. Essa música ganhou uma versão dos brasileiros do Hangar, que entrou no álbum “Infallible“.

Em “Sweet Lady“, a faixa de número seis, a guitarra de Brian May ganha o protagonismo em uma música que trafega entre o Hard Rock e o Progressivo. “Seaside Rendevous” tem um clima sessetinsta e sua base é toda no piano. Carrega mais uma vez a influência dos Beatles e essa faixa agradável encerra o lado A do vinil.

Falando em vinil, se você está escutando a grande bolacha, é hora de virar e a faixa que abre o lado B é “The Prophets’ Song” e temos uma música densa, cujo timbre de guitarra é muito bom. A seguir, temos outra que é clássica até mesmo para quem não é fã do Queen: “Love of my Life“. Essa é uma letra que Freddie Mercury compôs para sua ex-companheira, Mary Austin. A letra embora seja bem melancólica, Freddie dizia que era um agradecimento a mulher que ele amou de tal maneira que deixou para ela boa parte de seus bens, acumulados durante sua carreira como cantor. A música é linda e aqui temos apenas Freddie Mercury tocando piano e canta durante quase toda a música sozinho, à exceção de um pequeno solo de Brian May. Quem tem mais de 45 anos (infelizmente não é o meu caso) lembra do frissom que essa música causou na primeira edição do Rock in Rio. Se você nunca assistiu, a gente deixa aqui embaixo. Tente não se emocionar com quase 200 mil pessoas cantando para Freddie Mercury.

Good Company” tem uma pegada Folk/ Country e logo a seguir temos um dos maiores clássicos não só da banda em si, mas também do Rock de maneira geral: “Bohemian Rhapsody“, que começa com traços de balada, vira uma ópera e termina pesada e linda, flertando, inclusive, com o Heavy Metal, sem exagero, vide o peso dessa música em sua parte final. Épica! Absurdamente linda! E “God Save the Queen” é o hino britânico no qual Brian May prestou uma homenagem fazendo um novo arranjo, que dura pouco mais de um minuto.

E em 43 breves minutos temos uma obra fantástica e definitiva na história do Rock. Um disco que ultrapassa fronteiras e mostra que Freddie Mercury, Brian May, John Deacon e Roger Taylor estavam na vanguarda. Um disco que qualquer pessoa que se diga fã de Rock, independente da vertente, deve ter em sua coleção.

A Night at the Opera” foi um sucesso retumbante e instantâneo no país natal da banda: mesmo tendo sido lançado já próximo ao final daquele ano de 1975, o disco chegou a ser o 12° mais vendido. A faixa “Bohemian Rhapsody,” outrora desprezada pela gravadora, foi sucesso, tendo alcançado o topo nas paradas britânicas por 9 semanas consecutivas e na “Billboard“, chegou a 9ª posição. As vendas se multiplicaram, o disco foi certificado com Ouro na Áustria, Finlândia e Japão; na Alemanha, Argentina e Reino Unido e Canadá, levou o Disco de Platina; na Polônia foi Duplo Platina e Triplo Platina nos Estados Unidos.

Nos charts, o álbum alcançou o topo na Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e Países Baixos, 2° no Canadá, 4° na “Billboard 200” e na Noruega, 5° na Alemanha; no Japão e na Áustria, alcançou o 9° lugar; 16° na França, 23° em Portugal, 55° na Espanha, 88° na Bélgica e 1° em nossos corações. São números que não devem ser desprezados. Tudo isso nos tempos em que as pessoas consumiam discos e não havia essa facilidade do streaming que causa também preguiça de se escutar um álbum por inteiro.

Mais do que uma banda de Rock, o Queen é uma instituição. Mais do que simplesmente um disco de Rock, “A Night at the Opera” é um patrimônio que deveria ser tombado pela UNESCO. Mas é tombado por nós aqui no Memory Remains e eternizado. Um disco que envelhece cada vez melhor e que é extremamente importante na formação de pessoas. Esse é outro álbum que deveria ser ensinado nas escolas. Vamos celebrar os 46 anos dessa pérola.

A Night at the Opera – Queen
Data de lançamento – 21/11/1975
Gravadora – EMI

Faixas:
01 – Death on Two Legs (Dedicated to…)
02 – Lazy on a Sunday Afternoon
03 – I’m in Love With my Car
04 – You’re my Best Friend
05 – 39
06 – Sweet Lady
07 – Seaside Rendezvous
08 – The Prophet’s’ Song
09 – Love of my Life
10 – Good Company
11 – Bohemian Rhapsody
12 – God Save the Queen

Formação:
Freddie Mercury – vocal/ piano
Brian May – guitarra/ violão/ vocal/ backing vocal/ koto/ ukulele/ harpa
Roger Taylor – bateria/ gongo/ tímpano/ pandeiro/ vocal/ efeitos de guitarra/ backing vocal
John Deacon – baixo/ piano