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Memory Remains: Rush – 38 anos de ‘Grace Under Pressure’ e o mergulho nos sintetizadores

Memory Remains: Rush – 38 anos de ‘Grace Under Pressure’ e o mergulho nos sintetizadores

12 de abril de 2022


Há exatos 38 anos, em 12 de abril de 1984, o Rush lançava “Grace Under Pressure“, o álbum de número dez na discografia deste power-trio de Toronto, Canadá. O disco representa o mergulho da banda na sonoridade mais focada nos sintetizadores, em detrimento as guitarras, como nos primeiros álbuns. No entanto, o resultado aqui é bastante satisfatório e iremos contar um pouco da história deste play no nosso Memory Remains desta terça-feira.

Na década de oitenta, as bandas de uma maneira geral aderiram aos sintetizadores e o Rush também navegou nesses mares. Em “Moving Pictures“, o maior clássico da banda, já haviam flertes com outros estilos, como o Reggae. Em “Signals“, o antecessor, os teclados se tornaram os protagonistas e no aniversariante do dia, deu-se a consolidação.

Era a banda mudando e angariando ainda mais fãs. A turnê terminou no meio de 1983 e entre novembro do mesmo ano e março de 1984, a banda ficou reunida no “Le Studio”, em Quebéc, e desta vez, sem Terry Brown na produção, que acompanhava a banda desde 1975. Para o seu lugar, fora recrutado Peter Henderson, depois de uma procura intensa por alguém para assumir tal posto.

A arte da capa foi toda criada por Hugh Syme, que já estava com a banda desde 1975. O título do álbum foi inspirado em uma citação do romancista americano vencedor do Prêmio Nobel, Ernest Hemingway. O baterista e letrista, Neil Peart, era um ávido leitor e admirador de Hemingway, e gostou da citação “coragem é graça sob pressão”, pois ele pensava que a citação refletia o clima ambiental das sessões de gravação deste. Então ele apresentou a ideia desta citação ao resto da banda, e eles gostaram o suficiente para chamar o álbum “Grace Under Pressure“.

Vamos então destrinchar faixa por faixa do aniversariante do dia: a abertura se dá com a clássica e obrigatória nos shows da banda, “Distant Early Warning“, que traz ainda resquícios do Progressivo, mas agora com os teclados e sintetizadores de Geddy Lee ditando os rumos, em uma sonoridade que nos anos 1990 soou mais pop, radiofônico, acessível. E essa música é muito boa, o que não é uma novidade em termos de Rush.

Fin Costello

Afterimage” traz um pouco do que a banda já tinha mostrado na música “Vital Signs“, do álbum “Moving Pictures“: um som com influências do Reggae e também do The Police, banda que eles escutavam bastante naquele período. Chega a vez de “Red Sector A” e essa é uma das minhas músicas favoritas desta época mais “moderna” do Rush, vamos assim dizer. Mesmo que ela tenha clima de música eletrônica (dos anos 1980, que fique bem claro), mas ela é carregada de um Groove bem legal. Ao vivo ela ficava ainda mais especial. Perfeita.

The Enemy Within” traz mais Reggae sendo incorporado ao seu som e por mais que ela tenha uns riffs de guitarra esquisitos, Geddy Lee dá um show em seu baixo, embora essa afirmação seja chover no molhado, pois é só isso que ele faz quando toca seu instrumento de quatro cordas. “The Body Electric” se assemelha e muito com a faixa que abre este álbum, sendo que aqui a música tem mais um clima futurista é uma batida mais intensa protagonizada pelo imortal Neil Peart. E na hora do solo, quem brilha, só para variar, é Geddy Lee e suas perfeitas linhas de baixo.

Kid Gloves” é uma música interessante, embora mostre que na década de 1980, os canadenses estavam mesmo dispostos a se afastar do Rock Progressivo, que lhe deu notoriedade na década anterior. Era como se eles soassem como as bandas de New Wave que estavam em alta naquele momento. Não que seja uma música ruim, mas não era o Rush autêntico.

Red Lenses” traz um resquício da música dos anos 1970, ainda que os teclados e sintetizadores se sejam mais evidentes que os demais instrumentos. “Between the Wheels” encerra um disco cheio de altos e baixos, mas aqui as coisas se encerram por cima, em uma boa música, que tem partes mais sombrias e partes com um andamento um pouco mais rápido.

Grace Under Pressure” foi bem recebido e teve certo sucesso nas paradas, alcançando o 4º lugar no Canadá; no Reino Unido, o aniversariante do dia chegou em 5º e na “Billboard 200“, ficou em 10º. Nos Estados Unidos o disco foi certificado com disco de platina, por ter vendido um milhão de cópias. A revista “Guitar World” incluiu o disco na lista: “Novas Sensações: 50 discos icônicos que definem o ano de 1984”. Obviamente, este álbum não está entre os melhores da carreira da banda, mas todo registro deste maravilhoso e inesquecível trio não pode deixar jamais de ser lembrado. Então, vamos celebrar este play e também todo o legado deixado por estes três gênios, Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart.

É dia de celebrar esse disco, pois os caras começavam a se tornar longevos. Em menos de dez anos de carreira, chegavam ao décimo play, fazendo excursões mundo afora e eternizando o próprio nome entre os maiores do Rock em todos os tempos. O Rush merece ser canonizado. E nós da HEADBANGERS NEWS faremos o que for possível para manter vivo o legado deixado por estes três gênios. Então escutemos esse disco no dia de hoje com o volume no talo.

Grace Under Pressure – Rush
Data de lançamamento: 12/04/1984
Gravadora: Mercury

Faixas:
01 – Distant Early Warning
02 – Afterimage
03 – Red Sector A
04 – The Enemy Within (Part I of Fear)
05 – The Body Electric
06 – Kid Gloves
07 – Red Lenses
08 – Between the Wheels

Formação:
Geddy Lee – Baixo/Vocal/Teclados/Sintetizadores
Alex Lifeson – Guitarra
Neil Peart – Bateria