Memory Remains

Memory Remains: Rush – 40 anos de “Power Windows” e o mergulho mais profundo nos sintetizadores

21 de outubro de 2025


Na semana passada o Rush dominou as manchetes do mundo do Rock ao anunciar seu retorno, acompanhados da baterista alemã Anika Nilles. E o Memory Remains desta terça-feira vai tratar de “Power Windows“, lançado há 40 anos, neste 21 de outubro.

Existem duas datas distintas que são consideradas: no dia 11 de outubro, o play foi lançado no Canadá. E na presente data, que foi escolhida por nós por questões meramente aleatórias, refere-se ao lançamento nos Estados Unidos, que aconteceu pela Mercury Records.

Após a turnê do álbum anterior, “Grace Under Pressure“, o trio tirou uns dias para descansar, mas logo no início de 1985, eles estavam novamente reunidos para trabalhar no novo álbum. Em fevereiro, eles foram para o Elora Sound Studios, em Ontário, onde iniciaram as composições. Como sempre, Geddy Lee e Alex Lifeson ficaram com os arranjos e Neil Peart ficou com as letras. Durante esse período, o baterista estudou sobre o Projeto Manhattan, que deu origem à música “Manhattan Project“.

No mês de março, a banda agendou cinco shows na Flórida e os fãs tiveram a oportunidade de conferir algumas das novas composições. O Rush mergulhava de cabeça nos sintetizadores, o que gerou um certo conflito com Alex Lifeson, que preferia que a guitarra fossem protagonista. Em entrevista, Neil Peart certa vez falou sobre como seria o novo álbum. Aspas para ele:

” [O som] está mudando de progressivo para não ser progressivo”.

Ele completou dizendo que, embora o álbum possa “parecer mais simples” foi igualmente difícil de compor e executar, pois os detalhes eram cada vez mais complexos. Mas não estamos falando de qualquer banda e esses caras faziam o impossível parecer fácil para os que observavam.

Entre os meses de abril e agosto de 1985, eles se juntaram pela primeira vez ao produtor Peter Collins e se dividiram em cinco estúdios: o The Manor, em Oxfordshire, o SARM East, o Angel e o icônico Abbey Road, todos em Londres, além do AIR, localizado no território ultramarino de Salém, Montserrat, no Caribe. Este último estúdio era de propriedade de George Martin, produtor do The Beatles. Infelizmente, o estúdio hoje encontra-se em ruínas após ter sido destruído por um furacão no ano de 1989.

Nas letras, o Rush abordava diversos assuntos. “Territories” fala sobre uma questão até hoje está em voga, o nacionalismo, principalmente colocado em prática em governos de direita ou extrema-direita; “Grand Designs” é uma crítica à música mainstream, considerada por eles como muito superficial; “Manhattan Project“, fala sobre a bomba atômica, lançada pelos Estados Unidos sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945, forçando os japoneses à rendição. O Rush sempre foi uma banda que fazia seu ouvinte pensar.

Bolacha rolando, temos um álbum onde o Rush se afasta bastante do Rock Progressivo e se aproxima de outras vertentes como a New Wave e até mesmo o Rock Eletrônico. Temos 8 músicas em 44 minutos, com destaque para “The Big Money“, “Manhattan Project“, “Marathon” e “Mystic Rhytms“. É uma audição agradável, ainda que não seja nem de longe um dos melhores álbuns da extensão discografia da banda. Era época em que os sintetizadores dominavam as músicas e isso só iria mudar na década seguinte.

Os críticos receberam bem o álbum. Já os fãs também têm um respeito considerável por ele, ainda que considerem “Grace Under Pressure” e “Hold Your Fire“, antecessor e sucessor, respectivamente, melhores do que o nosso quarentão. Mas o Rush nunca teve um álbum criticado pela sua base de fãs, que sempre foram exigentes, mas entenderam essa fase mais voltada aos teclados e sintetizadores.

Hold Your Fire” teve um desempenho modesto nas paradas de sucesso: foi 2° no Canadá, 9° no Reino Unido, 10° na “Billboard 200”, 16° na Finlândia, 26° na Suécia, 44° nos Países Baixos e 57 no “Top 100 da Europa“. Foi certificado com Disco de Prata no Reino Unido e Platina nos Estados Unidos e Canadá.

E como dissemos no início do texto, o Rush anunciou que fará uma turnê pela América do Norte no próximo ano. Todos estão esperançosos para que a banda possa tocar na América Latina, Europa e Ásia, pois a curiosidade é enorme para ver o desempenho de Anika Nilles performando com as feras Geddy Lee e Alex Lifeson. Hoje vamos celebrar o novo quarentão do Rock, enquanto aguardamos com ansiedade para que mais datas sejam anunciadas.

Power Windows – Rush

Data de lançamento – 21/10/1985

Gravadora – Anthem

Faixas:

01 – The Big Money

02 – Grand Designs

03 – Manhattan Project

04 – Marathon

05 – Territories

06 – Middletown Dreams

07 – Emotion Detector

08 – Mystic Rhythms

Formação:

Geddy Lee – vocal/ baixo/ teclado/ sintetizadores

Alex Lifeson – guitarra/ violão

Neil Peart – bateria/ percussão/ bateria eletrônica

Participações especiais:

Andy Richards – teclados adicionais/ sintetizadores/ programação

Jim Burgess – sintetizadores

Anne Dudley – arranjo de cordas

Andrew Jackman – arranjo de corais

The Choir – vocais adicionais