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Memory Remains: Rush – as bodas de prata de “Test for Echo”, o retorno do peso e a tragédia na família de Neil Peart

Memory Remains: Rush – as bodas de prata de “Test for Echo”, o retorno do peso e a tragédia na família de Neil Peart

10 de setembro de 2021


 

Em 10 de outubro de 1996, o Rush lançava o décimo sexto álbum de sua longeva carreira e hoje é dia de celebrarmos as bodas de prata de “Test for Echo” no nosso Memory Remains desta sexta-feira.

A banda vinha do sucesso retumbante que foi o álbum anterior, “Counterparts“. Lançado em 1993, o álbum chegou ao segundo lugar na “Billboard” e em sexto no país natal do maior Power-Trio da história da música, o Canadá. E eles davam um tempo nos sintetizadores para voltar a concentrar seus esforços no peso e no Rock Progressivo que caracterizou a banda nos anos 1970.

Em maio de 1994, com o final da turnê do álbum anterior, a banda resolveu tirar um período de férias, após 18 interruptos meses de turnê. Geddy Lee foi curtir a família e sua filha recém-nascida; Alex Lifeson gravou um álbum solo e Neil Peart se dedicou a um disco tributo ao baterista de jazz, Buddy Rich. Período que fez a banda se revigorar.

Em outubro de 1995 as férias terminaram e o trio inciou os trabalhos de composição. Entre janeiro e março de 1996, a banda utilizou dois estúdios para a elaboração do play: o “Bearsville“, em Nova Iorque e o “Reaction“, localizado em Ontário, no Canadá. A mixagem aconteceu em Toronto, ficando a cargo de Andy Wallace, enquanto a masterização, aconteceu em Portland. Foi. Primeira vez que a banda trabalhou com engenheiros de som estadunidenses, visto que anteriormente a banda havia trabalhado apenas com ingleses e australianos.

Apontado por alguns como um disco com elementos grunge, particularmente eu discordo muito dessa colocação. É, sim, pesado e conta com uma sonoridade da época, estamos falando de 25 anos atrás. Vamos colocar a bolacha para rolar e conferir casa uma das onze faixas que estão presentes aqui.

A começar pela atmosférica faixa título, que tem em seu refrão grudento o principal destaque. Impossível não ficar cantando este refrão, horas depois da audição do play. Musicalmente, a faixa é muito bem executada, o que no caso do Rush, é apenas chover no molhado. “Driven” é uma das minhas favoritas e a curiosidade é que eu só a conheci quando a banda se apresentou no Brasil pela primeira vez, em 2002. A faixa é pesada e tem um Groove interessante, com destaque para as linhas de baixo dessa lenda viva chamada Geddy Lee. O curioso é que essa música nasceu através das linhas de baixo que Lee costumava usar em uma espécie de solo nas apresentações da banda em turnês anteriores. Fantástico.

Half the World” é mais pop e nem por isso perde em qualidade, se comparada com as demais faixas do disco. Essa foi a primeira faixa do play que eu conheci, através de uma rádio, coisa rara em se tratando de Rush. “The Color of Right” é uma música tipicamente do Rush, com todos os elementos que conhecemos da banda, mas com uma guitarra mais encorpada, provavelmente, Alex Lifeson tenha dobrado as guitarras na gravação.

Time and Motion” é outro dos pontos altos desse disco. Ela é pesada, densa, com um clima sombrio e uma pegada setentista. Difícil destacar quem se sobressai dentre os três, mas eu fico com as viradas insanas de Neil Peart, ainda que o solo de Lifeson seja algo visceral e as linhas de baixo de Geddy Lee sejam incrivelmente pesadas e impressionantes. “Totem” chega trazendo uma influência de Folk Rock, muito em virtude do violão de Lifeson. Uma música agradável.

Quando o disco é muito bom, metade dele se passa e você nem se dá conta. Assim chega “Dog Years” é uma surpresa agradável, sua pegada meio punk na introdução, depois ficando mais pop, radiofônica nas estrofes e no refrão, muito boa também. É incrível o timbre obtido por Geddy Lee em seu baixo de uma maneira geral, mas nesta música a coisa ficou bem mais explícita.

Virtuallity” começa muito pesada e os riffs são realmente muito bons, mas o peso não se mantém durante toda a música, ela vai intercalando essas partes pesadas com outras mais melódicas, em uma combinação quase que perfeita, onde a cereja do bolo é o belo refrão. “Resist” é a faixa que vem a seguir e ela é bem calma. Ao vivo os caras trataram de deixá-la ainda mais calma e simplesmente a executavam de forma acústica, só Lifeson no violão e Lee no vocal, deixando de lado os sintetizadores usados no estúdio.

A bolachinha já está na parte final e temos uma faixa instrumental, “Limbo“, que nos leva a viagem do Rock Progressivo. A quebradeira sonora é clara e evidente e é um convite ao êxtase. E “Carve Away the Stone” é o ato final deste play, trazendo a atmosfera suave que apareceu vez por outra neste álbum, que não tem uma música ruim.

São 53 minutos de um disco sensacional ao extremo, pesado na medida certa, comercial o suficiente para ser aceito nas “rádios rock” e com o selo de qualidade do Rush. Produção brilhante, musicalidade perfeita, nada além do que os fãs dos caras sempre aguardava de seis lançamentos. Considerado por Alex Lifeson como um dos melhores álbuns do Rush, a imprensa especializada considerou na época este como o melhor lançamento da banda nos últimos dez anos e eu classifico facilmente “Test for Echo” no Top 5 desta que é disparada, a melhor banda de todos os estilos em todos os tempos. A sonzeira que somente esses três caras faziam era uma coisa absurdamente impressionante.

Test for Echo” repetiu a performance de “Counterparts” nos chats pelo mundo, chegando ao 3° lugar no Canadá, 5° nos Estados Unidos e 9° na Finlândia, além de certificações como disco de Ouro nos Estados Unidos e Canadá. Enquanto colhia esses frutos, a banda excursionou por quase um ano, fazendo a divulgação do álbum.

O aniversariante do dia foi o último álbum a contar com a produção do parceiro de longa data, Peter Collins. Também foi o último disco da banda antes do hiato que durou quase cinco anos, após o baterista Neil Peart sofrer dois duros golpes da vida: as mortes de sua filha Selena e da esposa, Jaqueline Taylor, em 1997 e 1998, respectivamente. Após estes incidentes, Neil pegou sua moto e fez uma tour sozinho explorando as Américas central e do Norte, o que lhe rendeu depois o livro Ghost Rider. Enquanto isso, seus companheiros o aguardavam para continuar a escrever a história da banda, que ainda tinha muita lenha para queimar.

Enfim, 25 anos já se passaram desde o lançamento deste play, já não temos mais o Rush na ativa e de Neil Peart só nos resta saudades. Porém, o legado deixado por eles é vasto, lindo e merece ser preservado por nós. As gerações futuras precisam saber que durante mais 40 anos existiu um supregrupo, ainda que não tenham sido tão populares como os Beatles ou o Metallica, eles arrastaram multidões e influenciaram muita gente. Nosso trabalho é reconhecê-los para que eles continuem influenciando mais pessoas pelo resto de nossa existência enquanto humanos.

Test for Echo – Rush
Data de lançamento – 10/09/1996
Gravadora – Mercury

Faixas:
01 – Test for Echo
02 – Driven
03 – Half the World
04 – The Color of Right
05 – Time and Motion
06 – Totem
07 – Dog Years
08 – Virtuallity
09 – Resist
10 – Limbo
11 – Carve Away the Stone

Formação:
Geddy Lee – baixo/ vocal/ sintetizadores
Alex Lifeson – guitarra/ violão
Neil Peart – bateria