Memory Remains

Memory Remains: Sepultura – 27 anos de “Roots” e as sangrentas raízes da banda

Memory Remains: Sepultura – 27 anos de “Roots” e as sangrentas raízes da banda

20 de fevereiro de 2023


Segunda-feira de carnaval e o bloco do nosso Memory Remains não troca jamais o Heavy Metal pelo samba ou outro estilo familiar a festa popular. E por isso a gente traz hoje uma ode ao sexto álbum do Sepultura, “Roots“, que é tão desdenhado pelo pedante, conhecido por troo. Azar o deles porque o álbum é uma obra prima e será reverenciado sim por nós neste 20 de fevereiro, aniversário de 27 anos desta bela bolacha.

O play é uma ode aos verdadeiros donos desta terra, encontrada e explorada pelos portugueses há quase 523 anos atrás. E nós, descendentes demos sequência ao massacre contra esse povo. O ápice deste massacre foi a situação covarde que o ex-presidente da República, aquele fujão que está adiando seu retorno ao Brasil, pois sabe que será preso, quando apoiou e autorizou o garimpo ilegal no estado de Roraima, que causou a morte de muitos indígenas da tribo ianomâmi. As cenas comoventes deixaram nossos corações partidos. Claro que o fã conservador e que votou 22 nas últimas eleições não pensa assim. Bem, a gente convive com a ignorância desde sempre. Ainda que o álbum não tenha a participação da tribo ianomâmi, eles podem se sentir representados, não só eles, mas as demais tribos.

Você que chegou até aqui, já percebeu que o texto trata de música e política. Se você acha que política não deve ser debatida ou misturada com outros assuntos, paciência. Mas toda a sua vida depende da política, gostando você ou não. Cabe você decidir se te interessa saber sobre as decisões de Brasília que irão interferir em sua vida e na vida do seu próximo, no caso aqui, as vidas indígenas que foram ceifadas. E esse ano, por conta de mais um genocídio cometido pelo chefe da familícia, “Roots” precisa ser ainda mais celebrado.

Falando da parte musical, para que possamos ter ideia da importância do aniversariante do dia, e essa importância é em nível mundial, portanto, desconsidera a opinião do hater que acha que o Sepultura “acabou no Arise”, vamos trazer uma parte do texto de Dave Grohl, um fã assumido não só de Heavy Metal, mas também do Sepultura. O texto é parte do prefácio do livro “My Bloody Roots“, a autobiografia de Max Cavalera, onde ele fala sobre a experiência de escutar “Roots” em seu estúdio. Aspas para o líder do Foo Fighters:

“O estúdio do Foo Fighters é um lugar e tanto (…) A primeira coisa que fizemos foi instalar alto-falantes gigantescos na sala de controle (…) Eram os melhores do mundo. Eu não via a hora de ligá-los na tomada e escutar o ‘Roots’, do Sepultura. Assim que coloquei o disco para tocar com o volume no talo, ele explodiu as caixas de imediato. Alto-falantes de cinquenta mil dólares arruinados por causa de Roots“.

O cara realmente gosta da sonoridade que o Sepultura alcançou em meados dos anos 1990, quando infelizmente houve o impasse sobre a renovação do contrato da empresária Glória Cavalera, esposa de Max e que culminou com a saída do frontman, do cara que criou a banda. Tem vídeos circulando pela internet onde Dave Grohl conversa em um talk show estadunidense e uma brasileira pensa que ele vai procurar por músicas mais populares de nossas terras e ele afirma a sua devoção pelo quarteto. E em seu projeto de Heavy Metal, o “Probot” (2004), ele convidou Max Cavalera para cantar em uma faixa, “Red War“. Max teve a honra de fazer parte de uma obra que teve gente do gabarito de Lemmy Killmster e King Diamond, para se ter uma ideia.

Em 1996, o Heavy Metal andava mal das pernas. O Metallica havia virado uma banda de Hard Rock com o seu criticado, porém, razoável “Load“. O Iron Maiden apesar de ter lançado um bom álbum, passava por mais bocados com a reação favorável dos fãs para com Blaze Bayley. Outras bandas tinham crise de identidade e o Sepultura e o Pantera carregavam a bandeira do Metal e eram as grandes bandas do estilo naquele momento. O quarteto brasileiro vinha de um grande disco, “Chaos A.D.“, que já continha um esboço do que viríamos a testemunhar aqui em “Roots“, mas essa brasilidade veio de muito antes: em “Altered State“, do álbum “Arise“, havia algo neste sentido, com algumas batidas tribais. Ou seja, há pelo menos cinco anos antes, os “jungle boys” já davam indícios de que a brasilidade se juntaria ao peso do Heavy Metal a qualquer momento.

É um disco um tanto quanto controverso: amado por muitos, odiado por outros tantos, mas todos concordam que “Roots” foi o disco que realmente transformou o Sepultura em uma banda gigante. Ainda que por um breve momento, já que após a saída de Max Cavalera, a banda perdeu muito de sua relevância no cenário internacional. Por fazer diferente em uma época que o Metal andava por baixo e sob forte campanha, inclusive da MTV, que decretava a morte do estilo. Hoje vemos que tal afirmação era leviana e mentirosa, pois o Metal segue vivo.

Como afirmado acima, o Sepultura já havia feito diferente em “Chaos A.D.”, o antecessor do homenageado do dia. Se este já havia dividido opiniões por parte dos que gostariam de ver a banda repetir a já velha fórmula usada nos primeiros álbuns, Max Cavalera e sua trupe resolveram criar um modo único de tocar Heavy Metal. E com toda a brasilidade. Eles foram além do que já tinham feito e mostraram ao mundo um pouco da nossa história, das nossas raízes e uma homenagem bem justa aos donos desta terra, por mais que o headbanger bolsominion dê ataque ao ler essa verdade.

Max Cavalera tinha planos mais ambiciosos. E na já citada autobiografia “My Bloody Roots“, ele conta que após ter assistido a um filme chamado “Brincando nos Campos do Senhor“, ele teve a ideia de procurar uma tribo indígena e colocar tudo isso em prática. O frontman ainda conta no livro que sua esposa, Glória Cavalera, quase surtou quando este lhe contou seus planos. Aspas para a senhora Cavalera:

“Vocês não são o Michael Jackson, não tem orçamento ilimitado”.

Mas ele de forma inteligente retrucou dizendo que nenhuma banda havia tentado este feito. E era a chance de o Sepultura, novamente, fazer história. Então Max teve uma ideia ainda mais louca: queria gravar com os índios Caiapós, porém, a pessoa que fez essa ponte entre a banda e a tribo, Angela Pappiani, indicou outra tribo, os Xavantes, que eram mais “amigáveis” com o homem branco. E assim foi feito.

Outro desafio foi convencer os empresários da “Roadrunner” a bancar esta ideia, que parecia louca. “Isso é um produto para cometer suicídio”, disse Monte Conner (à época, um dos executivos da gravadora) a Max, que gostou tanto da frase que usou no nome do álbum ao vivo de seu projeto com Alex Newport, o Nailbomb (“Proud to Commercial Suicide”). Desconfiados de que a banda pudesse sair da floresta com uma compilação de reggae, os executivos foram convencidos. E não iriam se arrepender disso.

O próximo passo, foi encontrar um percussionista, pois a ideia não era somente incluir os indígenas na gravação do novo disco, e sim, como relembra Max, chegar às raízes da música brasileira. Carlinhos Brown aceitou o convite para participar com as percussões brasileiras e todos entraram no “Indigo Ranch“, em Malibu, com Ross Robinson responsável pela produção. Aqui, temos além dessa brasilidade misturada ao Heavy Metal, guitarras afinadas em si, dando um peso absurdo ao som. Vamos destrinchar uma a uma, as dezesseis faixas dessa belezura de play.

O disco abre com a clássica “Roots Bloody Roots“, em que Max Cavalera disse que se inspirou em duas canções famosas para dar o título: “Sabbath Bloody Sabbath“, do Black Sabbath e “Sunday Bloody Sunday”, do U2. A versão do Sepultura é bem mais empolgante (sem desmerecer a clássica canção dos pais do Heavy Metal) e as batidas tribais e primitivas de Iggor Cavalera, juntamente com os riffs da dupla Max e Andreas Kisser já colocam o disco nas alturas. É uma das poucas canções daquela época que ainda é tocada pela formação atual.

Attitude” começa despretensiosa com um berimbau mal tocado por Max, mas seus riffs são animais, fazendo a música ficar pesada e densa como poucas vezes na carreira da banda. Uma das melhores composições da banda em todos os tempos. “Cut-Throat” é bem raivosa, pesada, crua, em que o entrosamento do trio que foi por anos a espinha dorsal da banda se faz latente.

Ratamahatta” traz a participação de Carlinhos Brown nos vocais e é cantada praticamente em português. Apesar de esta música ter uma força impressionante, não me agrada muito. Mas preciso reconhecer a energia que ela passa, principalmente ao vivo. “Breed Apart” nos dá a impressão pela sua intro de que estamos tocando um disco do Olodum ao invés de um disco de Metal, pelas batidas, mas logo elas dão lugar ao groove comandado por Iggor em sua bateria. O cara estava realmente em sua melhor forma nesta época e aqui temos uma bela performance dele. Destaque para o refrão, repetitivo e grudento.

Straighthate” é bem raivosa e traz uma tentativa de Paulo Xisto em tocar seu baixo, sem muito sucesso,[e bem verdade, mas não chega a tirar o brilho da música. “Spit” é uma música bem enérgica. Lembro que na época do lançamento, em entrevista para a “Rock Brigade“, Max disse que nesta música, eles queriam soar como o GBH. E conseguiram. É a única das músicas que não conta com as batucadas, apenas algumas batidas no final lembram a brasilidade musical.

Lookaway” é uma música chata de doer. Desnecessária, pedante, interminável. Com as participações de Johnatan Davis, do Korn, Mike Patton (Faith no More) e DJ Lethal (Limp Bizkit). É uma faixa que eu pulo quando estou ouvindo essa bolacha. Porém, no recente show que os irmãos Cavalera fizeram para celebrar “Roots“, em 2022, foi nesta faixa o ponto alto da apresentação, pois Max pediu que se apagassem as luzes da casa de shows para que todos acendessem as lanternas de seus celulares. Assim, ele cantou as primeiras partes de “War Pigs“, tendo o público cantando junto, e ao final, a banda tocou a estrofe final e o refrão de “Territory“. Arrepia só de lembrar. “Dusted” chega e traz uma energia fantástica com seu groove. E a crueza dessa música a transforma ainda mais interessante. “Born Stubborn” talvez seja a música que mais se aproxima do Thrash Metal em que a banda um dia foi no passado. E confesso que quando eu a escutei pela primeira vez, foi uma das que mais me impressionaram. E ainda me impressiona até hoje.

Uma pausa para desplugar as guitarras e conferir um breve solo de Andreas Kisser em sua viola em “Jasco” e também os índios Xavantes cantando em “Ítsari“. Nesta faixa você vê a essência do nosso país, os caras conseguiram traduzir de fato, as nossas raízes, os verdadeiros donos destas terras tupiniquins e que infelizmente, ao longo dos anos foi praticamente dizimada e que não é nem um pouco respeitada pelo atual ex-presidente e que foi legitimado por 58 milhões de ignorantes nas últimas eleições. Para nosso alívio, eles viram a tentativa de imposição do fascismo brasileiro cair por terra.

Ambush” é bem grooveada, com passagens bastantes interessantes e Max Cavalera clamando pela Amazônia, a música foi composta em 1995, mas em 2022 ainda soa bem atual, pois infelizmente, o último desgoverno deixou um péssimo legado em todos os setores, mas a fauna e a flora sofreram durissimos golpes, e o que é pior, apoiado por um bando de mau caráter que diz ser anticorrupção, mas faz gato de energia elétrica, compra aparelho pirata de tv a cabo e pratica outros atos de corrupção. Mas o discurso moralista só serve quando é para atacar ao Partido dos Trabalhadores. Para estes, Max dá seu recado na letra. Uma breve pausa na música para as batucadas e logo a pancadaria retorna com mais intensidade.

Endangered Species” tem uma pegada mais arrastada, com muito peso e viradas nada menos do que sensacionais de Iggor e a letra retrata a preocupação de Max com o mundo violento, onde ele se pergunta no refrão se estaremos vivos no dia de amanhã.

Dictatorshit” encerra com chave de ouro, ao menos na versão gringa, esta bolachinha. Uma pancada violenta nos nossos ouvidos, rápida, ríspida, crua. E a letra, lembra dos inúmeros torturados e mortos (grande parte deles, as famílias sequer tiveram acesso aos corpos para fazer um funeral decente) no período mais decadente da história do Brasil enquanto República: a Ditadura Militar, que muitos acéfalos ainda hoje insistem em dizer que não ocorreu e ainda defendem as atrocidades cometidas, principalmente por um tal de Coronel Brilhante Ustra, um sádico que sentia prazer em aniquilar os que se opuseram ao regime que praticamente afundou o Brasil durante 20 anos.

O título do disco, traduzido, se chama Raízes e os caras souberam trazer estas raízes e explicar ao mundo que o Brasil não é só composto por mulheres de biquínis nas praias, passistas nas escolas de samba e futebol (aliás, este último ponto, praticamente deixou de existir após o vexatório 7 a 1, na semifinal da Copa de 2014 e os vexames nas copas posteriores). Na questão política, o 7 a 1 se repetiu diariamente nos últimos quatro anos, com um acéfalo elevado ao poder e que não aceitou a derrota nas urnas, então inflou seu exército de Minions para que estes praticassem as cenas lamentáveis do último dia 8 de janeiro, quando num ato terrorista, atacaram covardemente as sedes dos Três Poderes. Felizmente, a democracia venceu e o Brasil aos poucos vai recuperando seu prestígio perante o Mundo.

Como o redator aqui que vos escreve tem a versão brasileira, a bolacha segue a rolar com dois covers: e na época de Max, a banda sabia como poucos essa arte de tocar a música alheia e melhorando as versões. Foi assim com “Procreation (of the Wicked)”, do Celtic Frost, que virou um Doom pesadíssimo e com “Symphton of the Universe”, do Black Sabbath, música que já havia sido gravada antes para o tributo à banda de Toni Iommi, o “Nativity in Black” (1994), aliás, versão essa que ficou animalesca demais, fechando com chave de ouro esse disco.

É um disco pesado, denso… Moderno demais? Para a época, sim, mas mostra uma banda a frente de seu tempo. Tem a polêmica sobre a banda ter se inspirado no Korn, que gravou seu disco de estreia um pouco antes, mas o fato é que a banda se tornou gigante, fez turnê por todo o mundo, incluindo festivais como o “Ozzfest“, “Dynamo Open Air“. Poderia se tornar o novo Metallica, sem nenhum exagero, não fosse a treta que resultou na saída de Max Cavalera.

Recentemente os irmãos Max e Iggor se juntaram e fizeram uma tour tocando o “Roots” na íntegra e essa turnê passou por duas vezes em terras brasileiras. No ano passado eu consegui ir, a serviço da HEADBANGERS NEWS e uma mistura de emoções tomou conta de mim ao presenciar os verdadeiros compositores e idealizadores do Sepultura, tocando as músicas da banda que eles criaram e ajudaram a se tornar o maior expoente brasileiro no Heavy Metal.

A capa deste disco é simplesmente fantástica, reproduzindo uma antiga nota de mil cruzeiros, em que dois índios ilustram a cédula. A banda utilizou a imagem de um dos índios e ficou sensacional. Para os mais novos que só pegaram o Real como moeda, abaixo a imagem que inspirou a “louca” ideia de Max Cavalera.

Nos charts a redor do mundo, o álbum alcançou a 2ª posição na Áustria e no Top 100 da Europa; 3° na Austrália e na Bélgica, 4° no Reino Unido, sendo que na Categoria de Álbuns de Rock, o álbum alcançou o topo; 5° na Suécia, 6° na Holanda; 7° na Alemanha, 8° na Nova Zelândia e Noruega; 13° na Escócia, 16° na Suíça, 18° na Espanha e 27° na badalada “Billboard 200“. Foi certificado com Disco de Ouro nos seguintes países: Áustria, Austrália, Estados Unidos, Canadá, França, Holanda e Reino Unido. São números que não podem ser desprezados. E que nos enche de orgulho por se tratar de uma banda brasileiríssima.

Minha relação com este disco é de muito amor, pois foi o segundo disco do Sepultura que eu escutei, e fui um dos afortunados que acompanharam uma das últimas apresentações da formação clássica, exatamente em 08/11/1996. Foi um show e tanto, para lavar a alma. Se entrei lá fã da banda, saí de lá um devoto. Hoje eu não curto o som que eles fazem, apesar de reconhecer que eles têm feito um trabalho bem feito e honesto, mas eu penso que aquela magia com os irmãos Cavalera fazia toda a diferença. Sim, o leitor pode me chamar de viúva dos Cavalera, eu carrego este adjetivo sem problema nenhum. É duro testemunhar a formação atual dando pouca atenção para as músicas antigas. Enfim, foi a escolha de Andreas Kisser, que não é um membro original da banda (aliás, não há hoje nenhum dos membros que fizeram o primeiro show da banda) e há os que gostam dessa nova fase. Há também os que sequer conhecem a fase da formação clássica. E há os saudosistas, classe da qual eu me incluo e vejo aqui em “Roots“, o real Sepultura.

E por isso hoje, escrevo com muito orgulho sobre este disco que fez o Sepultura, como sempre fez na década de 1990, romper barreiras, que completa mais um aniversário. Não é qualquer aniversário, são 27 anos de um disco que rompeu barreiras e mostrou que o Brasil é mais que capaz de apenas copiar os riffs rápidos que foram criados no exterior. Pode sim, incluir batidas que só existem em nossas terras, deixando o Metal com uma sonoridade única. E como muitos clássicos, ele envelhece muito bem. Longa vida ao “Roots”, que mesmo ignorado pela atual formação e por alguns fãs, é lembrado e celebrado pelo seu criador e seu irmão. Hoje é dia de ouvir esse play no talo. É nossa obrigação.

Roots – Sepultura

Data de lançamento: 20/02/1996

Gravadora: Roadrunner

 

Faixas:

01 – Roots Bloody Roots

02 – Attitude

03 – Cut-Throat

04 – Rattamahatta

05 – Breed Appart

06 – Straighthate

07 – Spit

08 – Lookaway

09 – Dusted

10 – Born Stubborn

11 – Jasco

12 – Ítsari

13 – Endangered Species

14 – Dictatorshit

15 – Procreation (Of the Wicked) (Bônus Track)

16 – Sympthon of the Universe (Bônus Track)

 

Formação:

Max Cavalrea – vocal/ guitarra

Iggor Cavalera – bateria

Andreas Kisser – guitarra

Paulo Junior – baixo

 

Participações Especiais:

Carlinhos Brown – Vocal/Percussão/Berimbau/

Johnatan Davis – Vocal (Lookaway)

Mike Patton – Vocal (Lookaway)

Dj Lethal – Toca-discos (Lookaway)

Ross Robinson – Percussão (Rattamahatta)

Tribo Xavantes – Canto (Born Stubborn e Ítsari) e Percussão (Ítsari)