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Memory Remains: The Rolling Stones – 52 anos de “Let it Bleed” e as comparações com uma suposta provocação aos Beatles

Memory Remains: The Rolling Stones – 52 anos de “Let it Bleed” e as comparações com uma suposta provocação aos Beatles

5 de dezembro de 2021


Há 52 anos, exatamente em 5 de dezembro de 1969, o The Rolling Stones lançava “Let it Bleed”. Trata-se do oitavo disco da carreira da banda, considerando a discografia britânica, que é a que estamos levando em conta aqui. Pela discografia americana da banda é o décimo lançamento. E esse play é assunto do nosso Memory Remains deste domingo.

Este foi o último álbum com a participação de Brian Jones. Ele participou em apenas duas músicas: tocou harpa em “You Got the Silver” e percussão em “Midnight Rambler”. Seria expulso da banda logo depois das gravações devido ao seu abuso das drogas e seria encontrado morto, aos 27 anos (sempre esta idade), afogado na piscina de sua casa, supostamente por um dos empreiteiros que trabalhava na reforma da casa.

Let it Bleed” é pensado por alguns como uma paróidia ou mesmo uma resposta ao famoso álbum dos Beatles, “Let it be”, mas esta teoria cai por terra, uma vez que o álbum do quarteto de Liverpool foi lançado em 1970, enquanto que o dos Rolling Stones saiu seis meses antes. Ainda que o disco de Lennon, McCartney, Harrisson e Starr estivesse programado para ser lançado em julho de 1969, sofreu vários adiamentos e também já era do conhecimento de todos sobre o disco da banda de Mick Jagger e Keith Richards, inclusive com o nome do álbum previamente divulgado.

Em 1971, Keith Richards deu uma declaração acerca da semelhança dos títulos de ambas as bandas:

“Não tem nada a ver com o “Let it be”. Foi uma coincidência, pois você trabalha sobre as mesmas linhas ao mesmo tempo, na mesma idade, como vários outros caras e todos querendo fazer a mesma coisa basicamente.”

A banda entrou no “Olympic Studios”, em Londres em novembro de 1968 onde gravou a faixa “You Can’t Always Get What You Want”. Voltaram em fevereiro de 1969 para gravar o restante do álbum e por lá permaneceram até novembro do mesmo ano, com a produção assinada por Jimmy Miller. Vamos dissertar sobre cada uma das nove músicas que compõem o play:

Gimme Shelter” abre os trabalhos e temos uma música bem agradável e um bom solo de guitarra. “Love in Vain” é uma canção bem calma, com influências Country e aqui o espetáculo é por conta do violão e do bandolim. “Country Honk” mantém o clima da faixa anterior, mas com a adição de instrumentos como o violino, dando um toque especial à música.

Live With me” é a primeira faixa em que o Rock and Roll aparece com força e é uma bela faixa, com direito a um solo de saxofone que a embelezou ainda mais. A faixa título traz de volta o clima bluesy, tendo o piano como base, com direito a uma virada de bateria bem atrevida por Charlie Watts e assim fechamos o lado A do vinil.

Hora de virar o lado da bolacha e a faixa que dá sequência é “Midnight Ramblet” e aqui temos uma espécie de blues com um compasso mais acelerado e uma performance um pouco mais agressiva de Mick Jagger. Em seus quase sete minutos, ela acaba se tornando monótona.
Em “You Got the Silver” temos de volta o clima provinciano do Blues que a banda pratica aqui neste álbum, com Keith Richards ditando o ritmo com seu violão e entradas providenciais do órgão, deixando a música bem agradável.

Monkey Man” mantém o Blues como sonoridade predominante no play e aqui as guitarras aparecem um pouco mais, mas sempre na companhia do piano. Uma boa música. “You Can’t Always Get What You Want” é a faixa mais longa do álbum e com seus sete minutos em que temos um pouco de Rock e até mesmo soul, com direito a participação do coral The London Bach, além de diversos outros convidados. sendo uma outra música bem agradável, fechando assim a obra.

Let it Bleed” foi muito bem recebido pela crítica e público de maneira geral. Em 1998, os leitores da revista “Q” elegeram o álbum como o 69º melhor álbum de todos os tempos; a mesma revista, no ano de 2000classificaria o álbum em 28º na sua lista dos “100 Maiores Discos Britânicos de sempre”; em 2001, foi classificado em 24º entre os melhores álbuns pelo canal VH1; já a revista Rolling Stone, elegeu o álbum como o 32º colocado na lista dos “500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos”, além de figurar no livro “1001 Álbuns que você tem que Ouvir Antes de Morrer”.

O álbum alcançou ainda o topo da parada britânica, superando “Abbey Road”, dos Beatles, A primeira posição foi alcançada também na Holanda; na Noruega e na Austrália ficou em 2º lugar; 3º na Alemanha e na “Billboard 200” e 4º lugar no Canadá.

Em 42 minutos temos um álbum que pouco tem de Rock and Roll em si, o Blues acaba predominando e isso não desmerece o disco, muito pelo contrário, temos uma sonoridade muito agradável aqui e ainda que este redator que vos escreve esteja longe de ser fã de Rolling Stones, a impressão aqui foi extremamente boa.É um álbum que tem importância e por isso se faz justa a homenagem em nosso quadro. Os caras seguem na ativa e a nossa expectativa é de tê-los por um pouco mais de tempo conosco.

Let it Bleed – The Rolling Stones
Data de lançamento – 29/11/1969
Gravadora – Decca

Faixas:
01 – Gimme Shelter
02 – Love in Vain
03 – Country Honk
04 – Live With me
05 – Let it Bleed
06 – Midinight Rambler
07 – You Got the Silver
08 – Monkey Man
09 – You Can’t Always Get What You Want

Formação:
Mick Jagger – Vocal/ Violão/ Gaita
Keith Richards – Guitarra/ Violão/ Slide Guitar
Brian Jones – Conga/ Harpa
Bill Wyman – Baixo
Charlie Watts – Bateria
Mick taylor – Guitarra/ Slide Guitar

Participações espediais:
Ian Stewart – Piano em “Let it Bleed”
Nick Hopkins – Piano em “Gimme Shelter”, “Live With me”, “You Got the Silver” e “Monkey Man” e Órgão em “You Got the Silver”
Byron Berline – Violino em “Country Honk”
Merry Clayton – Backing Vocal em “Gimme Shelter”
Ry Cooder – Violino em “Love in Vain”
Bobby Keys – Saxofone em “Love in Vain”
Jimmy Miller – Percussão em “Gimme Shelter”, Bateria em “You Can’t Always Get What You Want”, Tamborim em “Monkey Man”
Leon Russell – Piano em “Live With me”
Jack Nitzsche – Arranjo de coral em “You Can’t Always Get What You Want”
Nanette Workman – Backing Vocal em “Country Honk” e “You Can’t Always Get What You Want”
Doris Troy – Backing Vocal em “You Can’t Always Get What You Want”
Madleine Bell – Backing Vocal em “You Can’t Always Get What You Want”
Rocky Dijon – Percussão em “You Can’t Always Get What You Want”
The London Beach Choir – Vocais em “You Can’t Always Get What You Want”