Memory Remains

Memory Remains: The Smashing Pumpkins – 30 anos de “Mellon Collie and the Infinite Sadness” e a explosão no Mainstream

23 de outubro de 2025


Há 30 anos, em 23 de outubro de 1995, o The Smashing Pumpkins lançava “Mellon Collie and the Infinite Sadness“, o terceiro álbum da banda de Rock Alternativo que foi muito importante na década de 1990 e tema do nosso Memory Remains desta quinta-feira.

O sucessor de “Siamese Dream” era cercado de muita expectativa, pois o seu antecessor rendeu algum sucesso à banda, que passou a ser apontada como o próximo grande nome do Rock Alternativo. E após 13 meses de turnê, a banda se reuniu para escrever novas músicas.

O líder Billy Corgan deu a entender em entrevistas que este seria um álbum duplo, ideia que ele gostaria de colocar em prática já em “Siamese Dream“. Ele também disse que a banda era experiente o suficiente para fazer com que esse álbum soasse como se fosse o último e até usou o álbum “The Wall“, do Pink Floyd como exemplo. Influência boa, ao menos ele tinha.

Corgan preferiu não repetir o trabalho com o produtor Butch Vig. Ele deu a oportunidade para quem nunca trabalhou antes com a banda, assim, sem conhecer o trabalho dos demais músicos, o produtor pudesse dar um novo direcionamento ao álbum e também para a sonoridade da própria banda. Os escolhidos foram Flood e Alan Moulder, este último, havia trabalhado como engenheiro de som em “Siamese Dream“.

Billy Corgan abriu mão de seu egocentrismo e permitiu que os demais músicos contribuíssem nas composições, que se iniciaram no final de 1994 na casa do líder da banda. Depois de quatro meses, a banda fez quatro apresentações em Chicago, onde mostrou algumas das músicas escritas neste período. A banda escreveu cerca de 60 músicas. A receita das vendas dos ingressos foi doada para instituições de caridade, o que comprova a veia social da banda (será acusada de comunista pelos fãs conservadores).

A banda não permitiu a entrada de profissionais da imprensa nestes shows e nem de pessoas que portassem equipamentos que pudessem filmar ou fazer qualquer registro sonoro. E a resposta dos fãs foi a melhor possível para as músicas novas, o que dava indícios de que o novo álbum seria um sucesso. E assim eles foram gravar as novas músicas.

Eles ficaram entre os meses de março e agosto de 1995 gravando e quatro estúdios foram utilizados no total: o Pumpkinland, Sadlands & Bugg e o CRC, todos em Chicago, além do Village Recorder, em Los Angeles. Dissemos anteriormente que eles escreveram cerca de 60 músicas. Todas elas foram gravadas, mas muitas ficaram de fora e acabaram lançadas depois em coletâneas. Eles entregaram 28 músicas e o álbum veio em CD duplo e LP triplo.

A afinação das guitarras mudou. Desta vez, Billy Corgan e James lha baixaram em meio tom a afinação em algumas músicas, o que deixou a sonoridade mais grave. Em outras músicas, como “Jellybelly“, a afinação baixou para um tom inteiro. James lha falou sobre a variedade de overdubs das guitarras. Aspas para ele:

“No passado, tudo tinha que ser overdub e sobreposto — exagero de guitarra. Essa não era realmente a linha de pensamento desta vez, embora também tenhamos feito isso.”

Billy Corgan também disse que tocou sua guitarra exaustivamente durante as gravações e em entrevista ele deu um exemplo de como foi fazer o solo da música “Fuck You (An Ode to No One)”:

“Eu toquei até meus dedos verem sangue. Você não pode tocar um solo de guitarra fraco em uma música tão propulsiva. Tem que ser no estilo de ataque… Eu coloco os fones de ouvido e fico a um pé de distância do amplificador. Eu aumento o amplificador tão alto que eu literalmente tenho que tocar mais forte do que o feedback, porque se eu parar de tocar mesmo que por um instante, a coisa toda explode.”

Disco rolando e o The Smashing Pumpkins nos apresenta um álbum complexo, são 28 músicas divididas em dois CDs e muito extenso. A duração total é de 121 minutos. O Rock Alternativo é o estilo predominante, mas muitas outras vertentes também aparecem, como o Pop Rock, Grunge, Metal Alternativo, Garage Rock e até mesmo Heavy Metal. As músicas “Tonight, Tonight“, “1979” e “Bullet With Butterfly Wings” são as mais famosas, pois tocaram exaustivamente nas rádios e na MTV, mas outras faixas merecem destaque, como “Jellybelly“, “Zero“, “Here is no Why“, “Fuck You (An Ode to No One)”, “Porcelina of the Vast Oceans“, “Bodies“, e “X.Y.U“.

O álbum foi muito bem recebido, tanto pela crítica quanto pelo público e fez com que o The Smashing Pumpkins se tornasse um grande nome do Rock Alternativo na segunda metade da década de 1990. As vendas foram consideráveis, o álbum foi bem nas paradas de sucesso: foi 1° na “Billboard 200” (primeiro álbum da banda a alcançar o topo por lá), Austrália, Canadá, Nova Zelândia e na Suécia; 2° na Bélgica, 3° na Irlanda, 4° no Reino Unido e na Europa, 5° em Portugal, 6° nos Países Baixos e França, 7° na Noruega, 8° na Escócia e na Espanha, 10° na Dinamarca, 14° na Finlândia, 17° na Itália, 21° na Alemanha, 27° na Suiça e 36° na Áustria.

Nosso aniversariante foi certificado com Disco de Ouro na Alemanha, Grécia, Itália, Japão, Países Baixos, Noruega, Espanha e Suécia. Recebeu Disco de Platina na Bélgica, Dinamarca, França, Nova Zelândia e Reino Unido; Quádruplo Platina na Austrália e Disco de Diamante nos Estados Unidos e no Canadá. A banda foi indicada em sete categorias no Grammy Awards de 1996, vencendo na “Melhor Performance Hard Rock” com “Bullet With Butterfly Wings“. Em 2024, a Loudwire elegeu o álbum como o Melhor lançado em 1995. É um dos livros citados no renomado livro “Os 1001 Álbuns que Você Deve Ouvir Antes de Morrer“, do autor Robert Dimery.

Em 2012, o álbum foi relançado com um box, contendo cinco álbuns e um total de 64 músicas, gravadas naquelas sessões e excluídas do álbum original, além de um DVD com uma apresentação da banda na famosa Brixton Academy, em Londres, feita pela MTV Europa. Trata-se de um álbum que fez muita história, na época em que o Grunge perdia forças no mainstream.

O The Smashing Pumpkins está em atividades atualmente, com ¾ da formação que tocou em “Mellon Collie and the Infinite Sadness“. A única exceção é a baixista D’arcy Wretzky, que recusou o convite feito por Billy Corgan quando a reunião aconteceu em 2006. Eles tem lançado álbuns, mas nenhum fez tanto sucesso quanto nosso novo trintão. Hoje é dia de celebrar esse álbum que envelhece bem, obrigado.

Mellon Collie and the Infinite Sadness – The Smashing Pumpkins
Data de lançamento – 23/10/1995
Gravadora – Virgin

Faixas:
Disco 1: Dawn to Dusk

01 – Mellon Collie And The Infinite Sadness
02 – Tonight, Tonight
03 – Jellybelly
04 – Zero
05 – Here Is No Why
06 – Bullet with Butterfly Wings
07 – To Forgive
08 – Fuck You (An Ode To No One)
09 – Love
10 – Cupid De Locke
11 – Galapogos
12 – Muzzle
13 – Porcelina Of The Vast Oceans
14 – Take Me Down

Disco 2: Twilight To Starlight

01 – Where Boys Fear To Tread
02 – Bodies
03 – Thirty-Three
04 – In The Arms Of Sleep
05 – 1979
06 – Tales Of a Scorched Earth
07 – Thru The Eyes Of Ruby
08 – Stumbleine
09 – X.Y.U.
10 – We Only Come Out At Night
11 – Beautiful
12 – Lily (My One And Only)
13 – By Starlight
14 – Farewell And Goodnight

Formação:
Billy Corgan – guitarra/ vocal/ piano/ teclado/ harpa
James lha – guitarra/ backing vocal
D’arcy Wretzky – baixo/ vocal em “Beautiful” e “Farewell and Goodnight
Jimmy Chamberlain – bateria/ vocal em “Farewell and Goodnight

Participações especiais:
Orquestra Sinfônica de Chicago – orquestra em “Tonight, Tonight”
Greg Leisz – pedaleira em “Take me Down