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Memory Remains: Titãs – 29 anos de “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, a despedida de Arnaldo Antunes

Memory Remains: Titãs – 29 anos de “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, a despedida de Arnaldo Antunes

23 de setembro de 2020


Em 23 de setembro de 1991, os TITÃS lançavam seu sexto disco de estúdio. E “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” tem alguns marcos: seria este o último álbum com a participação de um dos seus vocalistas, Arnaldo Antunes, que passaria a fazer uma carreira solo, se distanciando completamente do Rock que o consagrou e tendo relativo sucesso em sua empreitada (N. do R: ele até participaria do processo de composição de “Titanomaquia’, o álbum posterior, mas aqui era seu último registro na banda). Era também um disco em que a banda voltava a fazer um som mais pesado e com letras fortes, em alguns momentos, até escatológicas. O ápice do peso, seria de fato, em “Titanomaquia”.

O título tem a ver com o fato de ter sido o primeiro disco da carreira da banda em que todos assinaram a autoria de todas as letras e músicas, antes cada um apresentava uma composição e levava a autoria. E a própria banda assumiu a produção do disco. Na época do lançamento, as críticas não foram muito positivas, mas houve artistas da MPB que defenderam a obra, como Caetano Veloso, por exemplo. Já Maria Bethânia regravou a faixa “Agora”.

Neste disco, a banda optou em tentar resgatar o som pesado dos álbuns “Cabeça Dinossauro” e “Jesus Não tem Dentes No País dos Banguelas”, o resultado foi bom. A banda trocou o estúdio “Nas Nuvens”, no Rio de Janeiro, por uma granja, em São Paulo, onde eles passaram três meses e montaram um estúdio móvel e o resultado foi satisfatório.

Neste disco, a banda optou em tentar resgatar o som pesado dos álbuns “Cabeça Dinossauro” e “Jesus Não tem Dentes No País dos Banguelas”, o resultado foi bom. A banda trocou o estúdio “Nas Nuvens”, no Rio de Janeiro, por uma granja, em São Paulo, onde eles passaram três meses e montaram um estúdio móvel e o resultado foi satisfatório.

A banda vinha de um disco diferente até no título “Õ Blesq Bom”, que tem até bons momentos, mas definitivamente, não é dos melhores trabalhos dos TITÃS. Embora uma das melhores músicas da carreira da banda esteja ali: “O Pulso”. E os caras resolveram trazer um pouco do peso que havia ficado lá em “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”.

“Clitóris” é a faixa que abre o disco e é uma das que mostram um TITÃS com letras escatológicas. A sonoridade é bem moderna, com muitos teclados e sintetizadores, um tanto quanto diferente do que a banda apresentou no disco anterior. “O Fácil e o Certo” tem guitarras bem Rock and Roll e uma certa dose de rebeldia dos TITÃS era resgatada aqui.

“Filantrópico” é a faixa número três e traz guitarras sujas do punk em uma canção bem rápida e um esboço do que a dupla Marcelo Fromer e Tony Bellotto fariam com muita competência no álbum posterior, “Titanomaquia”. “Cabeça” é uma música em que a bateria do excelente Charles Gavin dita o ritmo, com uma pegada forte e boas viradas, enquanto as guitarras usam (e abusam) dos efeitos.

“Já” e tem um clima pop do disco “Õ Blesq Bom”, onde eu destaco novamente a bateria de Charles Gavin. O cara estava realmente em uma fase gloriosa. “Eu Vezes Eu” é uma faixa típica para tocar em rádios. Comercial, sem peso, boa para quem curte algo bem leve e inofensivo.

Temos duas das melhores faixas deste disco chegando: “Isso Para Mim é Perfume” com uma sonoridade punk, nos faz lembrar alguns momentos de “Cabeça Dinossauro”. A letra, segue bem tosca, mas nada que assuste para quem escuta CANNIBAL CORPSE e SIX FEET UNDER, por exemplo.

Divulgação

“Saia de Mim” é outra dos pontos altos deste disco, uma música com certo peso, boas frases de guitarras e uma letra doentia. Eu lembro quando a música foi lançada e a letra fora divulgada em um jornal daqui da cidade do Rio de Janeiro e a matéria tratava da banda como se fosse a aberração, mas esta é uma das melhores músicas de toda a carreira da banda.

“Flat-Cemitério-Apartamento” é outra com uma letra chocante, mas é um bom Rock And Roll. O meu destaque aqui é para o baixo de Nando Reis, dando peso à música. “Agora” é uma faixa que flerta com o Hard Rock. Ela é certinha, não tem firula, nem encheção de linguiça. Uma boa faixa.

A melhor faixa do disco chega e ela se chama “Não é Por Não Falar”, com seus riffs de guitarra sensacionais, o uso do pedal “Wah-wah” deu um clima legal. E a letra, bem legal, uma das poucas que fazem algum tipo de sentido. “Obrigado” é outra faixa com influências punk, com uma boa timbragem das guitarras e a letra que é apenas uma frase repetida à exaustão. Mas ela parece muito com a faixa “Tô Cansado”, do clássico “Cabeça Dinossauro”. Sonzão!

“Se Você está Aqui” é uma faixa com mais swing, mas não deixa de ser boa. Assume o vocal aqui, Nando Reis, que também faz um bom trabalho no seu contrabaixo. “Eu Não Sei Fazer Música” devolve a sonoridade punk, com a qual os TITÃS tanto flertaram neste disco, em uma música interessante, mesmo que o solo seja fraco.

“Uma Coisa de Cada Vez” encerra o disco, num ritmo que mais parece um Ska e a forma que Arnaldo Antunes canta é muito engraçado. Ali ele se despedia da banda para nunca mais voltar, exceto em algumas raras aparições em que alguns dos antigos membros topa fazer uma participação especial ao vivo.

Quinze músicas em 39 minutos mais parece uma banda Punk, mas foi este o estilo que os TITÃS resolveram abraçar em “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, que é uma ponte para o disco mais pesado que a banda viria lançar somente dois anos mais tarde. É um bom disco do Rock brasileiro e por isso merece a nossa homenagem hoje, ainda que depois a banda tenha optado de vez em abandonar o Rock pesado, não podemos esquecer da banda que já inspirou a maior banda de Heavy Metal do Brasil.

Tudo ao Mesmo Tempo Agora – Titãs
Data de lançamento – 23/09/1991
Gravadora – Warner

Faixas:
01 – Clitóris
02 – O Fácil e o Certo
03 – Filantrópico
04 – Cabeça
05 – Já
06 – Eu Vezes Eu
07 – Isso Para Mim é Perfume
08 – Saia de Mim
09 – Flat – Cemotério – Apartamento
10 – Agora
11 – Não é Por Não Falar
12 – Obrigado
13 – Se Você Está Aqui
14 – Eu Não Sei Fazer Música
15 – Uma Coisa de Cada Vez

Formação:
Arnaldo Antunes – Vocal
Branco Mello – Vocal
Paulo Miklos – Vocal
Nando Reis – Baixo/Vocal
Sérgio Britto – Teclado/Vocal
Marcelo Fromer – Guitarra
Tony Bellotto – Guitarra
Charles Gavin – Bateria