Memory Remains

Memory Remains: Venom – 41 anos de “Black Metal” e a influência decisiva para o surgimento da cena norueguesa

1 de novembro de 2023


Há 41 anos, no primeiro dia de novembro de 1982, o Venom lançava um de seus trabalhos mais cultuados: “Black Metal” é o tema do nosso Memory Remains desta quarta-feira, véspera do dia de finados.

Após o lançamento do aclamado álbum de estreia, “Welcome to Hell“, lançado um ano antes, o Venom se tornou um grande fenômeno na cena Heavy Metal, tanto que eles se tornaram referência para muitas bandas que vieram depois. Inclusive este álbum acabou se tornando inspiração para uma vertente que nasceu na Noruega e depois se espalhou pelo mundo, que é o Black Metal.

O Venom realizou alguns shows pela Europa e voltou com a base de fãs mais robusta. Então logo logo eles trataram de escrever material novo para lançar. Eles retornaram ao Impulse Studios, em Newcastle, desta vez com a produção assinada por Keith Nichol. Músicas como “Buried Alive” e “Raise the Dead” foram escritas ainda no final da década de 1970 e a ideia inicial era incluí-las no álbum de estreia, o que acabou não acontecendo. Então a banda lapidou melhor as músicas e elas acabaram entrando no aniversariante do dia.

O Venom nunca foi uma banda mainstrean, talvez nunca tenha sido o objetivo dos seus integrantes. E com a temática abordada, seria quase impossivel a música do trio tocar em rádios, em programas de TV e se tornar popular. Consequência disso era o baixo orçamento para as gravações, o que fez com que eles optassem por trazer uma sonoridade bastante pesada e única. Cronos certa vez falou sobre como driblar as dificuldades do baixo orçamento.

Nós sabíamos que juntos tínhamos um som original, o barulho profano que vinha até você quando começamos uma faixa era realmente tremendo, tentar gravar esse caos em uma fita em um estúdio era outra questão, eu tentei o meu melhor com tudo isso. as habilidades que aprendi como engenheiro de estúdio, apenas optei pelo som mais pesado que consegui, quero dizer, não havia nenhuma maneira de fazer o Venom soar como se o Lynyrd Skynyrd agora estivesse lá? Foi puro caos do início ao fim.”

Colocando a bolacha para rolar, temos um álbum relativamente curto: 38 minutos divididos em 13 faixas e a temática lírica é basicamente fincada no satanismo, mas com espaço para bruxaria, terror, mitologia e fantasias sexuais de adolescentes. Os grandes clássicos do play são “Black Metal“, “Countess Bathory” e “Sacrifice“. Muito se discute sobre como rotular o som do Venom. Alguns chamam de Thrash Metal, outros se Speed Metal ou até mesmo como a primeira banda de Black Metal que surgiu. Podemos dizer que o som dos britânicos é como se o Motörhead resolvesse tocar ainda mais sujo e pesado. As músicas são muito boas, apesar da produção bem tosca.

A última faixa, “At War With Satan” é uma espécie de prelúdio para o álbum seguinte, com o mesmo nome, que é conceitual e narra uma guerra entre o céu e o inferno, tendo este último sendo o vencedor da batalha. A história foi escrita por Cronos quando este ainda estava na escola e transformada em música dois anos depois.

A capa foi desenhada por Cronos e mostra um demônio com uma cruz invertida em um dos lados de sua cabeça e um pentagrama desenhado na testa. Uma imagem que fará aquele seu tio evangélico ferrenho (e provavelmente, eleitor do inelegível) lhe chame por adjetivos como “satanista”, “herege”, além de querer te levar para a igreja dele para, passar por uma sessão de descarrego, e, consequentemente, gastar seu suado dinheiro pagando dízimo para o sustento dos pastores, afinal, os malandros vivem dos idiotas, tal como os urubus vivem da carniça.

Black Metal“, foi e ainda é aclamado por muitos como um álbum influente. O escritor Robert Dimery o incluiu em seu livro “Os 1001 Álbuns que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer“. Em 1998, os leitores da Kerrang! classificaram o álbum na 52ª posição na lista compilada pela revista, chamada os 100 álbuns que você precisa ouvir antes de morrer. Supostamente os riffs de “Black Metal“, a música, influenciaram os riffs principais de “Smells Like a Teen Spirit“, do Nirvana. E Phil Anselmo certa vez falou sobre a importância do play:

Primeiro comprei o álbum apenas pela capa, mas a música e a letra me pegaram. Nunca tinha ouvido uma banda cantar sobre o satanismo básico de uma forma tão pura e direta. Não há nada de complicado no que eles fazem, e é por isso que eles são ótimos. Eles acertam em cheio.”

Hoje a banda permanece em atividade, porém, somente Cronos é membro fundador. Embora não tenha mais lançados álbuns da mesma magnitude como este “Black Metal”, ninguém tirará do Venom o selo de banda influente. As bandas do chamado Metal Negro hoje só existem por causa deste play que envelhece cada vez melhor. Hoje é dia de celebrar e escutar a bolacha no volume máximo.

 

Black Metal – Venom

Data de lançamento – 01/11/1982

Gravadora – Neat Records

 

Faixas:

01 – Black Metal 

02 – To Hell and Back

03 – Buried Alive 

04 – Raise the Dead

05 – Teacher’s Pet 

06 – Leave Me in Hell

07 – Sacrifice

08 – Heaven’s on Fire 

09 – Countess Bathory

10 – Don’t Burn the Witch 

11 – At War with Satan (preview)

 

Formação:

Cronos – vocal/baixo

Mantas – guitarra

Abaddon – bateria