Morten Harket, vocalista da banda norueguesa a-ha, revelou publicamente que foi diagnosticado com a doença de Parkinson. O artista, conhecido por sua voz marcante e pelas performances ao lado de Paul Waaktaar-Savoy e Magne Furuholmen, falou pela primeira vez sobre a condição em um artigo publicado no site oficial da banda.
“Não tenho problema em aceitar o diagnóstico”, afirmou Morten. “Com o tempo, adotei a atitude do meu pai, que tem 94 anos, sobre como o organismo vai cedendo: ‘Uso o que ainda funciona’.”
A doença de Parkinson é neurodegenerativa e afeta a produção de dopamina no cérebro, prejudicando funções motoras. Apesar de não ser fatal, a condição é progressiva e ainda não tem cura. Segundo estimativas, mais de 10 milhões de pessoas convivem com a doença no mundo, sendo cerca de 13 mil na Noruega.
Nos últimos anos, Morten passou por dois procedimentos de estimulação cerebral profunda (DBS) na Mayo Clinic, nos Estados Unidos. Os eletrodos foram implantados em ambos os lados do cérebro e conectados a um dispositivo no tórax. O tratamento trouxe melhora significativa nos sintomas físicos.
“O procedimento teve o efeito desejado: com os impulsos elétricos certos chegando ao cérebro, muitos dos sintomas físicos praticamente desapareceram”, explicou.
Apesar da melhora motora, Morten relatou dificuldades com a voz, que compromete sua capacidade de cantar. “Os problemas com a minha voz são um dos muitos motivos de incerteza quanto ao meu futuro criativo”, disse. “Não sinto vontade de cantar, e pra mim isso é um sinal. […] A questão é se consigo me expressar com a voz. No momento, isso está fora de questão.”
A relação com a voz e a carreira musical, segundo ele, vai além da identidade como cantor. “Quando digo que minha identidade não é ser cantor, é uma resposta direta. Vem do coração. […] As pessoas me associam a isso, claro, e eu entendo. Vejo o canto como uma responsabilidade, e em certos momentos é absolutamente fantástico poder fazer isso. Mas tenho outras paixões também, coisas que fazem parte de mim da mesma forma.”
A decisão de tornar o diagnóstico público foi pensada por muito tempo. “Costumava me incomodar a ideia de que minha doença se tornasse de conhecimento público. Mas, a longo prazo, me incomoda mais ter que proteger algo que é estritamente pessoal tratando como um segredo.”
Morten também antecipou as reações que virão: “Vou receber muitas mensagens sobre o que fazer e como lidar com isso. Muitas sugestões de cura, todas vindas de pessoas bem-intencionadas. Sei que há muitas opiniões e teorias alternativas, mas preciso ouvir os profissionais que estão comigo nesse processo e que acompanham os avanços da pesquisa. Não vou conseguir processar mais do que isso.”
Aos fãs, deixou uma mensagem direta: “Não se preocupem comigo. Descubram quem vocês querem ser – um processo que pode ser novo a cada dia. Sejam bons servidores da natureza, a base da nossa existência, e cuidem do meio ambiente enquanto ainda é possível. Gastem sua energia lidando com problemas reais, e saibam que estou sendo bem cuidado.”
Mesmo diante das limitações, Morten não descarta novos projetos. “Gosto da ideia de simplesmente seguir em frente, como paciente de Parkinson e artista, com algo completamente fora da caixa. Tudo depende de mim, só preciso tirar isso do caminho primeiro.”