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Obituary: 26 anos de “World Demise”, o momento da troca da velocidade pelo peso

Obituary: 26 anos de “World Demise”, o momento da troca da velocidade pelo peso

6 de setembro de 2020


Em 6 de setembro de 1994, o OBITUARY lançava o seu quarto disco de estúdio: “World Demise” marca uma mudança sutil no som da banda, uma evolução. Saem as músicas mais rápidas, dando lugar a outras mais arrastadas, flertando de maneira bem intensa com o Doom Metal. A banda vinha dos três primeiros álbuns, os quais são considerados clássicos pelos fãs “Old-School”. E de fato, “Slowly We Rot”, “Cause by Death” e “The End Complete” são absurdamente lindos, mas aqui os caras resolveram arriscar. E deu super certo.

Então na companhia do “véio” Scott Burns na produção, a banda foi ao lendário “Morrisound Recording”, em Tampa, Flórida. Os integrantes do OBITUARY atuaram na co-produção. O disco foi mixado no “Sterling Sound”, na cidade de Nova Iorque. E saíram com essa pedrada.

Em 56 minutos temos um disco muito pesado, me arrisco a dizer que é o mais pesado da carreira do OBITUARY. Os caras capricharam no timbre das guitarras, que ficaram cavalares e o baterista Donald Tardy também arriscou umas batidas mais tribais e até mesmo funkeadas, como iremos ver mais abaixo.

Falando em Donald Tardy, é ele quem abre o disco com uma virada absurda em seu kit de bateria, que junto com os berros de seu irmão, John ditam o ritmo de “Don’t Care”, uma música espetacular. Ela não é tão rápida, porém, não é ainda aqui que o OBITUARY começará seu flerte com o Doom. Aqui temos um Death Metal mais cadenciado, riffs assustadores e um solo muito bom. Essa faixa ainda é tocada pelos caras ao vivo e, inclusive, em 2017, quando da última passagem da banda pelo Rio de Janeiro, essa foi a faixa que encerrou o setlist (sem contar o encore que teve a obrigatória “Slowly We Rot”). Excelente início.

A faixa título traz a banda se aproximando do Doom, mais arrastada nas suas estrofes e ficando um pouco, bem pouco, mais rápida na sua parte final. Novamente os riffs ditam as regras e fazem de “World Demise”, tanto a faixa quanto o disco, o melhor em termos de criatividade nos riffs e no peso. “Lost” é comandada pelos riffs de guitarra que seguem desafiando nossos pescoços. Ela tem um andamento um pouco mais rápido e a mesma qualidade das músicas anteriores. Até agora, nada a reclamar deste disco.

“Solid State” é um dos clássicos da banda, que vira e mexe está no setlist. Ela tem basicamente o mesmo andamento da música anterior, até a segunda parte, onde ela fica rápida como nos três primeiros discos e ai o pau quebra no moshpit. Não tem como ficar parado. “Splattered” volta ao flerte com o Doom. É o OBITUARY pesado, arrastadão, com riffs de guitarras marcantes e o restante da banda acompanhando a dupla Peres e West, que apostaram nas palhetadas e no peso de suas mãos. Incrível a atmosfera dessa música.

Final Thoughts” foi outra pela qual eu me interessei de cara… Eu pirei com aqueles riffs aparentemente simples, mas com um peso sem igual. O OBITUARY segue apostando numa sonoridade mais arrastadona. “Boiling Point” não é rápida, mas tem um andamento um pouco mais acelerado do que as duas músicas anteriores e o peso das guitarras segue ditando as regras.
“Set in Stone” é outra que eu destaco, novamente, os riffs, o peso e um solo muitíssimo bem elaborado e bem executado por Allen West, enquanto o carismático Trevor Peres segura a base de forma sensacional. “Kill For Me” é outra que virou clássica, ainda executada pela banda ao vivo até os dias atuais. Ela traz umas batidas experimentais, tribais, do excelente Donald Tardy e embora comece um pouco mais rápida, em suas estrofes ela é bem arrastada, ganhando velocidade entre uma e outra estrofe e no final, que traz de volta as batidas tribais de Donald. Interessante é que ao vivo eles tocam essa música mais rápida e o resultado é excelente.

A versão que este redator tem em mãos tem uma faixa bônus, mas antes de chegar a excelente “Killing Victims Found”, temos a continuação da faixa anterior uma canção, em que alguém canta em um dialeto africano. E a faixa faixa bônus encerra o disco de maneira estrondosa, com muito peso e um andamento cadenciado nas estrofes, ganhando velocidade antes de terminar arrastadona, como a bada se propôs neste play. Excelente final.
E assim chegamos ao fim desta obra maravilhosa que hoje alcança as suas bodas de prata. A minha relação com este álbum é de muito carinho, pois como disse no começo deste texto, trata-se da porta de abertura para uma das minhas bandas favoritas. E embora eu goste de todos os discos da banda, embora o meu favorito seja o “Back From the Dead”, seguido de perto pelo “Frozen in Time”, não fosse “World Demise”, eu não estaria nutrindo o amor que tenho por esse quarteto de Tampa.

Outro destaque é para a capa, que eu considero a mais entre todas as do Heavy Metal. Tudo que podemos fazer hoje é celebrar esse discaço e desejar longa vida ao “Bitu”. Fiquemos na torcida pela volta dos caras aos palcos após esta pandemia. Os caras arrebentam e a cena extrema ainda precisa muito deles.

World Demise – Obituary
Data de lançamento – 06/09/1994
Gravadora – Roadrunner
 
Lineup:
John Tardy – Vocal
Donald Tardy – Bateria
Trevor Peres – Guitarra base
Allen West – Guitarra base e solo
Frank Watkins – Baixo
 
Tracklisting:
01 – Don’t Care
02 – World Demise
03 – Burned in
04 – Redefine
05 – Paralyzing
06 – Lost
07 – Solid State
08 – Splattered
09 – Final Thoughts
10 – Boilibg Point
11 – Set in Stone
12 – Kill For Me
13 – Killing Victims Found (Bônus Track)