Resenhas

21grammi

Giuseppe Cucé

Avaliação

8.0

Giuseppe Cucé chega com seu terceiro álbum de estúdio, ’21grammi’, trazendo o que sabe fazer de melhor: uma mistura visceral de ritmos, histórias e regionalismo, com toques de misticismo que refletem sua trajetória. O disco de 9 faixas mergulha em uma jornada de confissão e reconstrução, aproveitando experiências pessoais para criar uma coleção profundamente ressonante de músicas, e este álbum é mais um passo firme em sua jornada sonora. Gravado com emoção sincera, os vocais de Giuseppe adicionam um toque pessoal a cada faixa, tornando este álbum imperdível para os entusiastas da música.

A abertura com “È tutto così vero”,  já mostra suas origens enigmáticas. Um folk rock bem discreto com sentimento profundo, tons regionais que logo ganham destaque no refrão cm ritmos latinos. Logo na primeira faixa o artista transmite sua lamúria mas em tom de superação, onde ele perfura o ouvinte. Colaborando com uma talentosa equipe de músicos e guiado pelo produtor Riccardo Samperi, a visão artística de Giuseppe Cucé transforma histórias pessoais em uma paisagem sonora cinematográfica, e que infundem o álbum com um som único e cativante que o diferencia.

Em “Vetuno” temos um clima mais suave, uma balada com uma pegada cheia de atitude com um instrumental mais trabalho e emocionado, revelando o núcleo emocional do álbum, capturando momentos de vulnerabilidade e força. Os vocais descolados e naturais trazem uma autenticidade difícil de ignorar. O disco tem variações de sentimento, em “Dimmi cosa vuoi”, o clima muda para algo mais lisérgico e introspectivo, uma faixa lenta e hipnotizante que parece flutuar em um mar de reverberação em riffs suaves, com linhas de piano e outros instrumentos mais regionais, como se estivéssemos caminhando pelas ruas e refletindo.  Este projeto chama atenção por mergulhar no peso invisível que todos carregamos, explorando temas como memória, desejo e gravidade emocional, tudo contado por hitórias vividas pelo artistas, o que transmite sinceridade e mais profundidade.

“Fragile equilibrio” resgata uma pegada old school do rock com um riffs de guitarra robusto e denso e uma pegada mais pesada que faz qualquer um bater o pé no chão ao ritmo da batida, o hit mais roqueiro do disco, de primeira linha que lembra indie e classic rock. Já “La mia dea”, lançada originalmente em 2022, nos transporta para o deserto, com uma atmosfera angustiante e reflexiva, com linhas de violão do folk, com backing vocals femininos de arrepiar. É uma faixa que quase podemos ver o sol poente em tons laranja enquanto a melodia se estende no horizonte. A batida mais eletrônica traz nostalgia e prova a versatilidade do artista.

Na seguinte, “Cuore d’inverno” , Giuseppe Cucé explora a tortura da alma com um som mais soturno, onde o piano se destaca com uma linha minimalista e poderosa. O artista dá um passo criativo e experimental aqui, criando um equilíbrio fascinante.  “Tutto quello che vuoi” inicia com tons mais suaves, backing vocals discretos que nos preparam para um refrão grandioso, mas mantendo o ritmo libertador com melodia gostosa de ouvir. Com certeza essa é a faixa mais comercia do disco.

“Una notte infinita” é  denso e melancólico, trazendo uma das faixas mais pesadas no quesito sentimental, com um piano acústico e toda angústia que se espera de uma faixa desse estilo, junto dos vocais naturais de Giuseppe , criando uma ambiente cinzento e introspectivo. Inspirando-se em experiências pessoais de perda, renascimento e reinvenção, a música de Giuseppe aborda questões globais como o esgotamento emocional e o impacto da cultura digital na solidão. Essa música é a mais profunda, em nossa opinião, sendo um desabafo sincero.

Na primeira faixa, esperávamos um disco animado, com ritmos latinos para dançar, e fomos surpreendidos com a maioria das faixas mais suaves e melancólicas. Mas nesse disco sentimos a energia do inverno, com um instrumental mais acústico mas que começa a dar lugar para o verão e um novo recomeço.

Encerrando essa viagem sonora perfeita, temos “Di estate non si muore”. Aqui, Giuseppe Cucé nos leva de volta ao básico com uma faixa animada, dançante, como foi o começo do disco, elegante e nostálgica, que encerra o álbum com um toque alegre e conclusivo, com um refrão que nos faz cantar junto. Giuseppe Cucé entrega uma obra que mistura peso, melancolia e experimentação, tudo com um toque místico que só eles sabem fazer. Definitivamente, você precisa ouvir esse álbum – mais de uma vez.